domingo, 3 de setembro de 2023

 A bola de cristal.



Só pode ter sido um gênio aquele que descobriu termos todos uma bola de cristal. É ela que nos explica fenômenos passados e  nos permite ver o futuro. Se entender o preterido é diabólico , prever o futuro é divino.


Muito mais do que temos consciência, usamos a nossa bola de cristal tanto para nossa vida pessoal como para ver o futuro do país. Por exemplo, os argentinos  conscientes, olhando a sua história veem o mal que o Perón e Evita,   com os seus descamisados , fizeram à então rica Argentina. 


Contrariando o que seria natural - a evolução -  a nação Argentina involuiu. Surpreendente é ter essa trajetória ter durado sete décadas. Com exceção do governo Macri, nas eleições livres todos os candidatos eram peronistas. Iam dos mais aos menos radicais. Nenhuma candidatura se arriscava a competir sem a chancela peronista. Atualmente, em regime de caos, parece que os argentinos parecem ter  caído na realidade e poderão  escolher um candidato não populista-socializante  para levantar a nação que está de joelhos. 


Quando, se isto acontecer, os setenta anos de decadência não  serão recuperados sem enormes sacrifícios. A medida fundamental  é a redução dos gastos do governo, diz  Javier Milei , o possível novo presidente. Consciente do excesso de intervencionismo, promete reduzir a oito os ministérios , acabar com o Banco Central e dolarizar a economia para debelar a inflação - que só será reduzida a níveis suportáveis se o governo equilibrar o orçamento. 


O dólar, sem contenção dos gastos, como já aconteceu , por si só não conterá a inflação. Não basta trocar o termômetro se a febre não for debelada. E esta é um fenômeno monetário gerado pelas despesas descontroladas do governo.


Já, os brasileiros conscientes, olhando a nossa bola de cristal, veem que o equilíbrio das contas públicas deu-nos estabilidade monetária, mas, sem redução dos gastos, trouxe a estagnação da economia, que não cresce per capita há quarenta anos. O incrível é a passividade da nação diante de resultado tão ruim.


Olhando para o futuro, o nosso horizonte é de desequilíbrio orçamentário com o aumento da dívida pública ( só os ingênuos acreditam na proposta de Haddad de zerar o déficit no próximo ano ). O que nos mostra a bola de cristal é ainda o  aumento da tributação que já se mostrou insuportável. Se a carga vai incidir sobre os mais ricos, o que é defensável, mas nem por isto deixa de esterilizar recursos para o país desenvolver-se.


No aspecto político , tudo indica que , a exemplo da Argentina, teremos muitos anos de populismo-socializante ( serão iguais aos setenta anos argentinos ?) . Há os que acreditam que o caos provocará uma reação positiva, mas são desestimulados pela miséria da África , Cuba, Venezuela…


Diz um ditado que os inteligentes aprendem com os próprios erros e só os sábios aprendem com os erros dos outros. Nestes vinte anos não aprendemos nem com os nossos erros e nem com os dos  nossos irmãos da América Latina. Nem usamos a inteligencia e menos ainda a sabedoria.



Em crise de desanimo, espremo a minha bola de cristal em busca de esperança. Pressionada, ela sentencia: “ O Brasil vai continuar a regredir lentamente. Como o processo será lento, a estagnação será seguida de dificuldades econômicas,  até esgotar a capacidade contributiva da nação, o populismo continuará no poder fazendo mais do mesmo do que lhes deu o poder - populismo-socializante com o enganador título de democracia social.


Imploro à minha bola de cristal por uma possibilidade de esperança. Ela ficou negra, sem brilho, tremeu e sentenciou : “ a situação é grave , as massas não tem consciência do que as espera. As elites menos ainda. Não veem que o sapo está sendo cozido em água  morna. Não haverá, prevê-se,  um fato a justificar uma ruptura, mas sim um esgarçamento lento do tecido social. As elites brasileiras estão dormindo de botinas em berço esplêndido. Só um milagre salvará o Brasil. Eles são raros, mas acontecem”.



São Paulo, 30 de agosto de 2023.

Jorge Wilson Simeira Jacob








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