Segundo John Dewey ( 1859-1952 ) , filósofo e educador americano, na avaliação de uma situação, o que deve ser levado em conta é a tendência. Se ela está melhorando, não importa quanto mal está …tudo está bem; se está piorando, não importa quanto bem está … tudo está mal. Diz ele: nas análises, o que deve prevalecer é a tendência.
Com vista a essa lição filosófica de Dewey, pensando o cidadão brasileiro, devemos, tomar como ponto de partida os dados presentes, registrados no gráfico impresso, abaixo, sobre o histórico da renda per capita de alguns países e acrescentar a previsível continuidade das nossas práticas políticas para avaliar a previsível tendência .
O Brasil não aparece bem na foto. O resultado é deprimente. Só a Venezuela — exemplo de um desastre de administração pública, destaque internacional de atraso na gestão da economia — teve pior desempenho que nosso país. Até a desastrosa Argentina saiu-se melhor do que nós. Portanto, o ponto de partida não referenda as políticas adotadas para melhoria da renda per capita dos brasileiros ( RPC ).
Válido esclarecer a diferença entre a RPC e o PIB. A RPC indica a situação econômica do universo em questão — os cidadãos . Difere do produto interno bruto (PIB) que atenta para a riqueza da nação. São critérios distintos. A RPC diz respeito à situação dos indivíduos, que como mostra o gráfico, piorou, ainda que o PIB tenha crescido.
A RPC é o resultado do PIB dividido pela população. Se o primeiro cresce, como tem acontecido no Brasil, mas o aumento da população a supera, o resultado é queda da RPC. Em outras palavras, se o bolo cresce, mas aumenta a população, as fatias individuais diminuem. O que significa empobrecimento, como mostra o gráfico abaixo.
O Brasil ficou mais rico no último decénio, mas os brasileiros ficaram mais pobres no período. Andamos para trás.
Qual a tendência?
Se os dados passados não refletem o futuro, como ensina o mercado financeiro, mas eles podem ser uma tendência se não houver alterações nos fatos causais.
Uma foto do presente tendo em vista as estruturas políticas do Brasil e a governança previsível mostra que as causas do nosso subdesenvolvimento não serão alteradas de forma substancial para mudar a curva descendente da RPC. Os países que enriqueceram os seus cidadãos adotaram como política instituições confiáveis, incentivo à livre iniciativa, respeito à propriedade privada e valorização do mérito, que provaram ser a razão do enriquecimento das nações. Elas não dão mostras que serão implementados na administração do país em horizonte previsível.
Ao contrário, o atual populismo acrescenta distorções na economia em escala peronista: há bolsa para tudo. O intervencionismo, a insegurança jurídica e sobretudo a corrupção decorrente de um governo balofo estão no DNA do país. Esta política somada à proteção aos improdutivos, paga com o suor dos produtivos, é o caminho da redução da RPC. A tendência, em se fazendo mais do mesmo, como é previsível, é termos a reprodução do gráfico abaixo nos próximos dez anos.
O Brasil não escolheu ainda o caminho certo. Portanto, segundo Dewey, estamos mal.
São Paulo, 18 de outubro de 2024.
Jorge Wilson Simeira Jacob
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