A soberania do consumidor.
Há décadas o Brasil encantou-se com a falácia do Estado Empresarial. Havia pouca resistência aos governos que se metiam em aventuras empresariais. Ignorava-se ,como ainda hoje , que a administração desta atividade exige características de personalidade, talento e sorte. Subestima-se os desafios de um empreendimento para sobreviver à competição. Um negócio é uma aventura tão arriscada quanto um bilhete de loteria, onde muitos apostam, mas poucos ganham.
Entretanto, a falácia do Estado Empresário sobrevive cartéis e monopólios. Em regime de competição não fica em pé uma única estatal. Elas não são centros de competência - sem exceção! Os seus dirigentes não são escolhidos entre os melhores do setor, mas os bem relacionados com o Poder. É puro nepotismo!
Uma falácia muito difundida para justificar o Estado Empresário era a escassez de capital para grandes projetos de desenvolvimento. A prática mostrou justamente o contrário. É mundial a escassez de recursos para os governos investirem e , ao contrário, eles abundam na iniciativa privada. As maiores empresas do mundo foram capitalizadas no mercado. E as nossas empresas estatais, apesar do Tesouro, foram privatizadas pela incapacidade dos governos suportarem os seus elevados prejuízos. Nos países, que não se deixaram encantar com a falácia do Estado Empresário , as estatais são poucas. Eles não se meteram nas produtoras de eletricidade, petróleo, meios de comunicação, sistema financeiro … e nunca faltou capital para desenvolver as empresas. Ficando assim desmoralizado o argumento dos intervencionistas. A criatividade do sistema capitalista criou mecanismos de arrecadação como os Fundos de Pensão, Mercado de Ações e os de Investimentos com recursos ilimitados. Não faltando, portanto, capital em havendo oportunidades.
As nossas primeiras aventuras como Estado Empresário foram: a Companhia Siderúrgica Nacional e a Fábrica Nacional de Motores, que foram fontes constantes de prejuízo e corrupção. A CSN, como era conhecida, antes da privatização produzia poucas chapas perfeitas e muitas com supostos defeitos que eram vendidas aos atravessadores, que as vendiam como perfeitas - com enormes lucros. A FNM morreu por produzir mais prejuízos do que caminhões. Estes eram um péssimo produto, que não suportou a chegada da concorrência. Estas experiências iniciais , que geram renda e poder aos partidos políticos, estimularam a estatização de empresas. Seguiu-se a Petrobras com a falácia de ser estratégico o setor de energia, não poderia estar em mãos privadas. O governo, acreditam os ingênuos, tem o monopólio do patriotismo e os burocratas são seres diferenciados, não são gananciosos como os empresários. Crenças desmoralizadas com o Petrolão, que mostrou que os dirigentes das empresas estatais são feitos da mesmo barro que Adão e Eva, são normais.
Não bastassem as novas estatais, foram estatizadas, entre outras, a Companhia Paulista de Estrada de Ferro. Um modelo de pontualidade, serviço atencioso e limpeza. Já existia, portanto, a ela não se aplicava a desculpa esfarrapada de necessitar de capital. Esta privatização desestimulou o transporte ferroviário e tornou o país refém de caminhoneiros grevistas. Outro foi o tratamento dado à pioneira Light & Power, que explorava o fornecimento de energia elétrica, bondes em São Paulo e Rio de Janeiro, que foi castrada com congelamento das tarifas e consequente descapitalização. Também a Companhia Telefônica Brasileira, estatizada pelos militares, foi um desastre.Um telefone chegava a custar tanto quanto um automóvel. Um cabo telefônico para atender uma indústria era caríssimo e pago antecipadamente. As inscrições para novas linhas tinham dois dias nas filas de espera. Hoje são as concessionárias que fazem filas para vender um aparelho. O resultado palpável é que, em regime de competição, nas empresas privadas a soberania é do consumidor ( nós) ; na estatizada, é a do vendedor ( eles ).
São Paulo, 18 de janeiro de 2022.
Jorge Wilson Simeira Jacob
Nenhum comentário:
Postar um comentário