Perplexidades
Às grandes divergências de opiniões na fase eleitoral se sucede uma quase unanimidade de sentimento entre os eleitores dos vencedores e a dos vencidos - estamos todos em estado de perplexidade! Perplexos estão os que acreditavam ter conseguido “enganar muitos por muito tempo”, o contrário da crença de Lincoln. Pois (entendiam equivocadamente. ) que tudo estava indo bem e tinham ainda um bom estoque de ilusórias bondades a distribuir - “pena que a herança acabou! “. Com este lamento se finda o sonho socialista de acreditar na alquimia de uma sociedade baseada em direitos sem deveres . Um delírio infantil encantador de serpentes, de gigolôs de governo e de inocentes úteis.
Perplexos também estão os vencedores diante de um desafio a não ser minimizado - o país está inviável - sufocado por uma burocracia paralisante , tributação sufocante e insegurança jurídica ! A peste vermelha deixou escombros piores do que o de uma guerra, a qual , fundamentalmente, destrói só os bens materiais. Já a peste vermelha afetou também os valores éticos e morais de uma geração, tentando desacreditar os valores da liberdade individual - como o inalienável direito de escolher a própria maneira de ser feliz.
Estão perplexos principalmente os que sabem que só se ganhou a primeira batalha. E que a guerra só será vencida quando os valores tradicionais da família, a ética do trabalho, o reconhecimento do mérito substituírem o “politicamente correto” no discurso dos formadores de opinião.
De perplexidade em perplexidade vamos tropeçando nos Ses:
- se o momento exige medidas corretivas sérias em todas as áreas da influência governamental, cuja solução não se resolve com esparadrapo, mas cirurgia;
- se a história mostra que cirurgias não são indolores, não acontecem sem contrariar interesses , sem despertar os sonhadores ingênuos, sem desmamar os aproveitadores das tetas do governo... como colocar a casa em pé dentro da democracia liberal - se a história mostra que poucas revoluções o fizeram sem sangue? Seremos uma delas?
Esta é a pergunta do momento. Acrescentando ainda a preocupação com o risco dos cristãos novos que , encantados com a subida ao poder, com a empolgação das ruas, podem se deixar levar pelo voluntarismo. Valendo lembrar que foram voluntaristas os líderes de todas as revoluções da história, sendo Robespierre o mais lembrado, por sua guilhotina, pelo Terror e pela ditadura napoleônica.
Alem desta um pesadelo existe - como será a convivência desses reconhecidamente voluntaristas que assumem o poder ?Todos sabiamente homens de vontade própria, personalidades fortes e determinados. Qual deles será o primeiro dos Robespierres?
Não há ,porém, como ignorar a perplexidade dos otimistas na exaltação das benesses da esperança recuperada; e nem de que a parte sadia da nação está hoje exultante com a chegada do nosso Don Sebastião para recuperar a nação. Estamos em clima de entusiamo próprio da puberdade. Afinal somos uma sociedade criativa-original, por isto diferente : somos únicos na jaboticaba, na saudade, no jeitinho, no mais ou menos, no gingado da mulata, na malemolência e -pasmém- até de generais subordinados a um capitão sob a égide da democracia política e economia de mercado. Seria isto um bom indício? Seria a realização da grande esperança? Seria o pretérito “país do futuro” realizando no presente o sonho do sebastianismo local?
Tem a palavra a dura realidade!
Jorge Simeira Jacob
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