terça-feira, 18 de janeiro de 2022

A soberania do consumidor.


Há décadas o Brasil encantou-se com  a falácia do   Estado Empresarial. Havia pouca resistência aos governos que se metiam em aventuras empresariais. Ignorava-se ,como ainda hoje , que a administração desta  atividade  exige características de personalidade, talento e sorte. Subestima-se os desafios de um empreendimento para sobreviver à competição. Um  negócio é uma aventura tão arriscada quanto  um bilhete de loteria, onde muitos apostam, mas poucos ganham. 


Entretanto,   a falácia do Estado Empresário sobrevive  cartéis e monopólios. Em regime de competição não fica em pé uma única estatal. Elas não são  centros de competência - sem exceção! Os seus dirigentes não são escolhidos entre os melhores do setor, mas os bem relacionados com o Poder. É puro nepotismo!


Uma falácia  muito difundida para justificar o Estado Empresário era a escassez de  capital para grandes projetos  de desenvolvimento. A prática  mostrou justamente o contrário. É  mundial a  escassez de recursos para os governos investirem e , ao contrário, eles abundam na iniciativa privada. As maiores empresas do mundo foram capitalizadas no mercado. E as nossas empresas estatais, apesar do Tesouro, foram privatizadas pela  incapacidade dos governos  suportarem os seus elevados prejuízos. Nos países, que não se deixaram encantar com a falácia do Estado Empresário , as estatais são poucas. Eles não se meteram nas produtoras de eletricidade, petróleo, meios de comunicação, sistema financeiro … e nunca faltou capital para desenvolver as  empresas. Ficando assim desmoralizado o argumento dos intervencionistas. A criatividade do sistema capitalista criou mecanismos de arrecadação como os Fundos de Pensão, Mercado de Ações e os de Investimentos com recursos ilimitados. Não faltando, portanto, capital  em havendo oportunidades. 


 As nossas primeiras aventuras como Estado Empresário foram:  a Companhia Siderúrgica Nacional e a Fábrica Nacional de Motores, que foram fontes constantes de prejuízo e corrupção. A CSN, como era conhecida, antes da privatização produzia poucas chapas perfeitas e muitas com supostos defeitos que eram vendidas aos atravessadores, que as vendiam como perfeitas -   com enormes lucros.  A FNM morreu  por produzir mais prejuízos do que caminhões. Estes eram  um péssimo produto, que não suportou a chegada da concorrência. Estas experiências iniciais , que geram renda e poder aos partidos políticos, estimularam a estatização de empresas. Seguiu-se a Petrobras com a  falácia  de ser  estratégico o setor de energia, não poderia estar em mãos privadas. O governo, acreditam os ingênuos, tem o monopólio do patriotismo e os burocratas são seres  diferenciados, não são gananciosos como os empresários. Crenças desmoralizadas com o Petrolão, que mostrou que os dirigentes das empresas estatais são feitos da mesmo barro que Adão e Eva, são normais.



Não bastassem as novas  estatais, foram estatizadas, entre outras,   a Companhia Paulista de Estrada de Ferro. Um modelo de pontualidade, serviço atencioso e limpeza. Já existia, portanto, a ela não se aplicava a desculpa esfarrapada de necessitar de capital. Esta privatização  desestimulou o  transporte ferroviário e  tornou o país refém de caminhoneiros grevistas. Outro  foi o tratamento dado à pioneira Light & Power, que explorava o fornecimento de energia elétrica, bondes em São Paulo e Rio de Janeiro, que foi castrada com congelamento das tarifas e consequente descapitalização. Também a  Companhia Telefônica Brasileira,  estatizada  pelos militares,  foi um desastre.Um telefone   chegava  a custar tanto quanto um automóvel. Um cabo telefônico para atender uma indústria era caríssimo e pago antecipadamente. As inscrições para novas linhas  tinham  dois dias nas filas de espera. Hoje são  as concessionárias que fazem filas  para vender um aparelho. O resultado palpável é  que, em regime de competição,  nas empresas privadas  a  soberania é do consumidor ( nós) ; na estatizada, é a do vendedor ( eles ). 


São Paulo, 18 de janeiro de 2022.

Jorge Wilson Simeira Jacob



 





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