sábado, 31 de agosto de 2019

Todas as Desigualdades São Indesejáveis.

Toda desigualdade é indesejável.Porém, nem todas são evitáveis e nem todas são injustas. Há as inevitáveis, as que dependem da natureza. Nascer belo, inteligente e fisicamente perfeito é um benefício da natureza em prejuízo dos destituídos  destes dotes. Elas são desigualdades naturais de partida.  Como também são  a falta de estudos, ambiente doméstico, higiene, saúde ...  Em contrapartida há as desigualdades de chegada: as privilegiadas  condições econômicas e sociais. As desigualdades naturais de partida são imutáveis, as de chegada podem ser alteradas.  Como estas são  riquezas e posições adquiridas  elas podem  ser redistribuídas e com ela tudo o que o dinheiro e o poder podem adquirir.. 

Da desigualdade natural ninguém se rebela. Não há alternativa. Aceita-se passivamente a injustiça natural, mas não se aceita com a mesma resignação a considerada injustiça social. Esta tem aspectos inconvenientes. O mais sério deles é o de provocar nas economias subdesenvolvidas * a inveja - o que ameaça a harmonia na sociedade, sendo terreno propício para a exploração de políticos demagogos. Outro, e nada desprezível,  é  o sofrimento daqueles  que tem muito  pouco enquanto  outros  tem para esbanjar. Assim, do ponto de vista social, como humano, é indesejável uma desigualdade disparatada na sociedade.

A consciência deste problema é motivo crescente de preocupação, na medida que as massas começaram a ser ouvidas por pessoas sensíveis,  pelos  caçadores de votos  e políticos oportunistas.  O que alimenta    um movimento  de combate às desigualdades econômicas, ao em vez  de uma ação racional, objetiva,  contra a pobreza. Pois o diagnóstico correto  deveria  estar na eliminação da miséria e redução da pobreza e não na desigualdade. Evidentemente respeitado o voto de pobreza dos religiosos franciscanos - que tem o direito à  sua desigualdade.

A desigualdade na chegada  é condição inarredável  da liberdade econômica. A liberdade não coexiste com a igualdade na economia. São incompatíveis . Em regime competitivo ( liberdade econômica ) os melhores, mais competentes, mas favorecidos pela sorte, sempre acabam com o maior pedaço do bolo. Não há maratona onde todos chegam juntos. Só com restrições à liberdade se pode eliminar as desigualdades econômicas, como  aconteceu, com exceção da nomenclatura ,na URSS, em Cuba, na Venezuela...enfim , nos regimes totalitários.

Portanto, o real desafio a ser enfrentado deve ser a redução da pobreza. Este sim o problema. A  alternativa de desigualdade na riqueza é a  igualdade na miséria. A escolha está entre a  igualdade  de uma Venezuela e a de uma  das maiores desigualdades econômicas do mundo -  os  Estados Unidos, onde 1%  no pico da pirâmide têm patrimônio de 29,5 trilhões de dólares e os 50% na base tem apenas 0,2 trilhões. E os pobres de todo o mundo ambicionam viver lá.

Há que se registrar que, sem exceção, todas ações políticas de redução de desigualdade econômica foram com base no uso da força, do confisco e do calote público. E os desdobramentos foram perversos: desestímulo ao trabalho, à poupança e ao investimento. Ao cabo do qual acabaram sendo premiados os menos produtivos , em uma seleção feita às avessas , castigando os outros. Tendo como resultado final o empobrecimento geral e a emigração dos melhores.


Há, todavia, citados como exemplos de sociedades igualitárias,  a Escandinávia, baseada em alta tributação e uma forte ação social. Países com renda média bem distribuída, mas com perda de pujança econômica. O modelo, em processo de liberalização pelo desestimulo ao investimento e a emigração de empresas. Uma receita  que teve como virtude o   foco no investimento para  igualar as condições de partida - educação para todos, saúde e estamento governamental sem regalias superiores ao do  cidadão comum. O rei da Dinamarca anda de bicicleta nas ruas da cidade.  Não tem mordomias.  Um escandinavo nunca tenta levar vantagem de ninguém. Uma  cultura estóica  baseada na ética calvinista, em uma sociedade homogênea , pequena como uma família, onde o servidor público serve ao público e não se serve dele. Onde a arrecadação  é destinada ao cidadão e não à máquina do governo, o que elimina a pior das desigualdades.  Mas, mesmo assim, não se mostrou em modelo  de criação de riqueza,  de estímulo ao investimento capaz de  romper   a  atual estagnação da sua economia. Na verdade uma comprovação de que a socialização, quanto mais intensa, piores os resultados e  mais cedo  se exaurem. A Escandinávia não estatizou a economia como Cuba - o que explica a sua sobrevida.

O desafio, portanto, é eliminar a miséria e a pobreza e não violentar a desigualdade consequente do trabalho honesto, do uso da inteligência e do prêmio ao risco. O que deveria contemplar eliminar as desigualdades de partida e as que são  fruto das sinecuras, cartéis, mamatas, empreguismo e regalias da nomenclatura. 

Todas as desigualdades são indesejáveis, mas umas são mais do que as outras, tanto no socialismo como no capitalismo, como o são os   privilégios  da nomenclatura. 


Nota de rodapé - nos Estados Unidos, em vez de invejados,  os bens sucedidos são admirados como ídolos a serem seguidos.


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