A MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES.
Lavoisier , na física, decantou a lei de que “neste mundo nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Por simplificação , influenciados por esta lei, muitos acreditam poder adaptar esta ideia à economia, onde nada se criaria , mas tudo se dividiria. O que induz à falácia de que se alguém apropria-se de uma fatia maior de um bolo o faz em prejuízo de outro.
Seria o resultado de um jogo de soma zero. Sendo, pois, a pobreza resultado de uma distribuição injusta. Os ricos estariam sendo privilegiados , segundo essa visão, por conseguirem as maiores fatias. Sendo assim deveriam ser condenáveis sob o aspecto moral. Estariam apropriando-se ilegitimamente de parte do que deveria ser dos desprivilegiados.
A verdade, porém, é outra. A atividade econômica cria valores. Uma tela e um pincel nas mãos do Picasso fazem o produto final valer mais do que a soma das partes. Uma semente plantada e cuidada resulta em mais valia na colheita. Consequentemente mais valor a ser distribuído. Como também destrói valores. Uma invasão do MST, que depreda fazendas reduz o valor do patrimônio nacional.
A desigualdade das condições econômicas dos cidadãos deve-se aos critérios de distribuição. No regime capitalista as porções são distribuídas em relação à criação de valores — os que geram riqueza apropriam-se dos resultados. É um estímulo à criação e investimento. O que resulta em enriquecimento pessoal e do todo.
No socialismo, em tese, as colheitas seriam distribuídas em quantidades iguais. Se as colheitas forem abundantes, todos terão uma parcela satisfatória da colheita. Se não forem, todos serão apenados. A igualdade de resultados independe da contribuição pessoal, o que desestimula a criação de riqueza. Empobrece o indivíduo e, pela somatória, o todo. O que se comprovou desastroso na prática.
A pobreza sob todos os aspectos é inconveniente: socialmente é perigosa por gerar conflitos e moralmente, por ser desumana. Devemos, portanto, combatê-la. Temos duas variáveis para enfrentar o desafio: aumentar o todo e melhorar a qualidade da sua distribuição.
Como não há como melhorar as fatias de um bolo insuficiente para satisfazer o todo, temos que aumentar o seu tamanho. Por maior que sejam as fatias de um o bolo pequeno, não atenderá a todos. Distribuir pobreza não gera riqueza.
No Brasil, o PIB per capita está estagnado há décadas. Mas a pobreza cresce. Ela cresce na exata proporção que aumenta o custo da máquina governamental. Como esta abocanha cada vez mais do PIB bruto, diminui o PIB líquido ( PIB per capita bruto menos o custo per capita do custeio do governo ) , consequência é o aumento da pobreza .
Portanto as propostas de redução da pobreza só com base na redistribuição é uma miragem. Só por milagre, os socialistas conseguiriam reduzir a pobreza sem melhorar o PIB líquido per capita. A distribuição da riqueza tem o seu limite no seu tamanho. Há, pois, que incentivar a criação de riqueza líquida per capita, aumentando a produtividade e reduzindo os gastos do governo.
No Sermão da Montanha, segundo a Bíblia, Jesus multiplicou os pães e os peixes para alimentar a multidão que o ouvia. Moisés, no deserto, fazia chover o Maná para dar de comer aos que o seguiam. Foram ações socialistas bem sucedidas, não com base na realidade, mas no milagre. Os que tiverem fé em novos profetas, que apostem no fim da miséria pelos milagres da multiplicação dos pães e das chuvas de Manás.
São Paulo, 02 de novembro de 2022.
Jorge Wilson Simeira Jacob.
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