A Próxima Vítima.
Tentar transferir a responsabilidade de um fato para outrem são cenas comuns no dia a dia das nossas vidas. Nada mais humano do que esquivar-se dos fracassos ou das suas ameaças. Poucos suportam uma realidade negativa. Não só as crianças chutam a cadeira na qual tropeçam, adultos quebram raquetes ao errar uma jogada no tênis... As desculpas e os bodes expiatórios sao defesas psicológicas para não assumir as consequências dos erros , para fugir de uma demonstração da própria incompetência ou candidamente sair da cena . Este governo não está sendo exceção à regra.
O Presidente, mestre na arte da encenação , não suportando por formação autoritária ou falta de capacidade, furta-se a liderar todo o sistema de governo, mas, pelo contrário, hostiliza o Congresso e atribui aos políticos o pífio desempenho da sua administração - devida e indevidamente - dizendo como os repórteres da televisão : eu fiz a minha parte, agora é com vocês!
Este procedimento têm em comum com o da criança que chuta a cadeira e o tenista que quebra a raquete - a transferência de uma responsabilidade. De incomum entre eles é que este o faz por malícia para camuflar o seu jogo político. O repúdio à má política de passado recente, não autoriza não praticar a boa política - a formação de uma base de apoio, o compartilhar o poder para viabilizar os programas de interesse nacional - a qual pode evitar a desfuncionalidade do exercício democrático.
Myra Y Lopes, ensinava no seu livro Os Quatro Gigantes Da Alma que há três maneiras de obter-se resultados - a imposição, a sedução e o convencimento. Cada uma delas tem a sua indicação e oportunidade. Destas três ações, neste período de governo, só temos assistido a aplicação de uma delas - a imposição. Como o Poder não é absolutista, pois dividido com o Legislativo e o Judiciário, o resultado tem sido frustrante para o Presidente e para todos nós, torcedores do seu governo.
O regime democrático exige um líder que assuma como sua a responsabilidade de agregar todos em torno do objetivo comum de governar o país no interesse da nação. A democracia é o regime da arte da negociação, da convivência, do diálogo e da busca do consenso. O absolutismo não negocia, impõe. Neste impasse em que estamos, a derradeira esperança é que o Presidente, tire lições dos resultados e use do seu poder de persuasão e sugestão para viabilizar o governo evitando que a democracia possa ser a próxima vítima.
As Minhas Reflexões.
Jorge Wilson Simeira Jacob
03 de março de 2020.
Prezado Jorge, li com certa surpresa seu artigo. Pensava-o bolsonarista ardoroso, como milhões. Reconforta-me ver que
ResponderExcluira lucidez toma conta de parte de formadores de opinião no Brasil.
Chega de mitos medíocres, precisamos de estadistas ! Sds.