Carta natalina
Caro leitor
A sua atenção aos meus textos durante este ano, espero, tornou-nos “velhos” conhecidos. Talvez tenha até conquistado algumas amizades, o que seria o meu sonho.
Sou agradecido a todos os leitores: os que comungam das minhas ideias e os que delas discordam. Como não escrevo para impor crenças, mas para expor o mundo como o entendo e enxergo. Em respeito ao livre arbítrio todos os leitores são bem vindos.
Escrever é uma maneira de dar de mim altruisticamente. É dividir sem olhar com quem o que aprendi na vida. Um aprendizado que foi sendo conseguido vivendo e lendo. Por isto, sou reconhecido à vida e aos escritores-pensadores. Sou devedor, portanto, a eles pelo aprendizado prático ao viver e teórico ao ler.
Tenho uma dívida a quitar. Desejo pagá-la dividindo o conhecimento adquirido, ainda que insuficiente, àqueles do meu convívio pessoal, aos leitores deste jornal e do meu blogue. E o faço com puro amor. Amor à verdade. Amor ao próximo. Amor ao meu país.
Por temperamento, sou empenhado no que me proponho fazer. Sei que a vida é muito curta para perder tempo, para divagar. Ela é passageira para atendermos a todas as nossas pretensões. Quanto mais anos vivo mais sinto como ela se esvai facilmente entre os dedos das mãos.
Ao mesmo tempo, quanto mais aprendo da vida, menos valorizo as conquistas materiais: a vaidade, o luxo, o poder… cultivadas na juventude. As honrarias, o prestígio e os bens são menos apreciados se conseguimos avançar na busca da sabedoria.
Quanto mais o tempo passa, mais vejo solidificada a convicção do valor da saúde para poder usufruir daquilo que é o melhor que a vida nos oferece: o amor familiar e a companhia dos amigos. Cultivo para preservar estes sentimentos os valores morais e éticos: a dignidade, a autonomia, a liberdade e a civilidade.
A maior lição da vida, que descobrimos a duras penas, é a conscientização da nossa insignificância. A vida nada mais é do que uma grande ilusão. Não somos donos do nosso destino e nem do dos outros. Somos fruto do acaso, das circunstâncias. Nada mais do que uma pequena peça de uma complexa engrenagem.
Somos nada mais nada menos do que passageiros de uma curta e imprevisível viagem. Não sabemos o futuro e até o passado é incerto. O nosso entendimento dele muda de acordo como mudamos as nossas perspectivas. Olhamos o passado por um caleidoscópio. Basta mudar de posição para mudar a visão. Surpreende como muda com o tempo a nossa visão de fatos vividos.
Outro engano é a sensação de pertencer a algum lugar. Como o é de ser de alguém ou de que alguém nos pertença. Não somos donos de nada. Tão somente temos posses temporárias das coisas. Esta realidade nos impõe não nos levar muito a sério. As vaidades deste mundo não suportam o menor dos fracassos.
Por tudo, na consciência da nossa insignificância, devemos , como ensinou Cristo: “amar o nosso próximo como a nós mesmos” . A vida só vale a pena de ser vivida se for uma caminhada para semear bondades — sem esperar retorno. Só assim poderemos merecer a felicidade.
Ao ensejo do Natal, cujo espirito é a glorificação da solidariedade humana, desejo a todos, extensivo aos seus familiares, felicidade perene.
Bom Natal e Prospero Ano Novo.
Sao Paulo, 15 de dezembro de 2024.
Jorge Wilson Simeira Jacob
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