sábado, 24 de maio de 2025

 Fora de foco



O muçulmano está em harmonia com a sua religião. O evangélico também.*

O católico não está.

J.R.Guzzo



Na edição do Jornal O Estado de São Paulo, deste domingo, 11.05.25, o jornalista J.R. Guzzo inseriu a melhor análise do desempenho da Igreja Católica entre tanto textos que, ao ensejo dá eleição do Papa Leão XIV, foram publicados. O jornalista colocou o dedo na ferida ao mostrar ter  a Igreja Católica perdido o foco. 


Com o título, Perda de Foco, Guzzo aponta ter  igreja se desviado da sua missão que deve ser a de cuidar do lado espiritual dos fiéis. Ele argumenta, respeitando a importância da eleição do Papa, mas  critica as análises por falta de  objetividade. Ele mostra a  razão ao dizer: “ o que interessa, mesmo, não é bem o que vai acontecer no Vaticano, e, sim, o que está acontecendo com os católicos”.


O que está acontecendo com os católicos?


A Igreja Católica, desde a Rerum Novarum, de Leão XIII,  vem em busca da preferência das  classes menos favorecidas, mudando a sua ação de orientadora espiritual para uma mundana — a disputa política. O resultado tem sido a perda de fiéis, pois “O muçulmano está em harmonia com a sua religião. O evangélico também. O católico não está”.


A Igreja Católica, apesar e talvez por suas  diversões como A Teoria da Libertação e o populismo do falecido Papa Francisco, vem perdendo importância no mundo. Os católicos estão caindo de participação no universo religioso para os muçulmanos, evangélicos no mundo desenvolvido. O catolicismo  só cresce nas áreas pobres do mundo, a  África e a Ásia. O que a torna dependente da pobreza para sobreviver.


A recente troca de comando da Igreja, diante dos resultados, em vez de insistir na ação política, deveria ensejar uma volta aos princípios primeiros do catolicismo — a orientação espiritual. A Igreja , como uma ordem religiosa, deveria deixar a política aos políticos  e dedicar-se à sua missão original de divulgar as palavras de Cristo.


Cristo respondendo aos fariseus, no versículo do evangelho, ao ser inquirido se era legítimo pagar impostos ao imperador,  sacou uma moeda mostrando as suas duas faces  e disse: “ dá à Deus o que é de Deus e a César o que de César”.


Dar o que é de Deus, na orientação da Igreja Católica, é ter como foco  a  orientação espiritual, deixando aos políticos a política.


A sobrevivência milenar da Igreja Católica.


Com um histórico de mais de 2000 anos, a Igreja Católica mostrou-se de uma resiliência impar. Não há outro caso  tão eivado de erros, a desafiar  a sobrevivência, como o  dos católicos.  


Sofreu da incredulidade dos judeus no seu início; foi perseguida e teve martirizados os seus adeptos; conviveu por séculos com Papas corruptos; fez guerras de conquista para assegurar a sua influência e poder territorial; foi responsável por duzentos anos pelas atrocidades da Santa Inquisição; explorou escravos no Novo Mundo; ignorou o genocídio nazista  dos judeus;  dá cobertura à equivocada Teoria da Libertação — sem deixar em branco os escândalos de pedofilia.


É surpreendente  que uma instituição humana, com uma história lamentável sob o aspecto humano, resista à prova do tempo. Nem as feministas ousaram enfrentar o machismo de uma instituição que as trata como uma segunda classe. A elas, que são a base da transmissão do catolicismo aos filhos, não é reconhecido o direito da igualdade com os homens nos ofícios religiosos.


Não é menos surpreendente o fato da Igreja pregar a caridade e criticar o regime capitalista, quando é ela a primeira a não fazer caridade com o seu patrimônio, mesmo possuindo a maior riqueza entre todas as empresas do mundo e ser a mais capitalista de todas as suas congêneres. O que é uma hipocrisia.


O que esperar do novo Papa?


A nomeação do papa, Leão XIV, remete à questão principal:  irá voltar a Igreja à sua missão original de ser a guia espiritual dos homens ou manter-se-a  voltada para o materialismo? Ele irá harmonizar os católicos com a sua religião ou manterá a linha politica?


São Paulo, 12 de maio de 2025.

Jorge Wilson Simeira Jacob


Nota - por questão ética, devo esclarecer ser agnóstico, um  descrente de todas as religiões. Fui  educado na religião católica, tendo inclusive cumprido  o voto Agostiniano, o que me assegurou o direito ao Céu. 
















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