segunda-feira, 12 de agosto de 2019




Das Asas De Uma Borboleta.


Todo falso profeta ( será que existe algum que não o seja? ) é na essência um presunçoso. E quando penso em profetas não estou focando os religiosos, que, em se tratando de teologia,  de assuntos do  além, não correm, por óbvio,  o risco de serem desmentidos. Penso nos visionários de situações políticas, sociais  e/ou econômicas. Entre os quais  incluo a mim mesmo e a muitos dos meus interlocutores, pois estamos sempre fazendo  previsões e profecias, a maioria das quais é  desmentida pela realidade. Quem já não teve esta experiência que atire a primeira pedra!

Mas e os acertos? São raros, mas existem, todos  explicáveis pela Teoria do Caos -  segundo a qual , conforme  Edward Lorenz, seu teórico, um  desvio casual no início ou no meio do processo pode determinar resultados totalmente imprevisíveis, como :” o bater das asas de uma borboleta no Brasil  poderia  causar uma tempestade nos Estados Unidos “;  da queda de uma maçã na cabeça de Newton   resultou diferente das milhares caídas em milhões de outras cabeças; uma facada em um candidato em plena campanha  pode tê-lo favorecido nas  eleições... Um bater das asas, a queda de uma maçã, um atentado    podem  ser um  evento causal a alterar  resultados, ou seja,  todos eventos fortuitos podem  desviar o curso da história e favorecerem algumas profecias. 

E os desacertos? Estes infinitamente mais numerosos do que o seu contrário, não fogem à regra. Mas mesmo a soma dos acertos e dos desacertos  não enfraquecem o nosso ímpeto de  ler o futuro.  Ignoramos  o adagio segundo o qual   o futuro a Deus pertence. Porém, projetar o porvir, que  é um  exercício especulativo  necessário de planejamento , não é o mesmo que profetizar. Este, ao contrário da especulação, é categórico e assumido dogmaticamente . Nele não há o elemento dúvida, erro que   Lorenz não cometeu ao questionar os  resultados das  suas experimentações. Fosse outro metereologista, alguém sem a sua sólida formação de matemático, aceitaria   o primeiro resultado   como a verdade final. E não teria elaborado a Teoria do Caos - que é um estímulo à dúvida.

Temos assim a  lição de que  à cada tentação de profetizar deve ser seguida da   lembrança de que um simples bater das asas pode mudar tudo . Questionar  tudo, inclusive nós mesmos, é  o princípio da sabedoria . Os ignorantes tendem às certezas, daí o apego  ao fanatismo de todas as espécies e o poder de persuasão das ideologias,  daí o perigo dos atos de fé, dos dogmas  tipo: Deus é brasileiro! , ninguém segura este país ! Eles podem levar-nos   a crer  que fazendo tudo errado ou tudo certo o resultado será o desejado. Contrariando a ideia de Anatole France  que ensinava : “ devemos duvidar de tudo, até das dúvidas”

Segundo   a Teoria do Caos  é possível e , da mesma forma,  impossível que um Presidente estabanado, impulsivo, despreparado possa , escrever reto em linhas tortas como Deus. Tudo dependendo do bater das asas de  uma borboleta. Se na direção certa... estaremos salvos do atual caos, como teorizado. Se na errada...



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