domingo, 29 de dezembro de 2019

Achados ou Perdidos.


Cada cara tem a sua coroa
E  a nuvem a sua garoa.

Cada historia a sua versão
E o traje a sua ocasião. 

Cada crime o seu castigo
E o risco o seu perigo.

Cada macaco o seu galho
E a madrugada o seu orvalho.

Cada louco a sua paixão 
E o poeta a sua inspiração.

Cada ação com a sua reação,
E o adulto a sua educação.

Cada remorso tem  seu perdão
E cada aventura a sua emoção.

Cada sonho a sua ilusão.
E o culpado a sua tentação,

 Cada louco com  sua mania
E o porre a sua euforia.

Cada João com sua Maria
E a noite o seu dia,

Cada néscio com a aparência
E o sábio  a sua ciência .

Cada flor com a sua rama
E o herói a sua fama,

Cada culpa com o seu pesar
E pesadelo o seu acordar.

Cada um vê o que quer
E o outro o que deveria ser.

Assim , como tudo é relativo, ora somos:

Mocinhos ou bandidos,
Santos ou pecadores,
Profissionais ou amadores,
  Achados ou perdidos.


As Minhas Reflexões.
Jorge Wilson Simeira Jacob.
21 de dezembro de 2019.





quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

O Homem Que Amava As Mulheres.

Sou de um tempo já passado,
Em que cada um tinha o seu lado.
Sexo não era escolha, era destino.
Homem era do gênero masculino
E as mulheres , do feminino.
Ser homem ou macho se confundia,
Mulher ou fêmea não se distinguia.

Sou do tempo da reverência respeitada
Em que a mulher-fêmea era valorizada,
Só o apertar as mãos era cumprimento.
Beijinhos? era  preâmbulo ao acasalamento.
A mulher era levada a sério, era desejada.
Um simples olhar podia  queimar o coração.
Qualquer contato era irresistível tentação
À espera do momento para dar sua  vazão. 
E elas  se encantavam em ser cobiçadas,
Sofriam com tristeza se fossem  ignoradas.
De  assédio sexual nada se havia falado.

Sou de um tempo feliz há muito  passado,     
Em que os homens amavam as mulheres.
Época do romântico  e do enamorado,
Onde até mesmo um silêncio era  recado
De interesse, de demonstração do desejado
E da aceitação do estar compromissado.
Namorar era  criar laços de afetividade
No casamento, na amásia e na amizade.
No relacionamento não contava  a velocidade,
Mas cultivar os momentos em  profundidade.
Nada atinge a perfeição se não for treinado
A valorizar  cada oportunidade da felicidade
De  ter alguém para amar e ser amado.









Sou um homem que tem pena desta mocidade:
Que não olha no fundo dos olhos , mas no celular;
Que desconhece a razão de um encontro familiar;
Que não aproveita o melhor da sua idade;
Que  não saboreia  o prazer de paquerar;
Que  tem como exceção namorar e, normal o ficar;
Que faz  escolhas amorosas na rede social,
Em  maratona de quantos parceiros conquistar
Para ,sem afeto ,se entregar em amor virtual. 

Sou um homem encantado com a atual modernidade
E do tempo em que a mulher era a adorada divindade.


As Minha Reflexões.
Jorge Wilson Simeira Jacob.
25 de dezembro de 2019.













sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

O Encilhamento.

Muito já foi escrito sobre O Encilhamento, um  capítulo importante da história brasileira - 1889/1994. Sobre o acontecido, nenhuma descrição foi mais apreciada do que a do Visconde de Tauney , no romance homônimo, que descreve os fatos políticos,  econômicos, mas  os envelopa com o drama social  causado por esta crise econômica. Infelizmente esta e outras importantes  obras deste escritor caíram no esquecimento. E com elas perdemos a  memória  de lições que poderiam nos ajudar a evitar os mesmos erros cometidos naquela época.

O personagem principal do Encilhamento foi nada menos do que o famoso Rui Barbosa ,Ministro da Fazenda do Mal. Deodoro da Fonseca, no primeiro período republicano. O seu projeto de estímulo ao desenvolvimento industrial liberou a emissão da moeda  inundando o meio circulante, cujas consequências foram  inflação e desenfreada  especulação mobiliária. A soma desta liquidez sem lastro e a liberação dos  capitais antes investidos na escravidão absorviam qualquer lançamento de ações das  empresas.  Muitas das quais  só existiam no papel. Eram emissões,  sem nenhum lastro, de empresas fantasmas. Era pura especulação, onde havia uma única dificuldade, segundo Taunay,  inventar nomes para  as empresas.  A farra durou até o   estouro da Bolsa , seguida de uma crise econômica que durou uma década. Como sempre as bolhas só são reconhecidas quando  a realidade fala mais alto do que a fantasia.

Sabidamente  dinheiro fácil é mal conselheiro. Este caso, o Encilhamento,  é um exemplo pinçado entre  tantos outros. A coleção deles surpreende pela frequência e pela capacidade de enganar não só os tolos, mas parte da elite intelectual, política e empresarial. O que as crises tem tido em comum é a existência de emissão monetária sem lastro - que pode ter como causa  mudanças de paradigmas econômicos ( a revolução tecnológica com suas inovações ) e/ou  políticas ( rupturas de  guerras, rebeliões ... com limitações ao livre trânsito de pessoas ou bens ).

A partir da crise financeira desencadeada pela quebra do Lehman     Brothers, em 2008, criou-se um mecanismo de socorro aos sistema financeiro, Quantitative Easing ( QE ) para suprir recursos ao mercado para evitar uma recessão e dar liquidez aos bancos para evitar uma desestabilização sistêmica. Dos trilhões  dólares injetados na economia parte foi para o consumo, mas grande volume  foi em busca de investimentos ( investidor  não come dois bifes ) como alternativa aos juros negativos , inflacionando  os preços dos ativos mobiliários e imobiliários. Segundo a revista The Economist, na edição especial The World in 2020 , os imóveis estão sobrevalorizados em 50% em  um acompanhamento de longo prazo. Uma medida da SPY, as ações valorizaram 250% desde 2008, além dos dividendos. É assustador ver os   bilhões  aplicados  em lançamentos de ações de empresas sem  patrimônio expressivo  e deficitárias operacionalmente.  Na verdade , uma versão moderna das empresas fantasmas do Encilhamento. Mais assustador ainda é  ver os governos, encantados com juros negativos e sem inflação nos bens de consumo,  ignorarem o equilíbrio orçamentário e  pagarem  despesas correntes, como o déficit de 1 trilhão anual dos Estados Unidos, com recursos captados a juros negativos, que castigam os poupadores, subsidiando  governos perdulários.


Se Rui Barbosa, confrontado com a existência destes fatores hoje, se fosse vivo, em bom keynesianismo ,  provavelmente diria :  desta vez é diferente.As contas e as mazelas serão pagas e sanadas com o desenvolvimento. Ele faria coro a muitos que afirmam que  a tecnologia, melhorando a produtividade,  está apta a realizar o milagre de  oferecer o free lunch para todos, livrando-nos do castigo bíblico de ganhar o pão com o suor do próprio rosto. Ao que não dizemos Amém!

A poupança deixou de ser uma virtude a ser premiada, até que a realidade fale mais alto do que a fantasia!

As Minha Reflexões 
Jorge Wilson Simeira Jacob
20 de dezembro de 2019.



quinta-feira, 19 de dezembro de 2019



A Oportunidade Perdida.

Não há erro pior que a ameaça ignorada,
Nem maior que a oportunidade perdida,
Portanto tenha a mente bem acordada,
Pois, a surpresa deve ser sempre evitada.

A tola avestruz enfia na areia a cabeça 
Para não enxergar uma possível ameaça,
Ilusão que não impede que o mal cresça, 
Mas ao contrário, facilita que ela aconteça.

A aventura humana é uma caminhada,
Com obstáculos, pela glória sonhada,
De materializar o sonho em realidade
Pelo mérito do esforço e da capacidade.

Nenhum desvio de rota pode ser permitido,
Há que se manter  fiel ao objetivo definido.
Quem não sabe o que quer, não vai chegar,
Importa mais o rumo certo que o caminhar.

Somente estando  no futuro sintonizado,
É possível ver alcançar o ideal almejado,
Evitando o pior, que é a ameaça ignorada,
E a maior, que é a oportunidade perdida.


As Minhas Reflexões.
Jorge Wilson Simeira Jacob.
16 de dezembro de 2019.

















domingo, 15 de dezembro de 2019


A Arte De Versejar.


Fugir da dura e crua realidade,
Esquecendo  males presentes
E a indesejável probalidade 
De perder os amores  ausentes.

Reconhecer a fadiga, a fraqueza
do corpo  e a mente  cansada,
Superiores à vontade esgotada,
À descrença na própria fortaleza.

Repudiar o  caminho trilhado,
Sem perceber outra  saída,
Depois de ser a sorte perdida,
Sem  sentir-se ainda realizado.

Buscar na esperança o alento
Para crer no sonho possível
De que o etéreo é acessível
Mesmo estando  ao relento.

Descobrir na arte a  solução,
Uma milagrosa ressureição 
E o enlevo da superação, 
Ao versejar sem pretensão.

Pois, a palavra a provocar emoção 
Pede menos  tinta que transpiração, 
Tendo cada verso a sua inspiração,
Cada inspiração a sua motivação.



As Minhas Reflexões.
Jorge Wilson Simeira Jacob
08 de novembro de 2019.










quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Amoralidade.

  A arte não é moral nem imoral, é amoral.
Oscar Wilde

Infidelidade somente é traição 
Se o parceiro não foi avisado
E saboreia a paz da doce ilusão.
 Não existe traição no combinado.

Quando decidir outro escolher,
Prefira  um bom amigo eleger,
O estranho não será agradecido
Pela graça do amor repartido.

É preciso sempre muita atenção,
Não acreditar em boa intenção, 
A  promessa de honestidade
Não sobrevive à dura realidade.

Caso a presa seja muito desejada,
E das suas manhas esteja cansado,
Aproveite para corrigir o passado,
Deixando ir em boa paz a rejeitada.

Cuidado com uma visão enganosa,
Mulher é como melancia saborosa,
É muito a querer com exclusividade,
Melhor que nada é ter uma metade.

Não se fie nas juras de fidelidade,
O amor é lábil , gosta de novidade,
O caminho certo pra ser preterido 
É acreditar existir direito  adquirido.

Só o curioso descobre a infidelidade,
Só o puro repousa na tranquilidade. 
Se  dividir o amor não é o  desejado,
Nunca mais durma  de olho fechado.

As Minhas Reflexões.
Jorge Wilson Simeira Jacob

08. 12. 2019

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Jogando Com As Pretas.


Ao ensejo do término deste ano, é irresistível não fazer projeções para o próximo. Evidentemente,  tendo como ponto de partida o lastimável desempenho atual da economia, cujo pífio resultado  mal cobre o  crescimento demográfico e com um endividamento  público crescente para suportar os gastos correntes do governo. Até aqui tudo estaria bem  se estivéssemos numa Noruega, mas muito mal estando em um país com um sério problema social -  miséria e desemprego ( 79 no índice IDH da ONU );  e político -  organização esclerosada do estado e uma calamitosa situação dos  serviços públicos. Acresce, a esta foto de horror ,sem qualquer colorido, o fato de que as causas do mal não mostrarem sinais de que serão removidas em prazo suportável pelas vítimas.

As duas pernas do país vivem um conflito. Uma parte da sociedade quer uma reforma liberal, um governo enxuto; a outra quer manter os privilégios, o status quo.  Como os políticos só tem olhos para as próximas eleições e se atem, como sempre,  a fazer  política pela política,  as esperanças são pequenas. Ademais as eleições sucedem-se em prazos curtíssimos, a cada dois anos, acabada  uma (2018 ) já está se pensando na outra ( (2020), com isto as reformas não avançam. Doutra parte , a  área econômica, rica de boas e corretas intenções, não tem mostrado competência realizadora, mesmo no que não depende do legislativo. Muito pouco foi realizado  frente às necessidades e a urgência de solução. (O governo Temer fez  mais do que este no mesmo tempo). Depois de um ano, a  burocracia e a intervenção do governo na economia continuam intocáveis. Até agora nada  não passa, a grosso modo, das  boas intenções. Estruturalmente o Brasil permanece  inviável para as pequenas, médias empresas e setores sujeitos à concorrência, que não conseguem transferir o custo Brasil para um  cidadão sem  poder aquisitivo. O que resultou no encolhimento do mercado,  na ociosidade na capacidade produtiva instalada e no desestímulo ao investimento por falta de perspectiva de lucro.

Se o governo tivesse recursos , sem endividar-se ou emitir, poder-se-ia esperar daí uma alavancagem nos investimentos. Como não tem, ficamos na dependência do  privado, que não tendo mercado, fica em compasso de espera. Vamos, pois, no  ritmo deste governo, andando em marcha lenta. 

O  que esperar do futuro?

Nas atuais circunstâncias, como no xadrez, o governo joga  com as brancas, que tem a iniciativa, e os empresários, com as peças pretas , na defensiva,  acompanhando  a dinâmica  do governo. Este é o jogo que promete ser  jogado no tabuleiro em   2020 - uma triste versão do tradicional  mais do mesmo.

As Minhas Reflexões.
Jorge Wilson Simeira Jacob

09. 12. 2019

sábado, 7 de dezembro de 2019

Mensagem Natalina.

Quanto mais o tempo passa
Mais surpreende a sua pressa.
Mal  um ano está começando, 
Um outro  já vem chegando.

Como sonâmbulos, vamos vendo
As comemorações se sucedendo,
Festejamos o pecado no Carnaval,
Reverenciamos a virtude no Natal.

O simbolismo nos condiciona,
Prevalecendo o que nos emociona.
No Carnaval, fantasiados de palhaços,
No Natal, dando amor aos pedaços.

Temos a camada de racionalidade
Sempre envolta pela emotividade, 
Possuímos um potencial  de razão
Castrado  pela força da emoção.

Ante este ano, já velho, acabado ,  
Ao Natal e Ano Novo esperado,
Juntamos a razão  e a emotividade
Pra desejar a todos perene felicidade.


Feliz Natal e Próspero Ano Novo.

As Minhas Reflexões.
Jorge Wilson Simeira Jacob.
02.12.2019.























quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

 O Capitalismo Selvagem.


Convide alguém com poupança, que  confia muito em você, para investir em um negócio sem perspectiva de lucro. Argumente que, mesmo sendo um mal investimento, terá como prêmio ser  um negócio bem visto socialmente, pois, não visa o lucro e,  enquanto durar, criará empregos e recolherá impostos. Além de que, depois de  fechar as portas,  ele poderá ostentar orgulhosamente o título de capitalista civilizado, um benfeitor  social. Tente! se vc tiver êxito, este será um “case” para os estudiosos da história econômica e da psicanálise.

 Faça outra tentativa, ofereça ao mesmo investidor  a participação em uma empresa muito lucrativa, mas correndo o risco de ser criticado como  egoísta, ambicioso...até ganancioso - um capitalista selvagem.  Não tenha dúvidas de que as suas chances de êxito, nesta segunda hipótese , são muito maiores. O porém é que não terá o glamour da primeira. Não irá  provocar a admiração dos intelectuais politicamente corretos. Colocar dinheiro em  projeto rentável não encanta nem  louco e nem idealista! O que eles gostam é de fazer caridade com dinheiro alheio e, se  possível, em benefício próprio.

Estes exemplos  pretendem mostrar na prática o poder  do resultado na motivação das pessoas. Sem a expectativa de lucro não há investimento; sem investimento não se criam empregos; portanto, por dedução, podemos  concluir  ser o lucro o que gera os empregos, o desenvolvimento e os  impostos para sustentar o governo. Um conceito tão simples e verdadeiro que deveria levar os governos a estimular ao máximo o lucro das empresas... e não  apená-los com uma  burocracia paralisante  e uma tributação irracional. O lucro, por bom senso, deveria ser  tratado com mais respeito!

Esta discussão torna-se pertinente neste momento em que o mundo está assustado com o desemprego atual e com ocupação da mão de obra a ser substituída pela tecnologia. Um governo com vistas a este desafio deveria enfrenta-lo liberando - sem pejo - os sentimentos naturais: a ganância, o egoísmo, o espírito competitivo , canalizando todas estas forças  para estimular a aventura de empreender, deixando aos concorrentes estabelecer os limites. Foi este ambiente, do injustamente pichado capitalismo selvagem , que liberou  o espírito animal para caçar riqueza para a Inglaterra , os Estados Unidos, no passado,  e a China , no presente. As vítimas selvagemente abatidas nesta caçada tem sido o desemprego, o aviltamento salarial, a corrupção e a pobreza. Os beneficiados,   o desenvolvimento, o emprego e a massa salarial.

Os desempregados de hoje e de amanhã serão salvos pelo capitalismo selvagem, sob o lema: lucre e deixe lucrar!

As Minha Reflexões.
Jorge Wilson Simeira Jacob

04. 12. 2019

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Um Amigo.

Se por acaso, qualquer dia,
Bater tristeza ou melancolia,
Não deixe morrer n‘alma a fé,
Venha  papear ou ter um café.

Se esta não for a ideal poção 
Para este mal-estar curar,
Diga o que pede o coração
Para este  seu mal superar.

Podemos ir juntos procurar,
Com afinco e determinação,
O que quer possa remediar
Esse triste  mal da solidão.

Amigo deve nessas ocasiões 
Dar   o ombro para chorar,
Ter palavras para confortar 
E solidariedade nas frustrações.

Não deixe o mal ir ao final,
Procure ao primeiro sinal,
Um amigo com  disposição 
De apoio e de compreensão 

Se nada do dito for a solução,
Olhai os lírios do rei Salomão,
Eles não  bordam a sua beleza
E nada  alcança a sua realeza.


As Minha Reflexões.
08 de novembro de 2019
Jorge Wilson Simeira Jacob