O Enigma Da Esfinge.
Os governos, nos dias correntes, estão frente a uma ameaça semelhante à proposta , na mitologia grega, do enigma aos cidadãos de Tebas pela Esfinge - decifra-me ou devoro-te. A Argentina não decifrou em tempo o desafio de atender aos anseios das massas de ter condições mínimas de sobrevivência e teve seu governo devorado nas urnas. Ao não entregar as promessas eleitorais de melhoria, veio o descrédito e , com este, a volta ao poder dos políticos que, em passado recente, desorganizaram a economia e dilapidaram a riqueza da nação. No Chile, a melhor economia da região , um modelo invejado, a massa entra em ebulição por não terem os governantes, tanto de viés capitalista como socialista, decifrado o enigma de maior participação da população na prosperidade obtida pelos governos, desde Pinochet. Se de um lado temos uma Argentina decadente, de outro , um Chile próspero, mas ambos com um único denominador - a desilusão do povo com os seus governantes. Nos dois casos, as causas não foram os modelos econômicos adotados, mas a demora de realização das promessas, o que matou a esperança.
Nesses exemplos, pode-se apontar a relevância das redes sociais nas manifestações . Antes da internet, as insatisfações passavam pelo filtro dos partidos políticos e da imprensa, o que propiciava tempo para administração do processo. O mundo andava em marcha lenta. Hoje em alta velocidade. Atualmente as informação são viralizadas e os problemas são socializados, em tempo real, causando impacto. Os governantes estão sendo surpreendidos pelos acontecimentos, não tem tempo para pensar e nem lideranças com quem negociar. O poder escapou das suas mãos e a formação de opinião das dos jornalistas. A massa ganhou vida própria tornando-se dona do tempo e da ordem. É um monstro impessoal - um corpo sem cabeça. Desta nova realidade surge como fato novo a impaciência com os resultados. Nada de esperar o bolo crescer para repartir depois! Não há tempo a perder! A fome tem pressa...e agora tem voz.
No contexto atual, o Brasil não quer ser uma Argentina e tem pretensões de ser um Chile, como modelo de organização da economia. Mas, a exemplo da Argentina ,não temos recursos públicos disponíveis para combater o desemprego, a miséria e não temos como o Chile poder para investir, nem renda excedente para distribuir , porém , como ambos, temos latente anseios não satisfeitos. O nosso desemprego, pobreza e a falta de perspectivas para os menos favorecidos , torna a conjuntura brasileira um barril de pólvora seca. Basta uma fagulha e o povo estará nas ruas, sem aviso prévio. As medias sociais estão ativas e as massas receptivas à rebelar-se. Urge, pois, que o governo tenha consciência da urgência, seja pro-ativo, antecipe-se aos fatos para não ser devorado. O tempo das promessas já passou, agora é hora de mostrar resultados.
A moderna Esfinge desafia os governos com o enigma - como satisfazer os anseios das massas antes da rebelião ? - decifra-me ou devoro-te é a ameaça .
As Minhas Reflexões.
Jorge Wilson Simeira Jacob
28 de novembro de 2019.