domingo, 3 de janeiro de 2021

 Viva a democracia!!!


  Nos governos das democracias, baseados no estado de direito, deveria prevalecer o direito à ampla liberdade de escolha. O cidadão deveria ser o dono da sua vontade tendo o poder político de escolher os governantes, que por lei, deveriam assegurar o direito à propriedade, à herança, e à economia de mercado como garantias  da liberdade individual. Na ditaduras não é bem assim, os  governantes são impostos ao arrepio da vontade do povo  e os agentes econômicos não são os vencedores na disputa pela preferência do consumidor, mas na dos governantes. Nelas  o  mérito não é medido pelo melhor uso dos meios de produção em benefício da sociedade, mas pela contribuição aos interesses dos políticos no poder.


Estes dois instrumentos  de governos, o  político e o econômico, não são impermeáveis, misturam-se ao sabor de inúmeras composições fazendo um blend  particular. A URSS, por setenta anos,  fez o seu adotando doses máximas  de ditadura política e econômica, suprimindo os  direitos políticos e  estatizando todos os meios de produção. A eliminação dos direitos políticos e  da propriedade privada, resultou numa receita fatal. A pratica simultânea e radical levou  à falência o bloco soviético e todos os seus imitadores, sem exceção.  O Chile de Pinochet,  uma ditadura, fez um outro  blend,  conjugando a supressão dos direitos políticos, como a URSS,  mas com práticas elevadas de liberdade econômica, que deu como resultado a melhor economia da região. A China, depois de amargar  o blend soviético, copiou o modelo chileno - ditadura na política e  economia de mercado*. Ela,  em poucas  décadas, saiu da miserabilidade para ser a mais vibrante e próspera economia mundial praticando um  capitalismo acusado de selvagem, cujo  crime é o de  ter eliminado  a miséria e o atraso do país.


Nesses casos e em todos  os conhecidos fica evidenciado que uma ditadura pode  coexistir com qualquer dos modelos econômicos, evidentemente com diferentes resultados.  O contrário, porém, não ocorre. Não há um único caso de uma  democracia que tenha coexistido com a total estatização da vida econômica. Uma prova de que só um regime baseado na força, propiciada por uma ditadura,  consegue submeter uma sociedade aos inconvenientes da economia estatizada. Isto por uma simples e única razão de que nas urnas os eleitores, se livres forem, repudiarão os candidatos estatizantes. Nela, o cidadão deixa de ser o sujeito da ação   e passa a ser o  objeto, quando  a gestão da economia deixa de atender ao “egoísmo” do cidadão para subordinar-se satisfazer   ao “egoísmo” do burocrata de plantão. Ao deixar de  premiar o mais competente no uso dos ( escassos) recursos da economia, as energias dos agentes econômicos são desviadas da busca  do melhor desempenho econômico para a conquista da satisfação dos detentores do poder, cujas vítimas são os cidadãos.


O Brasil experimentou algumas ditaduras políticas, o que o vacinou contra os seus inconvenientes, mas não  provou uma estatização completa  do meios de produção. Temos uma estatização camuflada que não é perceptível a olho nu. Só os mais atentos identificam a atual queda de dinamismo da nossa economia como consequência da interferência governamental. Somos hoje uma democracia convivendo com significativa  estatização na economia  e com uma iniciativa privada sujeita à uma burocracia insuportável e onerosa. Mas  não ao ponto de ruptura ao romper os limites suportáveis  por uma democracia. Com isto, não indo ao radicalismo estatizante  de  uma URSS,  não quebramos,  e não copiando a adoção da economia de mercado da China, não nos  desenvolvemos. E assim, deitados em berço esplêndido,  inoculados do mal das ditaduras, ficaremos  até que um Boulosvirus estatize tudo para que, depois da inevitável falência, desenvolvamos também uma imunidade contra o vírus da economia estatizada. Viva a democracia!!!



  • Nota - este texto recebeu a seguinte  crítica que exige esta nota explicativa: A China não é uma história acabada, e  poderá terminar mal. A liberdade econômica é contagiante e acabará forçando a liberdade política. Hong Kong, modelo de capitalismo exitoso, está em rebelião por não aceitar a ditadura chinesa. De outra parte ,como em qualquer ditadura, existe  a interferência  nas decisões das empresas privadas, quando estas contrariam o governo. Estas críticas são pertinentes, mostram que a economia de mercado praticada na  China está sendo  poluída, não é pura.  Entretanto, se o fim desta aventura chinesa for a queda da ditadura e a plena liberdade econômica, os resultados serão  melhores e darão ainda mais motivos para regojizo. Ainda que a China não possa ser eleita como uma sociedade ideal, com uma ditadura criticável, na parte econômica deu um grande salto avante. E os erros existentes na economia são consequentes dos resquícios do planejamento centralizado e não das empresas. Mesmos os seus críticos reconhecem que o modelo de capitalismo chinês é muito mais livre das influências do governo do que o brasileiro.É inegável, como testemunham os que negociam com as empresas chinesas, a facilidade delas de  fazer negócios - a burocracia e os impostos são mínimos. Elas exibem a pujança das melhores empresas privadas do mundo. A prova do pudim favorece o modelo chinês!


São Paulo, 02 de janeiro de 2021.


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