domingo, 9 de janeiro de 2022

 


Pondo o bom a perder.


Na natureza há muitos elementos concretos.  Perceptíveis são as florestas com as suas espécies animais e vegetais, é o ar que respiramos, é a mudança climática…sabidamente essenciais para a sobrevivência da vida no planeta.  A Ecologia, muito acertadamente, é hoje uma preocupação universal. Felizmente, tomamos consciência da  importância da sua preservação e da inconveniência da intromissão humana no seu funcionamento. A natureza  encontra o seu esplendor sem a ação humana. No seu estado natural dispensa a mão do homem.Equilibra-se por si só. As  interferências externas são perturbadoras da sua ordem. Sem, com isto, poder-se afirmar que não ocorram situações de desequilíbrio, mas estas recuperam-se  com o tempo, se respeitada a sua integridade. Quando o homem interfere, tentando  melhorar o que é perfeito, o resultado são remendos sem fim. São como raizes de Tiririca, uma  puxa a outra. Portanto, quanto menos a humanidade interferir na natureza, melhor. E, havendo necessidade,   que o faça atuando nas causas  e não no seu efeito. Por exemplo, a camada de ozônio não deve ser eliminada  evitando os automóveis, estes não são a causa, mas o combustível. Como, aliás, acertadamente  está sendo feito com os carros elétricos.


Outro fator importante para as condições da vida humana é a Economia.  No sistema econômico há muitos mais elementos abstratos. Uma floresta existe concretamente.  Os mecanismos de mercado, não. O que torna  o seu funcionamento menos inteligível. Não é possível, ver, pegar, cheirar para prever os possíveis efeitos da emissão da moeda, das taxas de juros, da oferta e procura… todos fatos que se refletem no chamado mercado. Uma figura de ficção, pois o mercado é tão somente aonde acontecem as  relações entre os agentes econômicos. O mercado é como o palco de um teatro onde atores se interagem. Desta ação  é   que resulta o  espetáculo. O palco como o mercado são  neutros. Já a queima de fósseis é  um fato de consequências previsíveis. Não o sendo os bilhões de transações que ocorrem no mercado. Muitas realizadas somente verbalmente. O mercado, portanto,  é um retrato da natureza. Pela sua imponderabilidade deve  ser deixado intocado para encontrar o  próprio equilíbrio.  


Entretanto, é pacífico que o ideal, na  ecológica e na economia,  é que o homem não interfira  no seu livre  funcionamento. Mas, na prática isto não ocorre. Na ecologia o homem destrói espécies, na economia, distorce o  seu funcionamento, ambos podendo provocar reações indesejáveis. Faz sentido, portanto,  a necessidade de quem defenda a  ordem natural. Neste aspecto, a consciência ecológica existe e luta-se  pela preservação da  natureza. Infelizmente, a mesma consciência de defesa da outra ordem natural - a econômica - é limitada a poucos. Não são muitos os que reconhecem que as distorções de mercado devem ser combatidos na causa e não nos  seus efeitos. Efeitos negativos que se manifestam na  ação predatória dos  monopólios, dos cartéis, do patrimonialismo… O que  legitima  uma intervenção corretiva, que será positiva se for na direção de defender :  na natureza, a ordem natural;  e na economia, a competição livre em bases éticas. Aceitando que os ajustes, como é próprio da natureza,  pedem algum tempo para mostrar resultados e que os  desequilíbrios serão momentâneos e passageiros. A economia e a ecologia devem ser preservadas no estado natural, o mais possível. Ecológico  é  o governo  limitar-se a defender a ordem natural, na natureza e no mercado,   dos seus predadores. Na verdade, quando os intervencionistas  interferem no mercado procurando o  ótimo, acabam pondo o bom  a perder.


São Paulo, 10 de janeiro de 2022.

Jorge Wilson Simeira Jacob


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