O Mito Chinês.
A China foi uma ditadura socialista comandada por Mao Tse-tung por 27 anos - um poeta - cujo governo foi uma tragédia , deixando um legado de 78 milhões de mortos em consequência das suas políticas. O Grande Timoneiro, como se auto intitulava, foi sucedido por Deng Xiaoping, um líder pragmático e realista, que abandona a fracassada experiência comunista e transforma o país em uma ditadura capitalista . Objetivamente, ele respondia às críticas ao capitalismo com o argumento de “o que importa não é a cor do gato, mas se ele caça o rato”. Desde Deng, sem descontinuidade, o país conheceu as maiores taxas de crescimento do mundo graças a uma competitividade internacional imbatível. Todos os resultados foram surpreendentes. O PIB cresceu nas mais altas taxas do mundo saindo de 150 bilhões em 1978 e atingindo o valor de USD$ 14, 941 trilhões em 2018; foram tirados 740 milhões de cidadãos da pobreza; e os salários cresceram junto com a economia. Somente entre 2015 e 2016 o salário mínimo, por hora, subiu de US$ 1,2 a US$3.60, valores inferiores somente ao Chile na A.Latina. Com este crescimento veio a redução da miséria e a taxa desemprego cai para de 3,82%, em 2018. A base desta conquista foi uma política de preços baixos, produtos intensivos de mão de obra e abertura de mercado, o que a colocou como segunda potência econômica mundial.
Não é por menos que o mundo ficou estarrecido com o desenvolvimento chinês. Como explicar esse resultado? Atribuir a fatores divinos seria abusar da credulidade humana. Assim simplificou- se a resposta criando o mito dos salários baixos, o que seria uma aberração, na crítica marxista, de um país comunista cometendo o pecado capitalista da exploração do homem pelo homem . Um mito que não se sustenta pela existência de muitos países com salários inferiores, como a Tailândia, a Filipinas, a Malásia e outros, sem os mesmos resultados de competitividade e desenvolvimento. Mesmo da própria China que se mantém competitiva tendo aumentado significativamente os seus salários.
Evidentemente a entrada bem sucedida no mercado internacional, incomodou os seus concorrentes, que acusam os chineses de serem desleais ( não respeitam patentes, descriminam as empresas estrangeiras e manipulam o câmbio) . A verdade é que eles usam o tamanho do seu mercado e o poder financeiro para impor os seus termos nas negociações, como fazem todos os outros, mas que ninguém é forçado a aceitar. À exemplo da França que tem o seu terroir para os vinhos, a China o tem para produção de produtos de consumo. Se o terroir francês é a soma das condições naturais, da técnica e do talento do enólogo , o chinês o é da qualidade da mão de obra, da prática da poupança e do investimento, de um ambiente amistoso ao empreendedor, de um mercado consumidor imenso para produção em grande escala e uma reduzida tributação - 22% sobre o PIB - o que se reflete no preço dos produtos. A vantagem competitiva chinesa, como dos vinhos franceses, é muito complexa para ser simplificada em um mito.
O processo desenvolvimentista chinês não foi um acidente , mas fruto de um planejamento estratégico focado na competitividade internacional de todo o país, não só de uma empresa ou setor, mas de todos. Um projeto que delegou a execução à iniciativa privada com a privatização da maioria das empresas estatais, em condições extremamente favoráveis ao comprador, que pagava para assumir uma empresa uma taxa de 15% sobre o lucro ... nada mais.Sem capital a remunerar, sem o peso tributário e nem um governo inchado para carregar, as empresas conquistaram o mercado mundial, importando, exportando, fazendo parcerias comerciais relevantes e investindo estrategicamente. Grandes empresas surgiram. A Alibaba é maior do que a Amazon, a Foxconn emprega 1,5 milhões de funcionários no mundo , a Huawei é líder mundial em tecnologia de ponta... A China conseguiu a proeza de ser uma casa que tem dono! Todos tem o mesmo objetivo .
O mito chinês não é nada mais nada menos do que o uso e o abuso da superioridade capitalista para caçar ratos.
As Minhas Reflexões.
Jorge Wilson Simeira Jacob
19 de novembro de 2019.
B
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