segunda-feira, 16 de agosto de 2021

                                                            Defasagem



Este mundo não é mais o meu!

O meu deixou de existir.

Neste, tudo é novo e diferente,

Não distingo mais quase nada.

Os circundantes são outros,

Não reconheço quase ninguém.

Grande parte dos antigos partiram

Deixando só lembranças

D’outros tempos e valores.

Para os  novos, eu não existo,

Não compartilho das suas crenças.

Não faço parte da nova cultura.


Estou defasado.


Sinto a solidão, o estar só 

No meio da multidão, sem face.

Um  número substituiu o meu  nome,

Como nos Campos de Concentração.

Tudo ficou impessoal, massificado.

A tecnologia afogou a individualidade. 

Sobrevivo como um peixinho dourado, 

Nadando n’agua fria , que não vejo, 

Nos limites da tirania burocrática,

Que cerceia a minha liberdade.  

Sou só mais um dos peixinhos,

Prisioneiro em um aquário,

Monitorado pelos satélites, radares

E controles financeiros  dos meus atos.

Não sou ninguém, mas, como um criminoso,

Sou policiado passo a passo. 


Defasagem!


Tudo mudou, menos eu.

Não mudei e não quero mudar.

Continuo com os valores da individualidade,

Da busca da  liberdade perdida,

Do assumir as minhas responsabilidades,

Do valor do calor humano, do contato pessoal,

Do repúdio à  desumanização tecnológica,

Do amor aos indivíduos e o temor das massas.

Sonho ser um todo e não um pedaço do coletivo.

Sobretudo - quero ser independente!

Mas  a mantra do tudo pelo social venceu,

A sociedade sufocou a individualidade.

Estou defasado, 

Este mundo não é mais o meu!



São Paulo, 16 de agosto de 2021.

Jorge Wilson Simeira Jacob

Nenhum comentário:

Postar um comentário