domingo, 14 de abril de 2024

 O maior espetáculo da terra


A Paramount Pictures, em 1952,  produziu o filme " O Maior Espetáculo da Terra" — um espetáculo deslumbrante da vida nos bastidores com o Ringling Bros-Barnum and Bailey Circus. Que celebra o extravagante circo com três picadeiros e retrata as cenas apaixonadas de amor e ciúme. Uma película que romanceia   as entranhas da vida em um circo. 


O circo que serviu de referência era o Ringlinds and Barnum,  o mais importante circo do mundo. Em uma época em que o cinema engatinhava, os espetáculos circenses atraiam as multidões. No seu auge o Ringlings Bros tinham 3,5 milhões de espectadores ano. A importância do circo era tamanha que , quando se exibiam nas cidades, as escolas e as empresas davam feriado para permitir os seus alunos e funcionários a assistir as sessões.


Os irmãos Ringlings, de origem modesta no middlewest, começam como uma dupla de palhaços e construíram um império. O líder deles John foi um gigante para a época —  fisicamente, 6,1 pés de altura ( 1,85 mts. )  e empresarialmente um dos maiores magnatas dos Estados Unidos. Nos  anos 1920 a 1930, John possuía a 17* fortuna do pais.  John chegou a participar de 35 empresas. A partir do circo, ele investiu em petróleo, banco, hotéis, ferrovias e imoveis. Chegou a ser proprietário da maior parte dos terrenos de Sarasota. Nos últimos anos da sua vida dedicou-se a colecionar  obras de arte. 


De todos os seus empreendimentos destaca-se o circo. Era um verdadeiro exercito a ser deslocado de cidade a cidade. O seu quadro tinha 1.900 figurantes, centenas de animais e toda uma retarguarda logística. A troupe era precedida da equipe de montagem das tendas. Na madrugada começavam a preparar as três refeições diária a serem servidas ao pessoal. O desafio de alimentar e acomodar os humanos e os animais era sobre-humano.


O Circo Ringling tinha um trem próprio para transporte do pessoal e material para montar as tendas. A principal tinha capacidade para sentar 14.000 espectadores, que assistiam a três picadeiros. Havia tendas para dormitório e recreação. Era uma cidade montada em lona.


Certamente o publico não se dava conta do extraordinário trabalho para selecionar os artistas, organizar as apresentações, cuidar dos equipamentos, dos vestimentos e de administrar as relações humanas. Na verdade o maior espetáculo era o  da competência, a genialidade do John Ringling .


No ano de 1927 , John transferiu a base do circo para Sarasota, Florida, onde havia construído uma residência de verão em estilo veneziano — Cá d’Zan ( casa de John em dialeto veneziano). Junto da  casa , John e Mable, sua esposa, construíram um museu com o objetivo de perpetuar os seus  nomes. O terreno à beira mar tinha 66 acres ( 264.000 metros quadrados ).


O museu John and Mable Ringing só é menor em tamanho e importância  ao Metropolitan Museu de Nova York, cujo diretor A.H. Mayor  escreveu: “ provavelmente nenhuma coleção  fora da Europa dá uma tão rica ideia do gosto de 1600 a 1800 ao expor tão grandes trabalhos  de tão importantes artistas. “.  


Durante anos John dedicou-se a comprar os grandes.  Rubens, Ticiano, Velásquez, Tintureto e centena de outros podem ser vistos no museu. De Rubens estão expostas cinco  tapeçarias das sete que produziu. Uma  visita superficial dura duas horas. 


Adjacente ao Museu de arte existe um museu do circo — o maior do mundo. Uma visita de uma hora dá a dimensão e imponência do empreendimento. Miniaturas das composições de trens para transporte do circo, as maquetes das enormes tendas para alojamento do pessoal e acomodação do enorme público estão na exibição. Inclusive uma réplica do vagão especial reservado ao John e Mable, que acompanhavam o circo.


Uma visita a agradável e  bonita Sarasota não se completa sem conhecer o sítio dos museus e da residência de verão do casal Ringling. Entretanto é tão rica a história desse magnata visionário que se faz necessário a leitura do livro, David C. Weeks,  edição em inglês,”   Ringling, The Flórida Years “, Amazon, R$294, 350 pg.  Uma viagem de Miami a Sarasota dura 3 horas de automóvel e de Orlando 1,30 horas. Vale a pena. 


Na introdução do livro, Raymond Arsenault, professor das Universidade of South Florida , define a personalize incomum de John Ringling : “Aqui está um homen que não tinha medo de pensar e viver em grande escala, que sabia o que queria da vida e da arte”. John viveu nos seus tempos de glória como um príncipe. Exibia a sua riqueza vivendo como grande milionário que era. 


Como todos os empreendedores que ousam ultrapassar os limites do possível, ele foi pego no contrapé. A crise de 1929 e a perda de interesse pelo circo, substituído pelo cinema, a morte dos irmãos e importantes funcionários, foram golpes que liquidaram a prosperidade dos Ringlings. 


John Ringling, o último dos irmãos a morrer, faleceu em Nova York em 1936, deixando na sua conta bancária o ridículo saldo de US$311,00. Nasceu pobre, viveu como um príncipe e morreu pobre, mas deixou como legado uma história de grandeza equiparada a dos maiores pioneiros americanos. O Museu John and Mable Ringling testemunha a grande contribuição que legou com a sua história. 


O maior espetáculo da terra foi a vida vivida de John Ringling, que retrata The Floridians Dreams :” o prazer da vida, o prazer do lucro, e o prazer da arte”.


Miami, 06 de abril de 2024

Jorge Wilson Simeira Jacob



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