segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

 Livro grátis para quem gosta de poemas.

Para receber , sem ônus, um exemplar do Aforismos Irreverentes e outros poemas, por favor, enviei o seu endereço postal ao e-mail jwsjbr@gmail.com 

É uma pequena seleção de poemas que dediquei  a todos os homens e mulheres que, por qualquer forma, sob qualquer circunstância, em qualquer tempo, foram tolhidos no Divino Direito de ser felizes à sua maneira.

Jorge





quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

 As raposas e as galinhas.



Na época em que os animais falavam, em um momento crítico, os galináceos estavam muito assustados. Não era para menos. Todas as noites o galinheiro era acordado com os gritos de pavor dos que estavam sendo devorados por enormes raposas. Estas eram insaciáveis. Comiam as vitimas com penas e tudo. Até o cacarejo era abafado, pois os que mais gritavam eram os primeiros  a ser devorados. Nada saciava a gula das raposas. 



Cansados das noites mal dormidas e de tanto tremer de medo, as aves fizeram uma reunião para discutir o problema e as possíveis  soluções. Todas compareceram. A gravidade da situação provocou uma mobilização geral. Uma galinha gorda, idosa, de penas brancas, líder do movimento, tomou a palavra. Ela relatou os acontecimentos e enumerou as causas que as vitimava: o confinamento entre as telas de arame que as impedia de fugir; e  a impotência frente a um inimigo poderoso, que tinha as chaves do portão e que agia sem restrições. Após  o dito,  deu a palavra aos demais.


Um jovem carijó, recém formado em sociologia na Unicamp, conhecido pelo seu idealismo, com a autoridade que todos os bens intencionados tem, tomou a palavra:

  • meus camaradas, o problema tem solução. Não há razão para o pânico. Todo o nosso desafio se limita à “vontade política”. Vamos nomear uma comissão para negociar novos termos de convivência com as raposas. Uma assembleia geral será formada e voltaremos a viver tranquilamente sob uma nova lei e ordem. 


O galinheiro entusiasmou-se com o discurso e em peso, exceto um velho galo, aprovou a ideia. A comissão foi formada e uma reunião agendada. No dia marcado, o jovem carijó, tomando a liderançapropôs às raposas  um pacto que civilizasse as relações conflituosas das partes,  e ofereceu de  saída: diariamente, colocar  algumas galinhas no portão de  entrada como um quinhão para comprar a paz . Mas, como contrapartida, as raposas não mais teriam  as chaves do galinheiro. E ponderava: com  isto poderemos  dormir tranquilos  e as raposas terão a sua ração diária sem precisar gastar energia para subjugar as vítimas. 


A surpresa foi geral quando as raposas caíram em gargalhadas, seguida  da decepção com a resposta:


  • Se podemos  ter tudo  porque faríamos essa concessão? Só um sonhador poderia imaginar que nós   iríamos aceitar limites ao nosso apetite. Aliás, a partir de amanhã, coloquem as galinhas no portão, que, após  matar a fome,  entraremos para nos divertir. A caçada tem um aspecto lúdico que a oferenda não tem. 



A comissão retornou ao galinheiro, cabisbaixa, sem saber o que dizer para atender aos  curiosos  que se acotovelavam para ouvir as boas notícias. A frustração foi geral ao saber do mau resultado. O murmúrio foi também: 

  • Ah!..Oh!.. Naaão...! Só nos faltava essa!!! E em uníssono: O que fazer agora!? O  velho galo, de esporas quebradas de tanto lutar pelas frangas novas, que não foi ouvido quando alertou  para o irrealismo  da proposta do jovem carijó, tomou a palavra:



  • Companheiros e companheiras, a sabedoria aconselha a aprender com as bem sucedidas  experiências alheias.  Nada de inventar a roda! Os humanos, que não são melhor dotados intelectualmente do que nós, enfrentaram situação semelhante. Alguns tiveram êxito. Os bem sucedidos foram os que reduziram o número de raposas. Os insucessos ficaram com os que acreditaram ser possível reduzir-lhes o apetite. Se nós  temos o  fazendeiro que, para  ser rico,  nos quer  saudáveis, gordas e boas poedeiras por muitos anos, os humanos  têm o Estado que, para ser forte, quer todos prósperos para pagar os investimentos e as despesas da governança. Nós, como eles, sofremos com  as nossas insaciáveis raposas. Lá elas só  foram contidas quando perderam a chave do galinheiro. É o que temos de conseguir!


O jovem carijó, com o amor próprio ferido, não se conteve: é tudo muito bonito, mas como os humanos conseguiram reduzir o tamanho do governo para conter as raposas, se são elas que fazem as leis?


O velho galo, com a fleuma própria da idade, sinalizando  concordância:  realmente é um senhor desafio! Os ansiosos, acreditaram  que apoiando-se nas pessoas, mudariam  as regras da governança e tudo estaria bem encaminhado. Estes, sem exceção, fracassaram.  Os que conseguiram a solução foram os que pensaram a longo prazo. Os bem sucedidos foram os que  trabalharam para que a opinião pública exigisse dos governantes a redução das raposas organizando o Estado sobre um governo mínimo. Não serão os políticos que reduzirão o tamanho do governo, a menos que exista  uma forte pressão da  opinião pública. Um galinheiro só será aquilo em que acreditam os seus galináceos. 

 


São Paulo, dezembro de 2020.

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

 Machiavelli, se vivo fosse.


Machiavelli seria aprendiz de cientista político,  se vivo fosse. O jogo do poder, tema do O Príncipe, era mais aberto e declarado do que acontece no mundo atual. Os Medici em Florença e  os Bórgias no Vaticano não escondiam o uso do veneno, dos punhais e do  estrangulamento como instrumento político. Todos sabiam que todos tinham o assassinato, o calabouço e a prevaricação como métodos de alcançar ou manter o poder. Lucrécia Bórgia usava e abusava do sexo e dos venenos para atender aos interesses do Papa Alexandro Vl, seu pai. Todos traiam a todos sem cerimônias. Hoje, ainda que o risco de vida seja menor, mas não eliminado, no jogo do poder,  a dupla face acentuou-se. A falsidade não passa desapercebida aos espectadores atentos, os que leem nas entrelinhas ou fazem parte da trama. Naqueles tempos não havia as frituras , matava-se e ponto. Hoje, com a população informada em tempo real e a vida humana menos desvalorizada, os detentores do poder obrigam-se a uma nova liturgia para tirar da frente os obstáculos aos seus projetos. Mudaram os métodos, mas o escrúpulo é o mesmo - nenhum!


Trump, O “Príncipe” do mais poderoso  império de toda a história da humanidade, mente seguidamente,  sem cerimônias:distorce a verdade com versões incríveis; usa e abusa dos amigos e aliados, que joga na lata dos descartáveis; ignora todos os acordos internacionais como as crianças fazem quando estão cansadas nas brincadeiras; elege  a China como inimigo, mas afaga como amigo Xi, o Presidente chinês... Tudo o que interfere no seu interesse pessoal, na opinião dele, é  condenável e assim deve ser visto pela opinião pública. Como as narrativas dos príncipes são filtradas, nem sempre pode-se depreender das entrelinhas o leit motif das suas decisões. Os nossos príncipes, não fazem feio nessa competição mundial de falta de caráter, fazem coro à defesa de:

  • um governo inchado de empresas ineficientes como instrumento de melhor servir o interesse coletivo, mas na verdade as querem como instrumentos do seu jogo político;
  • uma máquina burocrática, cara e inoperante, à pretexto de  controlar  à ganância dos cidadãos ;
  •  leis e artigos restringindo a liberdade de escolher do cidadão, que precisa ser protegido por ser inepto. Justamente esse cidadão que é capaz de sobreviver administrando um salário mínimo, quando seu lúcido protetor declara não poder viver com muitos múltiplos deste salário. 


 Machiavelli, se vivo fosse, como aprendiz  da ciência política moderna, em vez de pensar nos príncipes , escreveria um manual para ensinar o homem comum, como defender-se dos governos e da sua burocracia, que só cuidam  das eleições e  de achacar o povo com as exóticas  tomadas de três pontos , caixa de socorro nos carros, quarentena irracional, taxas, multas e radares unicamente para arrecadar para a farra salarial da burocracia.


sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

 


 

 

 

 

 

 

 

O cartesianismo.

 

 

Na Introdução de seu Discurso sobre o Método, publicado em 1637, Descartes impressiona quase tanto quanto no conteúdo. Nela, o autor comenta que se surpreendia ao ter melhores resultados acadêmicos do que colegas reconhecidamente mais inteligentes. Analisando o processo, identificou como causa o fato de ter intuitivamente adotado um método de análise dos problemas que lhe dava vantagens sobre os demais. O Discurso sobre o Método, ou método cartesiano, foi resultado desta observação. Baseava-se no ceticismo de nada aceitar como verdade sem questionar e submeter os problemas a um método    de avaliação básicas *.

 

O método cartesiano provocou uma revolução na Filosofia pelo estímulo aos questionamentos e à experimentação.  Mas, decorridos 383 anos da sua divulgação, ele ainda é ignorado nas práticas da vida por pessoas reconhecidamente bem equipadas intelectualmente. Há um certo empirismo, um comodismo mental que induz a não pensar diferentemente do tradicional. Passa-se por cima dos desafios e aceitam-se as propostas como verdades absolutas sem questioná-las. Com isto, despreza-se a premissa básica do cartesianismo com prejuízo dos resultados; o pensamento original é rejeitado em princípio. Não se ousa pensar fora das ideias que fujam do senso comum e desconsidera-se quem o faz.

 

A análise de um caso prático pode ser mais didática do que explorar abstrações teóricas. Assim vejamos, tomando como exemplo o trânsito de uma cidade caótica como São Paulo, que tem como desafio conseguir a melhor equação entre o fluxo dos veículos e a redução dos acidentes. As medidas adotadas são influenciadas pelos resultados conhecidos e pelo mimetismo. Como os acidentes calam mais na opinião pública, coloca-se em segundo plano o fluxo de veículos, cujos malefícios (perdas de tempo no trânsito, desgaste material, aumento dos custos do trabalho, rebaixamento das condições de vida...) não são quantificados. As velocidades vão sendo reduzidas a cada piora no resultado de acidentes. Evidentemente, com o aumento do número de veículos em circulação, os acidentes aumentam e os limites da velocidade são diminuídos até que, por ironia, alguém sugira proibir de vez o uso dos veículos*. 

 

Enquanto o Metrô não chega, outras medidas poderiam ser tomadas tendo em conta o princípio do questionamento e da experimentacao. Nesta linha,uma ideia, não conservadora, seria mudar de perspectiva  e tentar fazer o contrário: liberar a velocidade nas vias de ligação bairro/centro (23 de Maio, Marginais...) para aumentar o fluxo e aproveitar os momentos de baixo trânsito. Certamente os motoristas dariam preferência por estas vias, liberando as vias secundárias e assim melhorando o escoamento do trânsito na cidade** Cuidar-se-ia da Segurança, dando alternativas aos pedestres e orientação de prevenção. Em vez de proibir, orientar... e dar liberdade a cada um decidir o que entende como o mais adequado. Ninguém cuida de mim melhor do que eu mesmo!  Não faz sentido manter a cidade travada para tutelar cidadãos suicidas, à semelhança de proibir a venda de armas para reduzir os homicídios. O mal está no uso e não no instrumento, como o senso comum sabe.

 

descobrir quais são as conclusões possíveis e nunca aceitar nada como verdadeiro à primeira vista; fazer vários experimentos e dividir o problema em quantas partes for possível; analisar os resultados e pensar de forma ordenada; pegar as conclusões ( que devem estar de acordo com o passo 1 ) e, se possível, mixá-las para chegar a apenas 1 conclusão através da lógica, prestando atenção nos detalhes.

 

**Não só a ignorância de um método decisório é  a responsável por práticas irracionais, mas também falam alto a perda de arrecadação dos radares, que é a menina dos olhos dos governantes e das  empresas que exploram o serviço, que usam a prevenção de acidentes como pretexto.

 

***A Alemanha tem as autobahns, sem limite de velocidade há décadas, uma experiência válida sob todos os aspectos, inclusive de segurança.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

 

Vai Faltar Areia No Saara!


Há inúmeras , felizmente cada vez menos, pessoas que esperam do governo a criação de riqueza. As experiências fracassadas ( sem excessão) mataram as ilusões do governo ser bom gestor de qualquer atividade econômica. O mito do rei Midas, que tinha o poder de  transformar  em ouro tudo o que tocava, não tem nada a ver com os governantes. A não ser no poder de destruir, desorganizar, desvalorizar tudo o que lhes cai na mão. A diferença de Midas e dos governos intervencionistas, está que Midas transformava lixo em ouro e os governos conseguem fazer o contrário. O poder de Midas voltou-se contra ele, o dos governantes, contra nós. Eles não foram aquinhoados com o  poder de fazer riquezas, mas de fazer miséria. Tudo o que cai em suas mãos ou não funciona, custa caro e não é confiável. Enquanto a iniciativa privada cria valor, o governo destrói. Tudo, de minas de ouro, poços de petróleo, ferrovias..., só se prestam a criar vassalagem, corrupção e desvirtuamento das funções das empresas. Esta incompetência é universal, desde as expedições exploratórias financiadas por Fernando e Izabel , Reis da Espanha, que descobriram as Américas, passando por Colbert com a empresas francesas de produção de louças, tapeçarias e móveis, até as empresas estatais para produção da moeda, exploração de petróleo, administração dos correios e a cartelização do sistema bancário, tudo atraiu o interesse político dos governantes para atender aos seus projetos pessoais.


O atendimento ao jogo político e aos interesses  dos governantes superaram sempre as desvantagens impingidas aos consumidores.Os indivíduos, cuidadosos dos seus interesses, deveriam proibir que os governantes cuidassem mais do que o essencial: o monopólio da segurança, o império da lei, as relações internacionais e a defesa da soberania nacional. Todo o restante deveria ficar por conta da iniciativa privada, que tem o toque de Midas, a função de criar e distribuir riquezas. Porém com o uso de falácias, manipulação, demagogias os governantes conseguem obnubilar a visão do cidadão. Foram famosas algumas delas: O Petróleo É Nosso! A iniciativa Privada Não tem recursos para as grandes obras! A Ganância dos empresários precisa ser contida!*  A Segurança Nacional corre risco se empresas de capital estrangeiro dominarem atividades estratégicas! E por aí vai! O tempo, porém, é a mãe da verdade! O governo só é competente quando não tem competidores**! Se apostar corrida com um cocho, perde. Como administra mal e fora de foco, o recurso da sua gestão é o monopólio e/ou os subsídios. Este exercício, porém, chegou ao fim, pois a corda foi esticada além do limite. O preço pago pela nação está insuportável: estagnação econômica da décadas, impostos acima da capacidade contributiva do cidadão e a geração da maior corrupção da história. Mesmo assim a privatização não avança. O governo é inepto para criar riqueza e principalmente para corrigir os seus erros. Mas é insuperável na destruição de valor. Se entregarem o deserto de Saara para o governo administrar em pouco tempo teremos escassez de areia, segundo Milton Friedman.


* a ganância do servidor publico deve ser mais temida do que a do empresário. Este está limitado pelo interesse de manter o cliente, ao contrário do burocrata que tem como ambição as benesses do seu cargo, legítimas ou não. As operações das empresas do governo vão de desmando, em desmando, de mal serviço a pior serviço até  sua desmoralização.

**Como sabiamente dizia o Presidente Castelo Branco: se a Petrobras é competente, não precisa do monopólio, se não o é, não o merece!


segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

 O Capitalismo Criou A Classe Média.


Não há exagero em lembrar que nós respiramos o ar sem dar-nos conta da sua importância, a menos que ele nos falte. Habituados ao oxigênio em troca de nada, o temos como um direito adquirido. Assim também, como se natural fosse, contamos com o desenvolvimento econômico e social como uma fatalidade, que não  exige  contrapartida. Dizemos: É só questão de tempo!Acreditam muitos que dias melhores  sempre cairão do céu. Lamentavelmente a verdade é totalmente diversa. A  evolução positiva da riqueza das nações é uma exceção. A maior parte do mundo vive na pobreza há milênios. Entre elas muitas  com bom nível educacional e boa organização política. Sem contar as que retrocederam, como a Argentina, a Venezuela, a Grécia... 


Ao longo de milênios  predominou a estagnação.  A crença na possibilidade do desenvolvimento  é recente. Até  a revolução industrial, as atividades limitavam-se à pesca, à  caça e  à agricultura. A ocupação da mão de obra, então ociosa, só tinha, como alternativa ao trabalho o campo, alguma atividade artesanal, a dedicação à guerra e ao serviço religioso.Não havia a indústria e os serviços. Os camponeses , que eram a grande massa, viviam na penúria, enquanto a nobreza, uma minoria, vivia na ociosidade. O tempo era preenchido nas guerras, como extensão das caçadas. Os recursos eram investidos em pirâmides, castelos, igrejas e conventos para comprar para o rei a unção papal. Nada sobrava para a grande massa. Estas nasciam e morriam na miséria. O equivalente à atual classe média era restrito ao pequeno artesão burguês.


A situação só começou a mudar depois da Idade Média, época da trevas. O fator desencadeador  do novo modelo foi o período tido como o Iluminismo, época das luzes*.  Os iluministas ao desvendarem os segredos do Universo abalaram o carisma da igreja, como representantes de Deus na Terra . Enquanto a religião católica explicava a vida apelando para a fé e aos dogmas,  o Iluminismo usava  da razão e encontrava respostas na ciência. A perda da credibilidade da Igreja  foi seguida da menor capacidade de influenciar as massas e os próprios reis**. Com isto perdendo o poder de barganha política e econômica, que era negociado em troca da benção da Igreja. Não por outra razão o Vaticano ***usou de todos os recursos para calar a ciência, sendo os trezentos anos da Inquisição e as Cruzadas  marcas negras na sua história . Perdeu a Igreja e também os reinados com o fim  da crença de serem os reis uma concessão divina. Os  reinados sem  a sustentação divina  foram sendo substituídos por governos democráticos, dando ao povo o  poder de exigir  melhores condições de vida. 


A partir da  revolução industrial, propiciada pelas ideias dos iluministas, vem o advento  do capitalismo e o fim do feudalismo. As populações concentram-se  nas cidades criando   oportunidades de trabalho para  a mão de obra liberada dos exércitos, do serviço e das obras religiosas. A  produtividade, conseguida com as descobertas e inovações, trouxe aumento da oferta de produtos rurais  e industrializados com o salto na produtividade. A miséria começa a ser reduzida com a mudança do modelo econômico baseado no mercantilismo  para o capitalismo. A produção em massa exige consumo equivalente, o que força a redução dos preços para serem acessíveis a maior número de consumidores. O mercado exigiu das  empresas  métodos mais eficientes . Elas, pressionadas pela competição, encontram como a melhor solução para equacionar o desafio: a redução dos preços e o aumento dos  salários***.  E assim o capitalismo criou a classe média****.


  • Iluminismo ou o  “século das luzes”,  pode ser entendido como uma ruptura com o passado e o início de uma fase de progresso da humanidade. Essa fase é marcada por uma revolução na ciência, nas artes, na política e na doutrina jurídica, por exemplo. O Iluminismo foi um movimento intelectual europeu surgido na França no século XVII, que defendia o uso da razão sobre o da fé para entender e solucionar os problemas da sociedade, dando e as bases para o desenvolvimento do liberalismo.

**  Napoleão Bonaparte  toma a coroa imperial  das mãos do papa e auto-coroou-se desprezando a unção papal. Mas consciente  do poder da igreja, ao ser questionado se não temia a guerra, ...respondeu que não, desde que tivesse os bispos a seu favor. 

*** a história do Vaticano é semelhante à de outros impérios, que conheceram a ascensão e a queda . Até a idade média, organizada nos princípios de um reinado, com a sua corte, nobreza, exércitos, e coletores de dinheiro( os sacerdotes ) tinha hegemonia no Ocidente. Ao não disputar territórios, mas as almas, não colidiam com os outros impérios. Quando tinham interesses territoriais,  faziam uso ( mão de gato ) dos reis católicos, dependentes da sua unção, como nas Cruzadas. As exceções  foram as disputas pelas cidades-reinos da atual Itália , comandadas pelos Bórgias. O Iluminismo tirou, ao quebrar o carisma religioso e propiciar a revolução industrial, deu início a quebra da hegemonia católica e redução da miséria. Não pode ser esquecida a contribuição relevante da Reforma Protestante e atualmente a invasão dos crentes muçulmanos e dos pentecostais para a decadência do poder do Vaticano. A disputa pelos fiéis está intimamente vinculada ao poder econômico. Concordando ou não com Weber, a redução da miséria aconteceu nos países que se libertaram da influência religiosa do catolicismo.

**** O   capitalismo criou  a classe média, deixando para o passado a divisão entre a massa miserável e a nobreza. A pequena  burguesia, que Karl Marx prévia desapareceria,  foi mais uma das suas fracassadas profecias. Quanto  maior o desenvolvimento do modelo capitalista, maior e mais rica é a classe média. Ao contrário do comunismo, que continuou dividido em duas classes - a nomenclatura ( os nobres antigos ) e as massas.