sexta-feira, 19 de agosto de 2022

 





INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL.



Título: Inteligência Artificial 

Editora Globo S/A

292 páginas - português 

Mercado Livre R$ 37,90

Estante Virtual R$ 15,00 ( usado )


Ninguém embarca em um meio de transporte, qualquer que seja o veículo,  sem informar-se do seu destino. No entanto, a humanidade   está  embarcada na própria vida sem esforçar-se por saber para  onde está  indo. Em momento delicado como esse, quando  estamos  vivenciando uma revolução tecnológica com as suas consequências, poucos estão atentos. Só uma elite de bem  informados dedica-se a tentar entender, dentro do possível, o que o futuro nos reserva. 


A Inteligência Artificial ( AI ) será um marco na história da humanidade. Uma revolução da importância da Revolução Industrial, que mudou o mundo. Depois dela tudo estará mudado. Um pouco do que espera as  próximas gerações pode ser apreendido no livro Inteligência Artificial .  Kai-Fu Lee, o autor, com a autoridade de criador da AI  , um dos principais executivos de inovação de empresas como Apple, Google e Microsoft, em narrativa agradável, historia  a evolução tecnológica, fazendo  futurologia bem fundamentada.


As AI são máquinas pensantes com a capacidade de realizar qualquer tarefa  intelectual que um ser humano pode fazer. Terá efeitos profundos na empregabilidade. Muitas funções serão substituídas por robôs e outras tantas simplesmente deixarão de existir.  Estima o autor que de 40 a 50% das tarefas hoje existentes poderão ser substituídas com vantagem por robôs. Não só as atividades corriqueiras, mas também as mais sofisticadas como,  por exemplo, os médicos. Com a AI os  pacientes serão atendidos por robôs, que tem uma capacidade de processar dados, quase infinita, cujos resultados serão diagnósticos e prescrições mais precisos. O acompanhamento será feito    por “ cuidadores compassivos”, que darão o toque  humano hoje tão carente em nossos hospitais. Ganharão os pacientes, perderão os médicos!




Os Estados Unidos lideram a corrida para o domínio dessa inovação, mas  em breve  a China os  igualará   no desenvolvimento e implantação da inteligência artificial . O avanço chinês traduz-se em dados surpreendentes. Diz a  Pricewaterhouse,  a AI acrescentará  15,7 trilhões  de dólares  ao PIB  global até 2030: dos quais a China ficará com 7 trilhões e os Estados Unidos com 3,7 trilhões. Dizem ironicamente os  empresários chineses, quando   questionados sobre  o atrazo da China em relação ao Vale do Silício, de ser de dezesseis  horas, que é a diferença do fuso horário entre a Califórnia e  Pequim.



A China está surpreendo até os bens informados. Para quem pensa na China como um lugar horrível de trabalhadores mal pagos irá se frustar. Essas fábricas existem, mas o ecossistema manufatureiro chinês passou por uma grande  atualização  tecnológica. Hoje a vantagem de fabricar na China não é mais a mão de obra barata… mas a flexibilidade incomparável das redes de suprimentos e os exércitos de engenheiros industriais  qualificados que podem criar protótipos de novos dispositivos e construí-los em grande escala.




As consequências dessa nova realidade, com a aplicação da AI as desigualdades entre as nações desenvolvidas e as outras serão ampliadas. As atividades de baixo valor agregado serão feitas por robôs com custo competitivo em relação à mão de obra sem qualificação. Muitos produtos fabricados em regiões de baixo custo da mão de obra poderão tornar econômico voltar a produzi-los nos  Estados Unidos e Europa. A verdade é que os  robôs trabalham o mesmo número de horas e com a mesma perfeição dos chineses, sem terem os ônus dos custos sociais e trabalhistas.


A quem é recomendável ler Inteligência Artificial?


Em se tratando de futuro, devem ler principalmente os estudantes, que estão por eleger uma profissão. Eles deveriam atualizar-se sobre a evolução da AI. Devem atentar não  só às oportunidades que virão como também às suas ameaças, pois os  empregos nesta área estão sendo disputados por jovens ávidos por  vencer. Conta o autor que, uma noite, após uma palestra em um campo universitário chinês sobre AI , foi surpreendido ao ver os  estudantes lendo  sob a luz dos postes. Como a luzes  dos dormitórios eram desligadas às  23 horas, eles usavam a iluminação pública para aprofundar o conhecimento sobre o tema.


Mas não só os que devem eleger uma profissão devem interessar-se pela AI. As consequências serão profundas e poderão ter sérios desdobramentos políticos, econômicos e sociais. O texto dá algumas sugestões, algumas indesejáveis , para responder a questões como: - O que fazer com a grande massa de desempregados? - Como manter a paz social em uma economia que aumenta as desigualdades entre as pessoas e os países? - Como evitar a desumanização do homem?


Uma questão que ficou sem resposta foi a levantada por Elon Musk, físico e fundador da Tesla, de “ ser temeroso do desenvolvimento da AI por ser o maior risco que enfrentamos como civilização. Seria, segundo ele, o equivalente a estar convocando o demônio “. Como instrumento AI  poderá ser a concretização da previsão do Big Brother orwelliano, pois   dará aos governos intervencionistas o poder de eliminar a liberdade individual. Nas mãos das empresas a inteligência artificial será usada para criar produtos e serviços, nas mãos do governo poderá ser um instrumento de dominação. Se isto acontecer, estaremos realmente “convocando o demônio”. 


Jorge Wilson Simeira Jacob














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