sexta-feira, 30 de julho de 2021

 Desfocando



Como tudo na vida, a administração pública e privada também estão  sujeitas a modismos. Estes surgem lentamente até ganharem notoriedade e atingir o exagero como se fosse a descoberta da pólvora. Com o tempo algumas inovações perecem, outras adaptam-se  para sobreviver. Assim será a trajetória da atual onda, que anuncia uma nova era - a do capitalismo stakeholders . A  última reunião do Fórum Econômico sacramentou a novidade. Foi  assumido que o   capitalismo clássico será substituído pelo  dos stakeholders. Este, um capitalismo  preocupado com a comunidade e com a biodiversidade, como se no passado as  empresas bem administradas não cuidassem da sua imagem. Em tempo algum as  administrações públicas e as privadas  mereceram o apoio da opinião pública se violentaram o meio ambiente e o respeito humano. Mas, agora, um selo ESG identifica, para o mercado, as  empresas com bom comportamento social. Pretende-se, destacando   a importância do meio ambiente, da ação social, induzir as administrações às boas práticas de preservação da natureza, principalmente o aquecimento global. Até aqui tudo bem, se o projeto limitar-se a ser um parâmetro de avaliação, um código de ética.Neste sentido nada a criticar. Porém merece crítica o risco de desfocar o objetivo da empresa, cujo objetivo deve ser o lucro e não o que deveria ser um parâmetro de comportamento ético.


O Nobel de Economia Milton Friedman, um modelo de objetividade, era categórico ao definir ser o lucro o objetivo da empresa capitalista.  O que leva ao entendimento de que tudo o mais  são acessórios à consecução deste objetivo. Não se  desprezam  estes valores, mas dá a Deus o que é de Deus e a César o que é de César. Só  o lucro propicia bons salários, pesquisa, preservação ambiental… Sem ter quem pague a conta, o resto é poesia: encanta, rima, faz sonhar, mas não sobrevive à realidade. O lucro é o termômetro que mede a qualidade de uma administração. Uma prova é a recente demissão, pelos acionistas de uma empresa mundial, de seu presidente que tinha como foco o ESG, cujos lucros da empresa  foram decepcionantes. O seu programa de Relações Públicas recebeu aplausos da torcida, mas está não pagou as contas. Ele ao tirar o foco no lucro sacrificou o seu cargo. 


Aos governos cabem os cuidados com as externalidades. Os países podem, por jogo político,  bloquear produtos brasileiros a pretexto de defesa da Amazônia, mas as  empresas devem cuidar do que melhor satisfaz o consumidor. E atendendo o mercado com respeito à ética, cidadania, qualidade e preços o resultado será o lucro. Ficando, portanto, subentendido ser o lucro o carro chefe e as boas práticas os  instrumentos para atingir o  objetivo principal. O consumidor, se tiver liberdade de escolher, vai consumir a soja  que melhor atenda ao seu bolso e ao seu paladar. Ninguém  vai comprar o leite do seu bebê, se a qualidade comprometa a saúde dele, à despeito do selo ESG. Nenhum investidor vai colocar o seu dinheiro onde não há possibilidade de lucro. Um fundo de investimento pode alardear  preferir as ações de empresas com bom ESG para angariar  simpatia, mas só vai reter os seus clientes se pagar os dividendos. 



A especialização, que tantos benefícios proporcionou à humanidade, nada mais nada menos é do que  dar foco à ação. A proposta da nova economia, se tirar o lucro como foco, é um modismo que não terá vida longa. Quanto mais eficientemente for praticado, mais cedo será abandonado. Um ex-diretor, com passagem em duas grandes multinacionais, deu-me o seguinte testemunho: quando iniciei minha carreira como técnico na área de alimentos, este setor era o de maior poder nas empresas alimentícias. A qualidade dos produtos é que seduzia a clientela. Depois de um tempo, o poder deslocou-se para o marketing - esta era a moda. Agora são os profissionais da diversidade os que têm maior poder e melhores salários. As empresas perderam o foco e as áreas técnicas, a motivação.


A moda vai durar enquanto existirem lucros! O resto é poesia de visionários!


São Paulo, 30 de julho de 2021.

Jorge Wilson Simeira Jacob




terça-feira, 27 de julho de 2021

 Externalidades*.



Cresce exponencialmente a consciência ecológica ambiental. A defesa da Amazônia, a camada de ozônio, a energia limpa, a poluição dos rios, dos mares, do ar , a defesa das espécies ameaçadas de sobrevivência …não são mais  preocupações exclusivas de uma elite. As consequências estão sendo perceptíveis: inundações na Alemanha, o calor insuportável na Escandinávia , o degelo da calota polar…  São fatos presentes que despertam as massas e até  impactam os céticos. Os governos, por interesse político, com raras  exceções,  comprometem-se com a proteção ambiental.  Anos de pregação prepararam  a opinião pública  para uma reação. O homem comum já ouviu falar de que o nosso futuro depende do equilíbrio ecológico. Deveria saber, agora como nunca, que  o homem não  é uma ilha. Dependemos uns dos outros como cada peça da outra em  um móbile. Ou coexistimos em harmonia com o meio ambiente ou sofreremos juntos.


Entretanto, entre a atual conscientização e a prática  das ideias, um longo caminho deverá ser percorrido. O desafio está em  saber se a corrida contra o tempo será vitoriosa. Com certeza não será se for mantida  a tendência humana de cuidar do imediato e do particular. Mas será se  houver respeito  às externalidades, prevalecendo nas decisões o  resultado dessa conta,  que  considera  o saldo do benefício econômico menos os prejuízos sociais das nossas  ações. Só assim, se  for desfavorável, justifica-se  uma ação restritiva à liberdade individual. Evidentemente condicionada a que  a liberdade de um esteja causando  um prejuízo social. O filósofo Isaiah Berlin** , tendo em conta as externalidades, classificou em duas as liberdades: a negativa e a positiva.negativa seria a liberdade sem restrições à vontade do indivíduo e a positiva quando fatores externos tolheriam  esta liberdade. Uma empresa não deve usar da liberdade negativa  para   poluir com resíduos, por exemplo, as águas limpas de um rio. Nem o poder público deveria tê-la para descarregar nos cursos d’água os esgotos e o lixo. Nestes casos a  externalidade teria saldo desfavorável, pois os ganhos da indústria e do governo seriam menores que os prejuízos da sociedade. Estes são exemplos que justificam  a ação coercitiva do governo coibindo a descarga de poluentes por causar  prejuízo ambiental. A liberdade positiva seria quando o governo, tributa, regulamenta a vida dos cidadãos e das suas atividades.   O Acordo de Paris***, assinado por 195 países é uma ação legítima de liberdade positiva com vistas às  externalidades.


Até os brutos sabem que com a natureza não se brinca. Ao longo do tempo ela cobra a sua conta, como estamos vendo com as mudanças dos regimes de chuvas, desertificação, aquecimento global, ar irrespirável nas grandes metrópoles… Portanto é bem-vinda a atual conscientização ambiental. Se ela  mudar os usos e costumes será a causa da sobrevivência da humanidade. Se não, será o caos! Há outra  violência à ecologia da qual pouco se fala: a poluição  da economia. O funcionamento natural do mercado  deveria merecer o mesmo respeito que se está dando à natureza. Ao contrário , cada vez mais os governos poluem com intervenções na economia. É o abuso da liberdade positiva mesmo quando as externalidades mostram resultados desfavoráveis. O mal está em não se  cultivar uma consciência ecológica econômica. Nem mesmo os resultados  decepcionantes  parecem sensibilizar a sociedade . Não se leva em conta que  os resultados de hoje são  frutos das  políticas praticadas no passado.  O mundo tido como livre e praticante do capitalismo  está longe das práticas saudáveis da ecologia econômica. Esta é a razão das suas  economias estarem perdendo o vigor. As rendas dos países, exceto China, deixaram de crescer pelo excesso de regulamentações que dificultam quem quer trabalhar, pela  tributação que  sangra os investimentos. Além da  insegurança jurídica que desestimula o empreendedor. Os brutos, que estão descobrindo que não se brinca  impunemente com a natureza, deveriam ( oxalá) serem alertados dos males da poluição na economia. As razões estão nas contas que estão chegando na forma do  desemprego, da miséria e da perda das esperanças. 


O incrível é que a exceção à regra é uma tirania política condenável. Por ter  experimentado, no limite,  a intervenção na economia, a China teve  a sabedoria de parar de brincar  com a natureza econômica. Ela não fez cerimônias, depois da fracassada experiência comunista,  copiou exatamente o modelo Pinochet - autoritarismo político com relativa liberdade de mercado. Os  resultados apareceram colocando, em poucas décadas, a China como a maior economia do mundo. Como diz o povo: Deus escreve reto em linhas tortas. Será um país comunista que forçará , com seu crescente poder de competição, o resto do mundo a harmonizar as virtudes da  democracia com as da economia ecologicamente pura? Serão os comunistas que irão ensinar ao mundo capitalista as vantagens da economia de mercado? Só  nos resta torcer para que isto aconteça antes que a democracia dê lugar a um regime autoritário - em que haverá somente a liberdade positiva.


São Paulo, 27 de julho de 2021.

Jorge Wilson Simeira Jacob








Externalidades são os efeitos sociais, econômicos e ambientais indiretamente causados pela venda de um produto ou serviço. O presidente da North American Economic and Finance Association (Associação Norte Americana de Economia e Finanças), Dominick Salvatore, diz que as externalidades se resumem à “diferença entre custos privados e custos sociais ou entre lucros privados e lucros sociais”. Isso significa que as externalidades nascem na economia e podem ser negativas ou positivas para a sociedade.


** Liberdade positiva é definida como ter o poder e os recursos para cumprir suas próprias potencialidades e para controlar e determinar suas próprias ações e destino. É a noção de liberdade como auto-realização, em oposição a liberdade negativa, que é a liberdade de contenção externa.


***O Acordo de Paris é um tratado mundial que possui um único objetivo: reduzir o aquecimento global. Ele foi discutido entre 195 países durante a COP21, em Paris. O compromisso internacional foi aprovado em 12 de dezembro de 2015 e entrou em vigor oficialmente no dia 4 de novembro de 2016.















quinta-feira, 22 de julho de 2021

 O povo escolhido por Deus.


As Igrejas diferenciam-se das outras formas de associação pela postura exclusivista. Os religiosos consideram-se  “ donos da verdade”. Das outras formas associativas a que mais se aproxima das religiões, neste exclusivismo,  são as agremiações políticas, que são  menos intolerantes. Um simpatizante de um partido político não fecha as portas do céu para um adversário. Aliás os seus líderes trocam de partido e de ideias como de camisas e , se  democratas, aceitam, ainda que contrariados, a alternância no poder. A religião não! Ela é maniqueísta: ou  professa a minha crença ou estará condenado. No Deuteronômio, Moisés disse aos  judeus: -  vocês são o povo escolhido pelo Senhor, nosso Deus; entre todos os povos da terra ele escolheu vocês para serem somente dele. Marginalizando, assim, nós, os  não judeus que, segundo ele, estaríamos  excluídos da proteção Divina. 


A história aparentemente comprova que Moisés  tinha razão. Os judeus parecem ter  a benção Divina. Eles  destacam-se nas ciências, nos negócios e na politica. Como uma expressiva minoria ( 1% da população) têm  mais prêmios do Nobel que qualquer outro povo?  Isso sinalizaria serem  os judeus  geneticamente superiores -  privilegiados como o povo escolhido por Deus?  Se sim: Como explicar o destaque dos orientais nas universidades americanas? Estaríamos, nós, os não judeus, marginalizados na Terra e excluídos do Céu?  Esta, por ser uma avaliação, sob o aspecto científico, superficial e, sob o religioso, supersticiosa,  foi questionada em  artigo no  New York Times, na seção Opinião,  de 27.12.2019, sob o título “The Secrets of Jewish Genius”. Escreveu  o colunista, Bret Stephens : -  A cultura e a história são fatores cruciais nas realizações dos judeus… Na melhor das hipóteses, o Ocidente pode honrar o princípio do pluralismo racial, religioso e étnico não como uma acomodação relutante para com estranhos, mas como uma afirmação de sua própria identidade diversa.  Nesse sentido, o que torna os judeus especiais é que eles não são.  Eles são representativos no questionar as premissas e repensar o conceito ; perguntar por quê  ( ou por quê não ) tão frequentemente como por quê não) ; ver o absurdo no mundano e o sublime no absurdo . Onde os judeus têm vantagens é no pensar diferente. Existe uma tradição religiosa que, além de outras, induz o  crente não somente seguir e obedecer, mas também discutir e discordar. Não existe um  status  confortável de ser judeu em lugares onde são a minoria - intimamente familiares com os costumes do país, mas  ao mesmo tempo mantendo  uma distância crítica deles. 



Este treino de distanciar-se emocionalmente dos fatos é que permite analisá-los com  isenção de ânimos. No caso específico, o não envolvimento emocional dos judeus, por estarem acostumados, por história, a serem perseguidos e despojados dos seus bens, dá-lhes uma visão cética das coisas. É um pertencer, mas ao mesmo tempo um  não pertencer àquela sociedade. É ter intimidade, mas não comprometimento incondicional com os acontecimentos. A história judaica os ensinou a estar atentos ao  que está  nas entrelinhas. É uma cultura milenar. 


Essas  considerações, se levadas à sério, podem nos libertar do estigma de Moisés de sermos,  os gentios,   rejeitados, tanto na Terra  como no Céu. E nos convencer de que devemos  estimular em casa e nas escolas o hábito da reflexão, do questionamento em busca de entender as causas sem se deixar levar pelo efeito. Uma dose de ceticismo é um ingrediente necessário para a sabedoria no viver. O ceticismo não  deveria ser repelido por princípio,  como é dos nossos costumes. São os que , de qualquer raça, que duvidam,  questionam, ponderam , sem emoção,  que podem olhar  as situações por um outro ângulo e perceber as ameaças e as oportunidades. São eles, os  céticos, orientais ou ocidentais,  que descobrem uma nova verdade. Os judeus só são mais treinados para esta cultura de pensar diferentemente.


A  verdade absoluta não existe. Depois de Einstein , acreditam muitos, tudo é relativo. Até  a existência de um povo escolhido por Deus! 



São Paulo, 20 de julho de 2021.

Jorge Wilson Simeira Jacob 



Este blog respeita o seu tempo. Por favor, caso não tenha interesse em receber estas reflexões, solicite a exclusão pelo e-mail jwsjbr@gmail.com . Basta digitar a palavra NÃO. 



















sábado, 17 de julho de 2021

 Espécies exóticas.


Há não muito tempo atrás, haviam situações que eram tão normais, que  passavam despercebidas. Hoje  elas são motivo de espanto. Antigamente  apontava-se o dedo para um casal divorciado, como se exóticos fossem, tão poucos eram. Nos  dias presentes,  não mais. Agora são os  casamentos duradouros que despertam a atenção. É a sua excentricidade, que poderá um dia   colocá-los em  zoológicos como espécies exóticas. Esta situação é fruto da ( nova )  cultura desenvolvida pelos milênios *, resultado  da  velocidade com que as coisas estão mudando. Uma rapidez que implica na simplificação de tudo, com a sua consequente superficialidade. As relações humanas estão se  tornando  superficiais. Tem-se pouco interesse em  tudo  e em  todos, e menos ainda com as relações humanas. Os namoros  e até sexo eventual são  recrutados virtualmente. Não há o encantamento, a sedução, a conquista.  O romance está sendo assassinado! O casamento ,  no sentido tradicional, é encarado como  uma aventura, uma tentativa, não um compromisso de formação de uma família. Também não  se quer mais  ler textos com   detalhes sobre  os personagens, os ambientes e os fatos. Os leitores preferem  resumos e frases de efeito. As mensagens não fazem mais uso do vernáculo, mas de  ideogramas e palavras cifradas.  É uma outra língua.  Os meios de comunicação não tem mais  o calor humano, são frios, virtuais.  A linguagem materna está deteriorando-se. Ninguém se importa, não há tempo a perder.


As relações amorosas, que eram a essência da nossa felicidade, a vida conjugal com  prole, são reminiscências dos saudosistas. Não dos milênios. Eles  questionam  se : um casamento de muitos anos não é monótono, enfadonho …? O  que demonstra o choque de uma crise de valores. Não mais o casamento, na cultura tradicional,  deixou de ter como objetivo constituir uma família, onde a felicidade de cada um era a de todos, mas o da satisfação  pessoal e imediata. Esta era  a opção pelo desprendimento pessoal em benefício da família. Agora, transformou-se este  projeto de amor em um programa de aventuras , de  experiências lúdicas. Sem dúvidas os  milênios, com a anseia da velocidade propiciada pela internet, ganharam tempo, mas perderam profundidade e  emoções. Tudo é visto e considerado, nesta mentalidade, pela  superficialidade e pelas  aparências. 


Um contrato de vida entre duas pessoas, que se amam, mesmo assim só vence o tempo, se estiver baseado na identidade de valores: a  família acima de tudo. As emoções e os sonhos têm a sua fonte na vivência familiar. A gravidez , o sorriso do bebê, a sua primeira caminhada, ida à escola, o seu diploma…formam emoções inesquecíveis e saudáveis. Não há monotonia se vivenciamos juntos a evolução dos nossos filhos; se juntos enfrentamos as adversidades e comemoramos os triunfos. Em não havendo o compromisso com a felicidade familiar, não pessoal,  ninguém   deve considerar um casamento. Sobrevalorizar a happy hour , o individualismo, as  aventuras, são  objetivos de vida que não se coadunam com um casamento. Ele  será um fracasso se não for um projeto comum. Uma relação duradoura não coexiste com o egocentrismo. A  felicidade deve estar  assentada na abnegação de si em benefício daqueles que se ama. Os  dessa  geração  são os que se perguntam, frequentemente surpresos,  ao não ver atrativos em um casal:  O que ele viu nela ? O que ela viu nele? Eles viram os valores que lhes são comuns!



Se o mundo será melhor com os novos costumes, só o tempo dirá. Talvez, no futuro,  o número de lares estáveis, com filhos vivendo com pai e mãe , seja uma minoria, dentro de uma nova realidade - a tendência ao decréscimo populacional. Usando, como recurso de  retórica, uma argumentação forte (  reductio ad absurdum ) -  se prevalecer nas novas gerações a busca das satisfações pessoais e imediatas, em detrimento  da família, poderá o mundo  voltar  aonde  começou — no Paraíso,   tendo só um Adão à espera de uma Eva para sair da sua grande melancolia.



  • A geração Y, também chamada geração do milênio, geração da internet, ou milênicos é um conceito em Sociologia que se refere à corte dos nascidos após o início da década de 1980 até, aproximadamente, o final do século. Wikipédia


São Paulo, 18 de julho de 2021.

Jorge Wilson Simeira Jacob 



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domingo, 11 de julho de 2021

 O Dono Do Martelo.


Para quem só sabe usar um martelo, tudo se resolve  com pregos.

—  Abraham Maslow


As vantagens da divisão do trabalho em tarefas específicas, defendidas por Adam Smith no seu livro A Riqueza das Nações, contagiou todos os campos do conhecimento. A medicina, a advocacia e a engenharia reorganizaram-se em especialidades. Um médico especialista em  mãos não atende casos referentes ao braço. Um criminalista não cuida de um problema tributário e um engenheiro de produção não se dedica à construção civil. Porém, como as moedas, tudo na vida tem duas faces. A especialização foi um avanço na melhora dos desempenhos em geral, mas não deixa de embutir  o mesmo perigo do indivíduo que vê a árvore sem considerar a floresta. Sem uma visão política, estratégica, sem olhar o todo, corre-se o risco de incorrer na crítica formulada por Maslow - tudo se  resolve com pregos.



Nenhum profissional está isento de cair nesse erro, nem os economistas, que se dedicam a um campo do conhecimento cheio de ciladas. Desde a proclamação da república brasileira,  os orçamentos do governo tem sido equilibrados, atendendo aos  gastos e investimentos, com aumento dos impostos. O orçamento do Império  era coberto com uma arrecadação de oito porcento do PIB *. Hoje estima-se que, considerando a tributação, inflação e endividamento, o governo abocanha perto de cinquenta por cento. Ao longo deste tempo, os políticos, cegos de um olho, donos de uma única solução, o martelo, cobriram os gastos , aumentando a arrecadação, como se prego fosse. E haja aumento dos impostos ou da inflação ou do endividamento. Por questões de justiça, em tempos recentes houve uma excessão no governo do Presidente Castelo Branco, que apoiou a dupla Roberto Campos e Otávio Gouveia de Bulhões na reorganização da economia com a racionalização dos gastos públicos.


Uma grande esperança surgiu na campanha para a eleição do Presidente Bolsonaro. Ao assumir, com elogiável modéstia, que, por não entender de economia, daria carta branca ao Ministro Paulo Guedes, mas apoiaria  politicamente  o  seu ( dele ) programa. Programa com objetivo definido e uma visão estratégica . Haveria a reorganização do governo para redução dos dispêndios e aumento os investimentos. Foi um sonho de uma noite de verão para os que desejam ver o Brasil eliminar a miséria. Uma política dos  que consideram o uso de todas as ferramentas , além de um martelo. 


Entre as reformas previstas estaria contemplada uma reforma tributária, que racionalizaria um sistema reconhecidamente irracional. Decepção total, nada  aconteceu. Nem  no  próprio  ministério  houve um enxugamento dos gastos e redução da burocracia que onera e emperra a economia. Ao contrário, como todos os outros donos de martelos, o ministro defende, sob a máscara de uma  racionalização, implantar  um aumento voraz dos impostos para equilibrar os gastos. Mais uma vez, mais do mesmo!  Tudo feito sem cerimônia e nenhum  respeito ao compromisso de campanha, como se o céu fosse o limite para saquear o produto do trabalho de quem produz. Como trocados há a promessa de dar-se algumas  migalhas à Bolsa Família. Porém, não só quem  tem um martelo tudo resolve com pregos, também os ambiciosos de uma reeleição, cujos pregos são os votos nas urnas. Assim, com o  costumeiro aumento de impostos, de prego em prego, os donos dos martelos vão  matando o desenvolvimento, com os consequentes desemprego e pobreza. Mas talvez vençam as próximas eleições, enterrando os nossos sonhos.


As despesas totais do governo…  Ao término do II Reinado, atingiriam 186,2 mil contos ( corresponderam a cerca de 8% do PIB na primeira metade da década de 1850, chegando a 10,5% ao final do período monárquico, com um pico de cerca de 14,4% do PIB à época da Guerra do Paraguai. (Goldsmith, 1986, p. 71-2). Exceto em seis ocasiões (1845-6, 1846-7, 1852-3, 1856-7, 1871-2 e 1888) o governo central apresentou déficits em todos os anos financeiros entre 1840-1 e 1889.28 Estes déficits, por sua vez, foram financiados por uma combinação de endividamento interno e externo, bem como o recurso à emissão de moeda.

Distribuição regional das receitas e despesas do Governo Central no II Reinado, 1844-1889*

André Villela - Professor do Mestrado em Economia Empresarial (UCAM) e da EPGE/FGV.


São Paulo, 10 de julho de 2021.

Jorge Wilson Simeira Jacob

quinta-feira, 8 de julho de 2021

 Da identidade



Não somos identificados só pelos documentos oficiais . Temos um  nome, outros até títulos. Senhor Doutor é bajulação usada para angariar simpatia. Comendador é prestígio vendido pelo Vaticano. Excelência é sinal de reverência entre os políticos, principalmente os desafetos.Tratamento nominal  é marketing para fidelizar clientes aos estabelecimentos onde são reconhecidos. Apelidos são recursos para enaltecer ou denegrir imagens. Trocar o título ou nome de uma pessoa é  um ato falho. Tudo é fruto do inconteste  esforço humano de ter  uma identidade. Distinguir-se é o objetivo para ser aprovado. Desde o berço, está-se em busca de ter uma identidade aceita. O bebê que sorri, quando acariciado,   dá  sinal de desejo de retribuir à atenção para conquistar,  pelo gesto, o afeto, o amor. Este como todos  os  aplausos e as   reprimendas recebidos  pautam o  comportamento humano. 


Estamos, por isto, sempre como atores no palco da vida. A repetição continuada destes atos  acaba moldando em nós uma segunda natureza. Inconscientemente, sem dar-nos conta,  estamos   representando um personagem. Agimos, em condições normais, atuando no modelo  daquilo que,  entendemos,  os outros esperam de nós. Nos espetáculos teatrais, os artistas  estão conscientes do seu desempenho. Não se iludem, sabem “estar fazendo de conta”.  Terminada a representação, removem a maquiagem, trocam os trajes e voltam ao outro papel, à identidade que  representam na sociedade. Diferente de nós, que,  tentando enganar,   enganamos a nós mesmos.


Só em situações extremas:  no jogo, na embriaguês, ou nos momentos de fúria ,  um indivíduo mostra a essência da sua personalidade. Diz-se que o  traje faz o monge, o uniforme, o militar, os símbolos de uma empresa ou time esportivo, os seus membros... Indivíduos puritanos podem deixar de sê-lo ao desligar-se da sua igreja. Torcedores,  agressivos em campos de esportes, apresentam-se pacíficos no dia seguinte em casa, entre amigos e no trabalho. As  calças rasgadas e desbotadas, os  produtos de grife - independente de preço, beleza ou conforto, são elementos do processo de identificação. Não fosse esta necessidade , não se imitaria o que admiramos, pintando  ou alisando  os cabelos, bronzeando-se ao sol, andando de  saltos altos  - sem esquecer da primitiva tatuagem.


O  bebê procura aprovação identificando-se simpaticamente com um sorriso. O  idoso, mentalmente amadurecido, tendo perdido as ilusões,  gradualmente abandona as representações. Passa a ser, mais e mais, ele mesmo, mostrando a sua verdadeira identidade. Assume também a sua natureza quando atinge um  satisfatório nível de reconhecimento no seu meio social. No teatro, no fim da representação e  na velhice ,ao atingir a   maturidade, tiram-se  as máscaras, os trajes e os trejeitos do personagem que estavam representando. Einstein, por ser o Einstein, deixa-se fotografar com os cabelos desalinhados e mostrando irreverentemente a língua.Já tinha a sua real identidade reconhecida e apreciada. Só as personalidades seguras de si dispensam os  recursos de identificação : joias, grifes, roupas, ambientes que transmitam o prestígio que lhes falta, e mostram-se sem disfarces.


São Paulo, 07 de julho de 2021.

Jorge Wilson Simeira Jacob


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segunda-feira, 5 de julho de 2021

 O Preço como instrumento de comunicação.



A comunicação humana  é uma ciência que pode ser também uma arte. Comunicamo-nos não só por palavras,  mas também por gestos, sinais e símbolos.  Esta capacidade está tão enraizada nos nossos costumes que não nos damos conta da sua importância. Sem esta condição de colocar em comum  ideias e sentimentos a vida social seria impossível. Compare  uma reunião em que todos estivessem mudos e paralisados ou em  outra em que as vozes alteram-se, dá-se soco no ar ou levantam-se  copos para brindar. Os grandes comunicadores - escritores, oradores, mímicos - conseguem emocionar as suas plateias com o domínio da técnica e da sua arte. Guerreiros convenceram  milhões  a morrer inutilmente levados por sua retórica. Políticos levaram maiorias a apoiar tiranias com suas ideias criminosas. Religiosos conseguiram iludir seguidores dispostos à privação e até ao martírio pessoal. Nada disto seria possível sem lideranças com  o domínio da comunicação.


Hitler, mestre na manipulação das massas, usava e abusava dos recursos da comunicação. Os seus comícios eram intencionalmente realizados  em grandes espaços, com multidões,  para anular a individualidade. O objetivo era impor o   interesse “social” . Os objetivos do  partido eram   prioritários. O indivíduo nada mais era do que massa de manobra. Os símbolos do nazismo adornavam os edifícios. As suásticas enchiam os espaços. Tudo era organizado para emoldurar o  discurso do Fuhrer. Nunca antes, a técnica  da comunicação foi aplicada  com tanta arte. A suástica  foi  usada para representar  todo um conceito, equiparando-se, enquanto durou, ao uso da cruz para sintetizar o cristianismo, a maçã-mordida, a Apple, a foice e o martelo, o comunismo. As bandeiras identificam os países, clubes de esportes e carnavalescos … Os  símbolos geralmente são simples e diretos, dizem tudo por si só, já as palavras são complexas. Exigem interpretação. De todos os instrumentos é o de mais difícil uso pela imprecisão. Pode mesmo ter significados antagônicos, diversos entendimentos dependendo da cultura do interlocutor, da sua região e mesmo do estado emocional. Um obrigado pode significar uma recusa ou uma aceitação, dependendo do contexto.


Friedrich August Von  Hayek, no The Use Of Knowledge * , indica o preço como um transmissor de informação insubstituível , contrapondo-se às ideias dos que advogavam os controles de preços. Segundo ele, não há alternativa ao preço para conseguir dar conta  das infindáveis informações que levam à determinação do valor de um bem. Uma ideia bem explorada por Milton Friedman, um grande comunicador,  na série Free To Choose**, com a história do lápis, mostrando as vantagens do livre mercado. Mostrou Friedman, com boa didática, que o preço, olhado no seu uso comum, refere-se ao  valor de algo, mas , se melhor analisado, debaixo do contexto econômico, o Preço como instrumento de comunicação é um símbolo. É como um chip de computador de tantas informações que contém. Assim as  variações do preço de um produto estão a indicar o aumento ou redução da sua procura. Esta informação transita por todo o processo de produção e distribuição. Se  os preços sobem é sinal para aumento da oferta, se cai , para a redução. Se houver um aumento no consumo de lápis os preços tendem a subir . Em melhorar as margens, o sistema é motivado  ao aumento da produção, que resulta no  reequilíbrio da oferta e da procura. Os  produtores providenciam mais madeira, mais grafite, mais embalagem. Com os preços aumentados, os fornecedores ficam dispostos a investir em horas extras ou adotar insumos mais caros. Neste exemplo,  fica visto ser o preço, além de um determinante de valor,  um elemento de comunicação. Concorda sabiamente  Friedman com Hayek, que quando o governo interfere, congelando, limitando, subsidiando, os preços,  ignoram que : - as relações econômicas entre as pessoas são mais invisíveis do que aparentam. As consequências do intervencionismo podem resultar no excesso  ou  na escassez da  oferta, com a desorganização do sistema produtivo, que geralmente exige outras ações do governo para corrigir a distorção, que vai causar outras … em uma sequência de remendos, sem fim.


A economia tem razões que a própria razão dos economistas desconhece. (plagiando Pascal)


* Friedrich August von Hayek About This Title:

One of Hayek’s most important contributions to economic theory is his demonstration of the part prices play in disseminating widely diffused knowledge about consumer demand and the availablility of economic resources in order to make rational economic calculation possible


** Free to Choose é uma série de televisão americana apresentada pelo economista e Prêmio Nobel Milton Friedman, e que deu origem ao livro de mesmo nome. Ver no YouTube.



São Paulo, 05 de julho de 2021.

Jorge Wilson Simeira Jacob


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sexta-feira, 2 de julho de 2021

 O beabá da espiga de milho.


Na biografia de Issac Newton consta que a dedicação às suas teses o levou a introduzir um estilete no globo ocular para, alterando a sua circunferência, aferir a lei da refração dos raios de luz, não satisfeito que estava com as suas demonstrações em um  prisma. Na medicina, os cientistas fazem testes com ratos, lebres, cobaias de ciclo de vida curta, que permitem conhecer os desdobramentos completos dos seus experimentos. Os biólogos segregam o micróbio,  bacilo ou vírus, para estudar o seu comportamento e testar drogas. A Economia, como ciência, não  tem esses recursos para testar novas ideias. **. É como a vida, não tem ensaio. Nelas não  existe como isolar novas hipóteses e nem como testá-las em pouco tempo em  um ciclo de começo, meio e fim. Uma decisão política que altere os dados econômicos só é comprovável   na prática, com base  nas leis da economia e no uso da intuição. O grande desafio está no  fato de que as ações, que mexem com gente,  provocam reações  imprevisíveis e sujeitam-se a  fatores externos que podem  interferir nos resultados. As   relações de  causa/efeito não são  cristalinas, irrefutáveis e nem imediatas. O congelamento de preços no governo Sarney emocionou a maioria dos brasileiros, mas só durou o tempo suficiente para mostrar a loucura da decisão: desabastecimento, embaralhamento dos dados econômicos com perda de referências para as decisões da administração do dia a dia e dos investimentos. Desorganizou a economia. Como foi implantado com rigor ditatorial,  os resultados foram na mesma proporção, mais do que  o suficiente para resultar em uma grande decepção. Terminando, por desespero, com a polícia indo caçar boi no pasto - uma piada, uma chacota de curso internacional.  Esta não foi uma experiência, mas uma ignorância. Há na história registro de quatro mil anos de congelamentos de preços*,  sem exceção, todos   fracassados, desde Hamurabi, no antigo Egito. É da ignorância não aprender com os erros alheios, sabe-se errar sozinho!


As leis da economia por sua complexidade não são inteligíveis às massas. Até a maioria dos nossos políticos as desconhecem: um presidente congela preços, um legislador pede a revogação da lei da oferta e da procura, outro cogita  proibir as empresas de demitir … Se eles não têm percepção da realidade econômica , de que a cada ação se contrapõe uma reação, o que esperar do  cidadão comum?  O ideal , ainda que utópico, seria dar ao menos um mínimo de raciocínio econômico para o povo na tentativa de minimizar o imediatismo .  Mas popularizar  uma noção de macroeconomia exige a tradução das complexas  leis da economia para  formas    reduzidas  e simplificadas,  fazendo entender  quais  políticas  levam à pobreza  ou à riqueza da nação. Dando asas a imaginação , com liberdade quase poética, poderíamos enfrentar o desafio, escrevendo uma cartilha, um beabá , com uma   metáfora simples , a do destino de uma espiga de milho.  Seria algo assim: um  cidadão tem uma espiga de milho e  encara  o dilema  de  consumir ou plantar , uma  parte ou o todo. Pondera os resultados, o consumo dará  satisfação no momento e  escassez no futuro;  o plantio,  a  contenção imediata  e a fartura mediata. A decisão  entre o consumo e o investimento  moldará  o  porvir da sua família e da nação.  Por óbvio,   esta somatória de   ações humanas dos seus cidadãos, incluindo os governos , fará a diferença no presente e no futuro. Se a maioria decidir consumir as espigas de milho  da produção nacional - PIB - a nação será pobre;  e, se ao contrário, plantar para colher, será rica. Este seria o beabá da espiga de milho.


O Brasil, pela riqueza do seu território e engenhosidade do seu povo , tinha muitas espigas de milho  no bornal. Enquanto, as riquezas potencias foram sendo exploradas e parte dos recursos investidos em infraestrutura, higiene, educação e segurança, o país cresceu .O desenvolvimento ficou evidente no aumento  da classe média. Ela é o termômetro de uma nação desenvolvida.   Os países subdesenvolvidos têm fraca classe média,  exibindo os extremos de muitos pobres e de  ricos muito poderosos. A Índia não tem expressiva classe média, lá os marajás estão cada vez mais ricos e os pobres mais pobres. A Índia é um espelho  para o Brasil. Estamos   candidatando-nos, se não mudarmos o curso das coisas, a ser, como a Argentina, Venezuela, exemplos clássicos  de involução vindo do  enriquecimento para a estagnação e empobrecimento. Enquanto houve investimentos, o país prosperou e uma classe média emergiu. Com a utópica Constituição de 1988 , voltada à “justiça social”, aos direitos sem contrapartida ,  e o crescimento da máquina de governo,  a economia perdeu o vigor, a classe média minguou. A diferença entre o desenvolvimento e o subdesenvolvimento é determinada pelos que  consomem as espigas de milho e os que plantam as suas sementes. É isto o que ensinaria a cartilha do beabá da espiga de milho.


Forty Centuries of Wage and Price Controls (Quarenta Séculos de Controles de Preços e Salários), livro de Robert Schuettinger e Eamon Butler.


** A dificuldade de testar novas ideias econômicas realmente difere dos testes da física e da medicina. Como  as cobaias são seres humanos, cujo comportamento é errático ( há influências emocionais )  e o ciclo longo,  são imprevisíveis as reações. A experiência populista da  Argentina durou mais do que a vida de Peron, da URSS, mais do que Lenin. A repetição de uma ideia já fracassada,  não é  considerada  neste artigo como uma inovação, mas a persistência na burrice.



São Paulo, 01 de julho de 2021.

Jorge Wilson Simeira Jacob



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