Entre o uso e o abuso.
A nossa mente é formada por um núcleo de razão envolta por uma camada de emoção. É esse núcleo que nos distingui dos animais irracionais. Estes, os irracionais, são constantes ao agir intuitivamente. Já nós, os racionais, alternamos razões e emoções. Independentemente de serem as nossas decisões lúcidas ou não . Tanto há decisões pensadas e ponderadas que são ilógicas, como há as baseadas na pura emoção que são lógicas. O que temos na verdade é um equipamento do raciocínio lógico, ainda que nem sempre o usamos. É a existência deste potencial que nos faz superiores na escala animal. Seríamos realmente superiores?
Mais do que as palavras devem prevalecer os fatos. Nada como uma situação crítica para acentuar as situações. A atual pandemia que estamos vivenciando, vem mostrando o quão frágil é o nosso uso da razão. As medidas profiláticas em vigor estão cobrando um preço elevado da sociedade, principalmente dos jovens, que não suportam o isolamento social e das classes menos favorecidas, que não conseguem sustento para a família . É comum ouvir de terapeutas o crescimento exponencial da depressão entre os jovens e ler nos meios de comunicação o crescimento do número de suicídios. A herança das medidas preventivas ao coronavírus será uma sociedade traumatizada psicologicamente. Este é um fator que não têm sido considerado no balanço contábil divulgada pelos governos nos resultados do combate ao coronavírus. Conta-se só as lamentáveis mortes. A saúde mental não está sendo devidamente considerada.
Pouca importância tem sido dada ao fato de que o homem é um ser gregário. Não sobrevive no isolamento. A vida social é parte da nossa felicidade. Um clima mínimo de segurança física e psicológica é necessário à nossa estabilidade emocional. Tudo isto nos está sendo negado no presente momento. O stress está sendo exacerbado pelo uso e abuso do medo, como instrumento pedagógico para disciplinar a população ao uso das mascaras, a evitar o contato físico, à higienização das mãos, ao perigo dos ambientes fechados.... Acresce o fato de os médicos estarem perdidos, não há uma opinião dominante, mas muita especulação. E, como sempre, a imprensa acentua a gravidade com manchetes negativistas. Não se tem boas notícias. Nem as vacinas deixam de ser questionadas. Nada pior para alimentar o medo do que as incertezas e estas são o que há de sobra! Podemos no cenário vigente, em que a racionalidade foi abafada pela emoção, constatar que muitos de nós não estão fazendo jus à classificação de seres superiores. Sob o medo, muitos, e o pânico, alguns, a racionalidade foi abafada pela emoção e sobrepõem-se a irracionalidade. Daí os exageros. As pessoas excedem-se nos cuidados e descuidam do equilíbrio emocional. Onde o medo prevalece instala-se o desequilíbrio entre o razoável e o emocional. Entre o uso e o abuso, no meio termo, está a virtude do bom senso.
São Paulo, 28 de maio de 2021.
Jorge Wilson Simeira Jacob
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