sábado, 26 de junho de 2021

 A luta da inveja versus o egoísmo.



O  Criador, segundo a Bíblia, expulsou do Paraíso  Adão e Eva, pelo pecado original,  condenando-os a amassar o pão com o suor das suas testas. Esta  condenação estabeleceu a primeira das  desigualdades entre os homens:  os que teriam que suar as testas para comer o pão e os que morreriam de fome. A partir daí nunca mais os homens tiveram  partida igual na partilha dos  bens terrestres. O esquema  funcionou pacificamente enquanto a humanidade resumia-se a um  restrito núcleo familiar, uma organização que pratica o ideal comunista de: - dar a  cada um de acordo com as suas necessidades e de cada um das suas possibilidades. Mesmo assim não impediu a  rebeldia  de Caim  matando  Abel,seu irmão. Este evento  de pura inveja marca o início das demonstrações de insatisfação com a desigualdade.


Na história de Roma os irmãos Graco *  foram assassinados por suas propostas de redução das desigualdades econômicas dos plebeus.  Não só em Roma, mas em toda a  humanidade  a desigualdade nunca deixou de incomodar. Só não foram às últimas consequências por terem sido desestimuladas pela pregação: -  do cristianismo, no Ocidente, que promete que os céus serão dos humildes; -  e das tiranias do Oriente, que sufocavam as vontades pela força. Na Índia, a maior democracia do mundo, as aspirações são contidas  pela religião  e pela divisão da sociedade  por castas. Com estes instrumentos de dominação, os desfavorecidos  são contidos pela resignação e pelo fervor religioso .  Recentemente, no  século 18,  surge  a ideologia socialista baseada na luta de classes. Segundo esta concepção, uma ação política faria uma justiça social distribuindo os frutos independentemente do suor derramado.  Este discurso pôs  calor no debate entre a inveja e o egoísmo. Uns cobiçando o que não lhes pertence e outros recusando-se  a   abrir mão das suas conquistas. Uma  disputa que pode ser classificada como a  luta do capitalismo versus o socialismo ou  do egoísmo versus a inveja. 


A democracia americana inovou com o  voto universal.  Deu poder político às massas, que pressionam os governos a redistribuir as rendas, tributando quem tem para transferir aos outros. Os governos, com vistas aos votos da maioria,  para aplacar os apetites, alargam a sua ação intervencionista . A consequência foi o incessante crescimento da máquina governamental, cuja degeneração e corrupção  é correspondente. Como viciado, que um gole, em vez de saciar a sede, pede outro, assim são as expectativas populares e o crescimento da avidez da bur(r)ocracia ** . Porém, como  na Física  a Economia também  tem limites. Nesta apresenta-se  no esgotamento da capacidade contributiva dos cidadãos. Como os recursos são sempre inferiores às necessidades, chega-se  a uma situação de atrito  entre a inveja e o egoísmo, entre o  “ nós e eles”, tão bem explorado pelos demagogos.





Há, porém, uma distinção a ser feita: - onde o tributo arrecadado retorna em benefícios ao povo e , onde, não retornam,  são gastos com a máquina pública. Quando o produto da arrecadação retorna em serviços e benefícios aos cidadãos, há uma redução na desigualdade; mas se a  máquina governamental esteriliza os recursos arrecadados em sua manutenção, há o aumento da desigualdade. De onde conclui-se ser o governo perdulário, burocrático, o maior  responsável pelas desigualdades.

 A desejada melhoria das condições dos menos favorecidos  deve começar pelo melhor cuidado com aquilo em que todos são iguais. Somos todos igualados, independente da  situação sócio-econômica,   no uso  dos bens fundamentais : Segurança, Justica, Soberania Nacional, Educação e Higiene. Somos  também nos bens de uso comum: na qualidade da água, do ar, das vias públicas, comunicação , mobilidade… Somos, ricos e pobres, desiguais  é nos consumo dos bens conspícuos: carros e restaurantes de luxo, aviões particulares, iates, as grifes…  Aceita esta divisão entre os diversos bens ( fundamentais e conspícuos) , um processo de redução da desigualdade deve  começar pelo governo cuidando dos bens fundamentais e deixando os não fundamentais por conta da sociedade. Assim , o governo melhoraria  a vida de todos naquilo em que estamos igualados, que é o fundamental para a qualidade de vida e deixando  a

as desigualdades  entre os Abeis  e os Caims  limitada aos bens  conspícuos, que segundo a Bíblia devem ser conquistados com o suor de cada um.


  • Os irmãos Graco são conhecidos reformadores romanos que tentaram realizar a reforma agrária e outros tipos de reformas em benefício dos pobres. Ambos, chamados Tibério e Caio, foram eleitos tribunos da plebe e acabaram sendo vítimas dos senadores insatisfeitos com as medidas defendidas por eles.

** bur(r)ocracia brasileira - a máquina do governo, entre arrecadação, inflação e endividamento, esteriliza perto de cinquenta por cento do que é produzido no Brasil, pelo péssimo retorno nos bens essências. Não só administra mal  como dificulta a vida de quem quer trabalhar. A bur(r)ocracia produz 700 regras tributárias por dia, como obstáculos à produção, desde 88 até 2017 produziu 5 milhões de normas tributárias, colocando o país na posição 184 entre os 190 piores países para pagar impostos. O resultado é  maior contencioso fiscal do mundo - 5 trilhões de reais. 



São Paulo, 26 de junho de 2021.

Jorge Wilson Simeira Jacob


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