O fracasso do Bolsonaro
Bolsonaro errou menos pelo que fez e mais pelo que não fez. Fracassou na tentativa da reeleição por pequena desvantagem. Teria vencido se tivesse feito o que prometeu em campanha: — reduzir o tamanho do governo para liberar a economia.
Na sua presidência limitou-se a poucas privatizações e uma limitada redução do número de ministérios. Mas falhou ao não eliminar funções. Reduzir os cargos ( posições no organograma ) sem reduzir as funções ( tarefas ) , não altera substancialmente os custos do governo. Guedes , como Ministro da Economia não eliminou funções , simplesmente as acumulou.
Milei , presidente da Argentina, não está dando mostras de cometer o mesmo erro. Atacou a esclerose da máquina com três ações: privatização , desburocratização e cortes de custos. Deu de partida um choque de liberdade, pois a contemporização trabalha contra as reformas. Sabe ele que os parasitas do governo usam do tempo para boicotar o plano de governo e a sociedade quer ver resultados.
Ao contrario, Bolsonaro não cortou os custos da máquina desburocratizando o governo. A eliminação de funções, não só reduz o custo como tem a virtude de destravar as atividades das empresas geradoras de emprego e desenvolvimento. A privatização depende do apoio do legislativo, que é um jogo político, e de enfrentar a resistência dos seus beneficiários , que vivem à sombra das empresas estatais — políticos, funcionários e lobistas. Já a desburocratização depende da vontade política do gestor. Milei está fazendo isto no seu governo.
Milei soltou uma lista de desburocratização, com base em decretos — o que deu-lhe liberdade de ação (o que poderia também ser feito no Brasil) . É de boa tática atacar prioritariamente aquilo que não depende de aprovação do Congresso e que desmoraliza a justificativa de não existir apoio do sistema para enxugar o governo.
Só com a desburocratização , Melei criou condições para acelerar o desenvolvimento da Argentina. A lista de corte de funções e de cargos é incrível. E mostra as inúmeras amarras impostas pelo governo à iniciativa privada. O político-intervencionista é como dono de um pássaro que o prende na gaiola e reclama por ele não voar. O nível de amarras burocráticas , leis, decretos e regulamentos, se contam aos milhões. Se as restrições aos nossos pássaros de voar fossem divulgadas, como o fez Milei, a nação ficaria estarrecida.
Bolsonaro e o seu Posto Ypiranga perderam a reeleição por não darem o choque de liberdade que os que votaram nele esperavam. A sociedade não tem consciência do exagerado número de restrições que lhe são impostas pelo governo .”O intervencionismo é o caminho da servidão ( Hayek )”.
Milei cortou custos: reduziu o número de ministérios e secretarias , cancelou um número expressivo de funções, vai vender carros e aviões que serviam aos políticos . Teve a virtude de eliminar funções — que geram gastos e impede o pássaro de
voar. E deu bom exemplo cortando na própria carne.
Em demonstração de habilidade política e preocupação social. Milei criou um programa de amparo aos menos afortunados e uma postura firme com os manifestantes que perturbarem a ordem ou desrespeitarem as leis. Ele se mostra intransigente com as restrições à liberdade individual e o respeito à Lei e a Ordem.
Bolsonaro fracassou por não mostrar resultados compatíveis com a sua promessa eleitoral. Ficou devendo corte de custos, privatização e desburocratização para tirar as garras do governo dos ombros dos cidadãos.
Sao Paulo, 23 de dezembro de 2023
Jorge Wilson Simeira Jacob
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