sábado, 23 de novembro de 2019

O Mito Chinês.


A China foi uma ditadura socialista comandada por Mao Tse-tung por 27 anos - um poeta - cujo governo foi uma tragédia , deixando um  legado de 78 milhões de mortos em consequência das suas  políticas. O Grande Timoneiro, como se auto intitulava, foi sucedido por Deng Xiaoping,  um líder pragmático e  realista, que abandona a fracassada experiência  comunista e transforma  o país em  uma ditadura capitalista . Objetivamente, ele  respondia às  críticas  ao capitalismo com o argumento de  “o que importa não é a cor do gato, mas se ele caça  o rato”. Desde Deng, sem descontinuidade, o país conheceu as maiores taxas de crescimento do mundo graças a uma competitividade internacional  imbatível. Todos os resultados foram surpreendentes. O PIB cresceu nas mais altas taxas do mundo saindo de 150 bilhões em 1978 e atingindo o valor de  USD$ 14, 941  trilhões em 2018;  foram tirados  740 milhões de  cidadãos da pobreza; e os salários cresceram junto com a economia. Somente entre 2015 e 2016 o  salário mínimo, por hora, subiu  de US$ 1,2  a US$3.60, valores   inferiores somente ao Chile na A.Latina. Com   este crescimento veio a   redução da miséria  e a  taxa desemprego cai para de 3,82%, em 2018. A base desta  conquista  foi uma  política de preços baixos, produtos intensivos de mão de obra e abertura de mercado, o que  a colocou  como segunda potência econômica mundial.

Não é por menos que o mundo ficou estarrecido com o desenvolvimento chinês. Como explicar esse resultado? Atribuir a fatores divinos seria abusar da credulidade humana. Assim simplificou- se a resposta criando o mito dos salários baixos, o que seria uma aberração, na crítica  marxista, de um país comunista cometendo o pecado capitalista da exploração do homem pelo homem . Um mito que não se sustenta  pela existência de muitos países com salários inferiores, como a Tailândia, a Filipinas, a Malásia e outros,  sem os mesmos resultados de  competitividade e desenvolvimento. Mesmo da própria  China que se mantém competitiva  tendo  aumentado  significativamente os seus salários.

 Evidentemente a entrada bem sucedida no mercado internacional, incomodou os seus concorrentes, que  acusam os chineses de serem  desleais ( não respeitam patentes, descriminam as empresas estrangeiras e manipulam o  câmbio) . A verdade é que eles usam o  tamanho do seu mercado e o poder financeiro para impor os seus termos nas  negociações, como fazem todos os outros, mas que ninguém é forçado a aceitar. À exemplo da França que  tem o  seu terroir para os vinhos, a China o tem para produção de produtos de consumo. Se o terroir francês é a soma das condições naturais, da técnica e do talento do enólogo , o chinês o é   da qualidade da mão de obra, da  prática da poupança e do investimento, de um ambiente amistoso ao empreendedor, de um  mercado consumidor imenso  para produção em grande escala  e uma reduzida tributação - 22% sobre o PIB - o que se reflete no preço  dos produtos.  A vantagem competitiva chinesa, como dos vinhos franceses,  é muito  complexa para ser simplificada em um mito.

O processo desenvolvimentista chinês não foi um acidente , mas fruto de um planejamento estratégico  focado na competitividade internacional de  todo o país, não só de uma empresa ou setor, mas de todos. Um projeto que delegou a execução à iniciativa privada com a privatização da maioria das empresas estatais,  em condições extremamente favoráveis ao comprador, que pagava para assumir uma empresa  uma taxa de 15% sobre o lucro ... nada mais.Sem capital a remunerar,  sem o peso tributário e  nem um governo inchado  para carregar, as empresas conquistaram o mercado mundial, importando, exportando, fazendo parcerias  comerciais relevantes e investindo estrategicamente. Grandes  empresas surgiram. A Alibaba é maior do que a Amazon, a Foxconn emprega  1,5 milhões de funcionários no mundo , a Huawei é líder mundial em tecnologia de ponta... A China conseguiu a proeza de ser uma casa que tem dono! Todos tem o mesmo objetivo .

O mito chinês não é nada mais nada menos do que o uso e o abuso da superioridade capitalista para caçar ratos. 


As Minhas Reflexões.
Jorge Wilson Simeira Jacob
19 de novembro de 2019.






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