sábado, 26 de outubro de 2024

 Laissez - faire


Colbert, poderoso ministro do rei Luiz XIV da França, no século XVII,  interessado no desenvolvimento econômico, reuniu os mais importantes empresários do país e lhes propôs ajuda: “ o que eu posso fazer para ajudá-los?”. Legende, um comerciante, teria dito: “laissez faire, laissez aller, laissez passer, le monde va de lui-même”, que é traduzida para “deixai fazer, deixai ir, deixai passar, o mundo vai por si mesmo”. A expressão também é conhecida na forma grafada com hífen (laissez-faire).


O dito do empresário  Legende  em poucas palavras, consubstancia uma teoria econômica, que propõe uma diminuição da interferência política. Assim, restringe-se também a atuação do Estado na economia. Caberia ao poder público apenas a fiscalização e regulamentação.


Foi Adam Smith,  o mais importante teórico do liberalismo econômico, que teorizando sobre “ a mão invisível” afirmou :  "não é da benevolência do padeiro, do açougueiro ou do cervejeiro que eu espero que saia o meu jantar, mas sim do empenho deles em promover seu "auto-interesse".  Assim acreditava que a iniciativa privada deveria agir livremente, com pouca ou nenhuma intervenção governamental. A competição livre entre os diversos fornecedores levaria não só à queda do preço das mercadorias, mas também a constantes inovações tecnológicas, no afã de baratear o custo de produção e vencer os competidores”. Laissez-faire, disse ele!


Laissez-faire passou a ser uma  chamada à ordem dos adeptos da economia de mercado. É a  ação individual que propicia o melhor para todos. A contrapartida, a crença de ser o governo o indutor do desenvolvimento só tem acumulado fracassos. Os governos são o retrato no espelho do fracasso empresarial. 


Infelizmente o Brasil não aprende com os erros. Os nossos governos acreditam que,  substituindo a “ mão invisível” pela do governo, estão tirando o país da miséria e da péssima distribuição de renda. 


Uma lista dos empreendimentos governamentais fracassados — se somados —  certamente causariam espanto. São refinarias no Rio de Janeiro e em Recife, é a fracassada “ brincadeira “ de produzir sondas e navios ( Sette Brasil ) , é a aventura com o monopólio da informática para produzir computadores ( Cobra ) … e por aí se foram bilhões de dólares de prejuízo. Sem esquecer o fracasso à proteção da indústria nacional e a zona Franca de Manaus — que depois de décadas só servem para onerar o consumidor nacional.


A China tornou-se um exemplo vivo por ter vivido, em menos de um século,  as duas situações. Sob o regime comunista ( estado empresário ) só gerou miséria e sofrimento à sua população. Com parcial liberação da economia ( laissez-faire ), em três décadas coloca o país como a maior economia do mundo. Além de poder ostentar o título de ser o país que mais cidadãos tirou da miséria. A mão invisível fez rica uma nação que a mão do governo tinha feito pobre e injusta. 


Quem não aprende com os erros está sujeito a repeti-los. É o que estamos insistindo em fazer no Brasil. O governo continua a acreditar ser o indutor do desenvolvimento — vem aí a indústria naval 2 ( a número 1  faliu com 20 bilhões de prejuízo) , como um exemplo. Melhor seria “ deixai fazer, deixai ir, deixai passar, o mundo vai por si mesmo” para vencermos uma estagnação da economia que comemora quatro décadas. 


São Paulo, 17 de julho de 2024.

Jorge Wilson Simeira Jacob


Nenhum comentário:

Postar um comentário