Defasagem
Este mundo não é mais o meu!
O meu deixou de existir.
Neste, tudo é novo e diferente,
Não distingo mais quase nada.
Os circundantes são outros,
Não reconheço quase ninguém.
Grande parte dos antigos partiram
Deixando só lembranças
D’outros tempos e valores.
Para os novos, eu não existo,
Não compartilho das suas crenças.
Não faço parte da nova cultura.
Estou defasado.
Sinto a solidão, o estar só
No meio da multidão, sem face.
Um número substituiu o meu nome,
Como nos Campos de Concentração.
Tudo ficou impessoal, massificado.
A tecnologia afogou a individualidade.
Sobrevivo como um peixinho dourado,
Nadando n’agua fria , que não vejo,
Nos limites da tirania burocrática,
Que cerceia a minha liberdade.
Sou só mais um dos peixinhos,
Prisioneiro em um aquário,
Monitorado pelos satélites, radares
E controles financeiros dos meus atos.
Não sou ninguém, mas, como um criminoso,
Sou policiado passo a passo.
Defasagem!
Tudo mudou, menos eu.
Não mudei e não quero mudar.
Continuo com os valores da individualidade,
Da busca da liberdade perdida,
Do assumir as minhas responsabilidades,
Do valor do calor humano, do contato pessoal,
Do repúdio à desumanização tecnológica,
Do amor aos indivíduos e o temor das massas.
Sonho ser um todo e não um pedaço do coletivo.
Sobretudo - quero ser independente!
Mas a mantra do tudo pelo social venceu,
A sociedade sufocou a individualidade.
Estou defasado,
Este mundo não é mais o meu!
São Paulo, 16 de agosto de 2021.
Jorge Wilson Simeira Jacob
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