terça-feira, 15 de dezembro de 2020

 Machiavelli, se vivo fosse.


Machiavelli seria aprendiz de cientista político,  se vivo fosse. O jogo do poder, tema do O Príncipe, era mais aberto e declarado do que acontece no mundo atual. Os Medici em Florença e  os Bórgias no Vaticano não escondiam o uso do veneno, dos punhais e do  estrangulamento como instrumento político. Todos sabiam que todos tinham o assassinato, o calabouço e a prevaricação como métodos de alcançar ou manter o poder. Lucrécia Bórgia usava e abusava do sexo e dos venenos para atender aos interesses do Papa Alexandro Vl, seu pai. Todos traiam a todos sem cerimônias. Hoje, ainda que o risco de vida seja menor, mas não eliminado, no jogo do poder,  a dupla face acentuou-se. A falsidade não passa desapercebida aos espectadores atentos, os que leem nas entrelinhas ou fazem parte da trama. Naqueles tempos não havia as frituras , matava-se e ponto. Hoje, com a população informada em tempo real e a vida humana menos desvalorizada, os detentores do poder obrigam-se a uma nova liturgia para tirar da frente os obstáculos aos seus projetos. Mudaram os métodos, mas o escrúpulo é o mesmo - nenhum!


Trump, O “Príncipe” do mais poderoso  império de toda a história da humanidade, mente seguidamente,  sem cerimônias:distorce a verdade com versões incríveis; usa e abusa dos amigos e aliados, que joga na lata dos descartáveis; ignora todos os acordos internacionais como as crianças fazem quando estão cansadas nas brincadeiras; elege  a China como inimigo, mas afaga como amigo Xi, o Presidente chinês... Tudo o que interfere no seu interesse pessoal, na opinião dele, é  condenável e assim deve ser visto pela opinião pública. Como as narrativas dos príncipes são filtradas, nem sempre pode-se depreender das entrelinhas o leit motif das suas decisões. Os nossos príncipes, não fazem feio nessa competição mundial de falta de caráter, fazem coro à defesa de:

  • um governo inchado de empresas ineficientes como instrumento de melhor servir o interesse coletivo, mas na verdade as querem como instrumentos do seu jogo político;
  • uma máquina burocrática, cara e inoperante, à pretexto de  controlar  à ganância dos cidadãos ;
  •  leis e artigos restringindo a liberdade de escolher do cidadão, que precisa ser protegido por ser inepto. Justamente esse cidadão que é capaz de sobreviver administrando um salário mínimo, quando seu lúcido protetor declara não poder viver com muitos múltiplos deste salário. 


 Machiavelli, se vivo fosse, como aprendiz  da ciência política moderna, em vez de pensar nos príncipes , escreveria um manual para ensinar o homem comum, como defender-se dos governos e da sua burocracia, que só cuidam  das eleições e  de achacar o povo com as exóticas  tomadas de três pontos , caixa de socorro nos carros, quarentena irracional, taxas, multas e radares unicamente para arrecadar para a farra salarial da burocracia.


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