Jogando Com As Pretas.
Ao ensejo do término deste ano, é irresistível não fazer projeções para o próximo. Evidentemente, tendo como ponto de partida o lastimável desempenho atual da economia, cujo pífio resultado mal cobre o crescimento demográfico e com um endividamento público crescente para suportar os gastos correntes do governo. Até aqui tudo estaria bem se estivéssemos numa Noruega, mas muito mal estando em um país com um sério problema social - miséria e desemprego ( 79 no índice IDH da ONU ); e político - organização esclerosada do estado e uma calamitosa situação dos serviços públicos. Acresce, a esta foto de horror ,sem qualquer colorido, o fato de que as causas do mal não mostrarem sinais de que serão removidas em prazo suportável pelas vítimas.
As duas pernas do país vivem um conflito. Uma parte da sociedade quer uma reforma liberal, um governo enxuto; a outra quer manter os privilégios, o status quo. Como os políticos só tem olhos para as próximas eleições e se atem, como sempre, a fazer política pela política, as esperanças são pequenas. Ademais as eleições sucedem-se em prazos curtíssimos, a cada dois anos, acabada uma (2018 ) já está se pensando na outra ( (2020), com isto as reformas não avançam. Doutra parte , a área econômica, rica de boas e corretas intenções, não tem mostrado competência realizadora, mesmo no que não depende do legislativo. Muito pouco foi realizado frente às necessidades e a urgência de solução. (O governo Temer fez mais do que este no mesmo tempo). Depois de um ano, a burocracia e a intervenção do governo na economia continuam intocáveis. Até agora nada não passa, a grosso modo, das boas intenções. Estruturalmente o Brasil permanece inviável para as pequenas, médias empresas e setores sujeitos à concorrência, que não conseguem transferir o custo Brasil para um cidadão sem poder aquisitivo. O que resultou no encolhimento do mercado, na ociosidade na capacidade produtiva instalada e no desestímulo ao investimento por falta de perspectiva de lucro.
Se o governo tivesse recursos , sem endividar-se ou emitir, poder-se-ia esperar daí uma alavancagem nos investimentos. Como não tem, ficamos na dependência do privado, que não tendo mercado, fica em compasso de espera. Vamos, pois, no ritmo deste governo, andando em marcha lenta.
O que esperar do futuro?
Nas atuais circunstâncias, como no xadrez, o governo joga com as brancas, que tem a iniciativa, e os empresários, com as peças pretas , na defensiva, acompanhando a dinâmica do governo. Este é o jogo que promete ser jogado no tabuleiro em 2020 - uma triste versão do tradicional mais do mesmo.
As Minhas Reflexões.
Jorge Wilson Simeira Jacob
09. 12. 2019
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