Pondo o bom a perder.
Na natureza há muitos elementos concretos. Perceptíveis são as florestas com as suas espécies animais e vegetais, é o ar que respiramos, é a mudança climática…sabidamente essenciais para a sobrevivência da vida no planeta. A Ecologia, muito acertadamente, é hoje uma preocupação universal. Felizmente, tomamos consciência da importância da sua preservação e da inconveniência da intromissão humana no seu funcionamento. A natureza encontra o seu esplendor sem a ação humana. No seu estado natural dispensa a mão do homem.Equilibra-se por si só. As interferências externas são perturbadoras da sua ordem. Sem, com isto, poder-se afirmar que não ocorram situações de desequilíbrio, mas estas recuperam-se com o tempo, se respeitada a sua integridade. Quando o homem interfere, tentando melhorar o que é perfeito, o resultado são remendos sem fim. São como raizes de Tiririca, uma puxa a outra. Portanto, quanto menos a humanidade interferir na natureza, melhor. E, havendo necessidade, que o faça atuando nas causas e não no seu efeito. Por exemplo, a camada de ozônio não deve ser eliminada evitando os automóveis, estes não são a causa, mas o combustível. Como, aliás, acertadamente está sendo feito com os carros elétricos.
Outro fator importante para as condições da vida humana é a Economia. No sistema econômico há muitos mais elementos abstratos. Uma floresta existe concretamente. Os mecanismos de mercado, não. O que torna o seu funcionamento menos inteligível. Não é possível, ver, pegar, cheirar para prever os possíveis efeitos da emissão da moeda, das taxas de juros, da oferta e procura… todos fatos que se refletem no chamado mercado. Uma figura de ficção, pois o mercado é tão somente aonde acontecem as relações entre os agentes econômicos. O mercado é como o palco de um teatro onde atores se interagem. Desta ação é que resulta o espetáculo. O palco como o mercado são neutros. Já a queima de fósseis é um fato de consequências previsíveis. Não o sendo os bilhões de transações que ocorrem no mercado. Muitas realizadas somente verbalmente. O mercado, portanto, é um retrato da natureza. Pela sua imponderabilidade deve ser deixado intocado para encontrar o próprio equilíbrio.
Entretanto, é pacífico que o ideal, na ecológica e na economia, é que o homem não interfira no seu livre funcionamento. Mas, na prática isto não ocorre. Na ecologia o homem destrói espécies, na economia, distorce o seu funcionamento, ambos podendo provocar reações indesejáveis. Faz sentido, portanto, a necessidade de quem defenda a ordem natural. Neste aspecto, a consciência ecológica existe e luta-se pela preservação da natureza. Infelizmente, a mesma consciência de defesa da outra ordem natural - a econômica - é limitada a poucos. Não são muitos os que reconhecem que as distorções de mercado devem ser combatidos na causa e não nos seus efeitos. Efeitos negativos que se manifestam na ação predatória dos monopólios, dos cartéis, do patrimonialismo… O que legitima uma intervenção corretiva, que será positiva se for na direção de defender : na natureza, a ordem natural; e na economia, a competição livre em bases éticas. Aceitando que os ajustes, como é próprio da natureza, pedem algum tempo para mostrar resultados e que os desequilíbrios serão momentâneos e passageiros. A economia e a ecologia devem ser preservadas no estado natural, o mais possível. Ecológico é o governo limitar-se a defender a ordem natural, na natureza e no mercado, dos seus predadores. Na verdade, quando os intervencionistas interferem no mercado procurando o ótimo, acabam pondo o bom a perder.
São Paulo, 10 de janeiro de 2022.
Jorge Wilson Simeira Jacob
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