quinta-feira, 18 de julho de 2019

Princípio da Inércia  

 "Um corpo em repouso tende a ficar em repouso, e um corpo em movimento tende a permanecer em movimento".

Isac Newton



O primeiro princípio de Newton não diz respeito somente à física, à mecânica, ele é mais abrangente, atingido também a mente. Basta trocar “ um corpo” por “uma ideia, hábito, crença “ para se ter a mesma reação.

 É esta inércia da mente que nos faz resistir às mudanças. As inovações ,as novas ideias , os novos costumes só são incorporados na nossa cultura se um fator externo forçar a ruptura com o passado. E quanto mais velhas forem aquelas, mais tempo e/ou maior a energia para serem substituídos.

A inércia é confortável. Os que foram habituados à determinados conceitos, ordens, costumes  resistem em  conceber outros, menos ainda a subvertê-los. Vivemos dentro de um círculo de ferro que tende a nos defender de novas propostas para enfrentar desafios.

 A lei do menor esforço intelectual é muitas vezes mais forte do que a do físico, que se soma  aos diversos graus de miopias para explicar a resistência às descobertas,  as inovações e as mudanças culturais.  À cada sugestão de uma nova ideia  se sucedem os conhecidos chavões: 
-Não é possível! Foi tentado e fracassou! Se fosse viável...alguém já teria feito! e...


Esta inércia, resistência ao novo, ao diferente, ao tido como impossível, ao longo da história , atrasou o progresso e só não o inviabilizou pela rebeldia de mentes abertas, da  lúcides  de visionários que corajosamente enfrentaram o status quo vigente. Oswaldo Cruz teve que se submeter publicamente à vacina  para vencer a sua guerra contra a febre amarela.Não foram  suficientes  os seus estudos demonstrando todo o ciclo da evolução   da moléstia e a segurança da vacina.

Não se pretende, porém, afirmar que tudo que é novo é bom, pois se o tradicionalismo, de um lado, cria barreiras à inovação, de outro tem a virtude de filtrar as novas propostas. Ademais a grande massa tem dificuldade de adaptação às mudanças e há necessidade de exercício para sua apuração e avaliação. Portanto, há que se ter cuidado com as mudanças bruscas, sem testes, sem parâmetros, sem a aplicação na prática. 

As revoluções, mudança bruscas,  escreveram histórias lamentáveis no curso da humanidade. O marxismo, um ideal aparentemente humanitário, se tornou na maior tragédia da humanidade.

Portanto, há que se estar aberto à novas ideias, mas sem ignorar as barreiras culturais, sem sua validação e aprimoramento para não  correr o risco de jogar o bebê com a água do banho. A dosagem das ações é que determinarão o ideal  entre a inércia e a revolução. A arte está em colher as frutas sem derrubar a árvore.

De outra parte, o mundo está em constante mudança e só os indivíduos, grupos, empreendimentos , nações que se adaptam sobrevivem. O que exige constante quebra de paradigmas.Poder-se-ia concluir que vivemos em cima de permanente instabilidade. Todos e tudo é viável até que se torne inviável ou vice-versa. 

Não basta, porém, a disposição de buscar novos caminhos,  mas é importante antecipar-se aos fatos ,  porque nem sempre  o desafio vem com tempo suficiente para a adaptação. Com tempo pôde-se evoluir, avançar sem “derramar sangue”. Ao contrário, sem espaço de manobra se terá como opção uma ruptura, uma revolução com desdobramentos imponderados.


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