domingo, 18 de agosto de 2019

CONSENTIR OU NÃO CONSENTIR

A vida limita as opções.
O governo limita a liberdade.
Charles Murray

Nenhum ser humano consciente põe em risco a sua dignidade. A perda dela significa a ignomínia, a desonra e a vergonha; a sua maior ameaça é a perda da liberdade individual. Só está pode permitir a defesa da nossa honra. Infelizmente,  o  homem livre, dono da sua vontade, com o poder de escolher a sua maneira de ser feliz, é um ideal não realizado, impedido por duas limitações: a escravidão e a servidão.
Se a escravidão é a imposição da vontade pela força, pelo terror, na servidão o é pela aceitação, pela barganha e  a sedução. Na escravidão  o indivíduo ou o grupo são  impedidos de escolher o  sistema político e/ou os seus  governantes. Ficando , politicamente impedidos de  decidir sobre a melhor aplicação para o seu talento, engenho,  patrimônio e  manifestar livremente ideias e ideais.
Na servidão  não se verifica o uso da força, mas a alienação ao direito de escolha. Nesta há uma troca consentida. Entrega-se um pouco de autonomia  em troca de   um naco de pão, de sossego , de prestígio, de prazer... Trocar   um pedaço da própria liberdade é dar preço à própria dignidade. Quem se vende, independente do preço, está determinando o seu valor. 
O que diferencia o escravo do servo é o consentimento. O ato de consentir é o que macula a liberdade, a honra, uma mancha sempre presente na servidão e nunca na escravidão. A escravidão é uma limitação absoluta e total - quem não tem escolha não merece nem prêmio nem castigo. A servidão é, assim, mais abjeta do que a escravidão. Antes escravizado do que servil. Zumbi morreu herói porque não submeteu o seu espirito à vontade alheia, não negociou a sua liberdade.

         A servidão, porém deve ser qualificada. Há as doces e as amargas. As primeiras são as do amor, às quais nos submetemos com deleite: o desvelo da  mãe, o beijo da amada, o abraço do amigo... Quantas coisas fazemos, contra nossa tendência, ao não resistir a um olhar amoroso, um afago no momento oportuno, o sorriso de um bebê, a uma ajuda na dificuldade? Quem resiste à ser assim seduzido?
          Já a servidão amarga é aquela à qual somos submetidos pelo governo. São os milhares de leis, decretos, normas impossíveis de se 
 seguir e de submissão  absurda . Em nome da minha proteção ( que não pedi ) tenho que ter  (onerando os preços )  acessórios no meu carro totalmente dispensáveis, tomadas elétricas não compatíveis com as da casa, controles de movimentação financeira que mais  complicam a minha vida do que impedem o crime... e por aí vai! Por que não deixar ao arbítrio do cidadão assumir os seus riscos, desde que não ameace o alheio? Por que não ter como limite da liberdade individual prejudicar a de outro?
            A  servidão doce não humilha quem a aceita - por ser doce. Mas a  amarga fere a nossa dignidade, se a aceitamos passivamente. A alforria dela depende da redução ao mínimo dos  grilhões do governo. O governo nos priva a liberdade de escolher e obrigando-me a adquirir produtos que ele acha adequado à minha saúde, a meu transporte, a minha casa, onerando os preços das minhas compras. É a vida e não ele  que deve ser limite ao talento, ao  engenho e ao patrimônio. Quando o governo limita a nossa liberdade, resta-nos optar entre consentir ou não consentir. Nisto estará a diferença entre ser livre ou servo!
A servidão é o mal destes séculos, a liberdade individual a sua vítima e o governo o seu instrumento.










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