sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

 




O Modelo Singapurense.


O  Muro de Berlim  não foi só uma divisa geográfica  que desunia as duas Alemanhas. Foi fundamentalmente um marco na história das ideologias.  A sua queda, se não foi o fim da história,  como preconizou Fukuyama, que assegurava, que doravante só restaria no mundo como  opção a  democracia liberal, foi o fim da ideologia comunista. Com o desmantelamento da União Soviética ( URSS ), restou no mundo comunista a China e uns poucos inexpressivos países   como Cuba, Albânia e  Coreia do Norte.  


Na China, entretanto, o regime estava nos seus estertores. Nos finais dos trinta anos do governo de Mao Tse Tung ( 1976), um poeta tirano, o país vivia um caos econômico e político. Com a sua morte, assume, em 1978,  Deng Xiaoping, como Secretário Geral do PCC, líder da área direitista do partido, que viria a ser o responsável pela fundação da China moderna. Ele viveu em Paris com uma  bolsa de  estudos, onde foi simultaneamente,  operário, bombeiro e ajudante de cozinheiro. Fez curso de graduação de comunismo em Moscou. Tinha por vivência e mentalidade  uma  visão prática da vida. Não era um poeta como Mao, mas um realista.  


Como Primeiro Ministro Chinês , Deng fez visitas aos EUA, Japão e Singapura para observar as economias que estavam dando certo. Destas, o impressionou o Modelo Singapurense. Um governo  baseado na meritocracia, boa governança e ausência de corrupção.  Singapura era um casamento de  democracia autoritária e total  liberdade econômica, que colocou uma  ilha pobre de recursos em um dos países mais prósperos do mundo.  Singapura, com tributação baixa, ambiente favorável ao empreendedorismo e o primeiro lugar no Ranking de Liberdade Econômica, saiu da condição de um entreposto colonial pobre e violento para ser um dos 4 Tigres Asiáticos. Atingindo a condição de estar entre as quatro mais ricas regiões do mundo medidas por renda per capita.


Quando Singapura separou-se da  Malásia, tornando-se um país independente , teve como Primeiro Ministro Lee Kuan Yew,  de 1959 a 1990. Com  um governo forte,  leis severas, mas com ambiente favorável aos negócios, o país desenvolveu-se tornando um modelo a ser imitado. Lee foi estudante  da London School of Economics, onde lecionaram, Friedrich Hayek, Karl Popper e outros expoentes do pensamento liberal. Os resultados do acerto do seu governo, copiado pela China, são eloquentes se analisados por qualquer parâmetro, mas especialmente com o Brasil. Vejam os dados, a seguir:


Competitividade: Cingapura 1º x  Brasil 71º

Liberdade econômica: Cingapura 1º x Brasil 144


Facilidade para empreender: Cingapura 2º x Brasil124º

Horas gastas por ano para pagar imposto: Cingapura 64h xBrasil  1.501horas

Liberdade Individual: Cingapura 30º x  Brasil 109º


IDH: Cingapura 9º x  Brasil 79º

PIB Per Capita: Cingapura 3º x  Brasil 90º

Carga tributária: Cingapura 14,1% x Brasil 32,3%


PISA (média): Cingapura 2º x Brasil 68º


Deng , uma mente aberta e disposto a ouvir, tomou Lee como referência . São muitas as ocasiões  em que se aconselhou com ele. Aproveitando do bom relacionamento,  enviou 22 mil funcionários chineses para estudar Singapura. Seguro do caminho a seguir, inicia uma reforma da economia de baixo para cima. Começa pelos municípios com uma total abertura nas famosas Zonas Francas de Livre Comércio . Uma revolução dentro de uma economia estatizada. A abertura da  economia de comando para a de mercado, não aconteceu  sem as resistências dos ideólogos do partido. Deng, porém , foi pragmático: “ não importa a cor do gato, desde que cace o rato” . Frase que ficou como a  marca  do estadista. 



Nascia, assim, com o  comando do denominado “ chefe das reformas “   uma  nova China, que  tornou-se a primeira economia mundial, tirando da miséria milhões de chineses. Deng é , pois,  o fundador da  China Moderna. Os seus gatos, mais capitalistas do que os capitalistas do ocidente, caçam os ratos em todos mercados mundiais. Enquanto nós outros ficamos bordando a ideologia do “ tudo pelo social” , gerando distorções e desemprego,  os chineses pragmáticos caçam os nossos ratos. Sem resultados, ficamos pobres de ratos, mas ricos de ideais - que não pagam as contas. A diferença está em quem sabe copiar o que deu certo  e os  que insistem  em andar em más companhias. Referendando a crença popular dos chineses de que “neste mundo nada se cria, tudo se copia”… de preferência o que funciona.





São Paulo, 17 de março de 2022.

Jorge Wilson Simeira Jacob


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