sexta-feira, 29 de novembro de 2019

O Enigma Da Esfinge.


Os governos, nos dias correntes,  estão frente a uma ameaça  semelhante à proposta  , na mitologia grega, do enigma  aos cidadãos de Tebas pela Esfinge - decifra-me ou  devoro-te. A  Argentina não decifrou em tempo o  desafio de atender aos anseios das massas  de ter  condições mínimas de sobrevivência e teve seu  governo devorado  nas urnas. Ao não entregar as promessas eleitorais  de melhoria, veio o descrédito  e , com este,  a volta ao poder dos políticos que, em passado recente, desorganizaram a economia e dilapidaram a riqueza da nação.  No Chile, a melhor economia da região , um modelo invejado,  a massa entra em  ebulição por não terem  os governantes,  tanto de viés capitalista  como socialista,  decifrado o enigma de maior participação  da população na prosperidade obtida pelos governos, desde Pinochet. Se de um lado  temos uma  Argentina decadente, de outro , um Chile próspero, mas ambos  com um único denominador - a desilusão do povo com os seus governantes. Nos dois casos, as causas não foram os modelos econômicos adotados, mas  a demora de realização das promessas, o que matou a esperança.

Nesses exemplos, pode-se apontar a relevância das redes sociais  nas  manifestações . Antes da internet, as insatisfações passavam pelo filtro dos partidos políticos e da imprensa, o que propiciava  tempo para  administração do processo. O mundo andava em marcha lenta. Hoje em alta velocidade. Atualmente as  informação são viralizadas e os problemas são socializados,  em tempo real,   causando impacto. Os governantes estão sendo surpreendidos pelos acontecimentos,  não tem tempo para pensar e nem  lideranças com quem negociar. O poder escapou das suas mãos  e a formação de opinião das dos jornalistas. A massa ganhou vida própria tornando-se dona do tempo e da ordem. É um monstro impessoal - um  corpo sem cabeça. Desta  nova realidade  surge como  fato novo a impaciência com os  resultados. Nada de esperar o bolo crescer para repartir depois!  Não há tempo a perder! A fome tem pressa...e agora tem voz.

No contexto atual, o Brasil não quer ser uma Argentina e tem pretensões de  ser um Chile,  como modelo de organização da  economia. Mas, a exemplo da Argentina ,não temos recursos públicos disponíveis  para  combater o desemprego, a miséria e não  temos como o Chile  poder para investir,  nem renda excedente para distribuir , porém , como ambos,  temos latente  anseios não satisfeitos.  O nosso desemprego, pobreza e a falta de perspectivas para os menos favorecidos , torna a  conjuntura brasileira  um barril de   pólvora seca. Basta  uma fagulha  e  o povo  estará nas ruas, sem aviso prévio.  As medias sociais estão ativas e as massas receptivas à rebelar-se. Urge, pois, que o governo tenha consciência da urgência, seja pro-ativo, antecipe-se aos fatos para não ser devorado. O tempo das promessas já passou, agora é hora de mostrar resultados.

A moderna Esfinge desafia os governos  com o enigma -   como satisfazer os anseios das massas antes da rebelião ? - decifra-me ou devoro-te é a ameaça .

As Minhas Reflexões.
Jorge Wilson Simeira Jacob

28 de novembro de 2019. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário