A involução da espécie.
No início dos tempos, a Terra foi povoada com uma infindável variedade de animais, cuja atividade limitava-se à sobrevivência - alimentação, proteção e sexo. Geração após geração espécies foram sendo dizimadas . Só sobreviveram as mais fortes ou as que se adaptaram aos inúmeros desafios da selva bruta. Entre os bem sucedidos destacou-se um tipo de símio, justamente um dos mais fracos entre todos os habitantes. Este conseguiu a proeza da sua sobrevivência , não por suas virtudes, mas por ter incorporado as características viciosas dos outros. Surge então uma variante animal que se diferencia dos outros pelo uso da razão - o ser humano. Este torna-se uma síntese de todos os vícios de todas as especieis. Tomou a vaidade do pavão, a empáfia do leão, a dissimulação do camaleão, a covardia da hiena, o mimetismo do papagaio, a astúcia da raposa...além das próprias safadezas de macaco, que conservou. Com esta somatória de vícios dominou todo o reino animal.
Os outros animais não mais os viam como parte da vida selvagem. Entendiam que não guardavam , como eles, as características naturais da sua própria espécie, pois os humanos agiam de acordo com as circunstâncias e as conveniências, eram imprevisíveis. Ora são dóceis, generosos, até honestos, ora cruéis , invejosos, falsos, dominadores - sobretudo dissimulados. Enquanto os selvagem só caçam para saciar a fome, o humano o faz por prazer, por maldade e espírito de dominação. Principalmente diferenciam-se dos selvagens por serem os únicos animais predadores da própria espécie.
Os humanos , após se assenhorarem do reino animal, não satisfeitos na sua ganância dominadora, avançam para a dominação da sua própria espécie. Com astúcia formam Nações e organizam politicamente o Estado para viver às custas dos seus pares. A luta pela sobrevivência muda de patamar, sai da esfera selvagem e passa para a civilizada. Os dominadores, agora chamados políticos, usam de todos os vícios adquiridos das feras: enganam os inocentes, exploram as fraquezas, trapaceiam os seus pares, mentem continuamente e prometem mundos e fundos, que sabem não irão cumprir. E como parte da luta pela sobrevivência, os vencedores, com honrosas excepções ,serão os que mais vícios tiverem e que com maior empenho os praticarem. As suas conquistas serão duradouras enquanto os ingênuos não se derem conta de ser vítimas de uma involução que ameaça a própria espécie.
São Paulo, 28 de janeiro de 2021.
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