domingo, 3 de outubro de 2021

 Educação e cultura.



Sem a mínima possibilidade de serem contestados, os defensores dos investimentos em educação podem defendê-la como um elemento importante para o desenvolvimento pessoal e nacional. Uma nação ou indivíduo sem boa educação  levará desvantagem diante de outros com melhor nível. Tanto a educação formal, acadêmica,  como a social adquirida na vivência, têm valores incontestáveis. O melhor investimento de um país ou de uma família é o destinado à educarão. Não só em termos de retorno, mas principalmente por ser o único patrimônio que, nos possíveis azares da vida, não se perde. Ninguém tira o que se sabe ! Nada é mais eloquente para mostrar a consciência do valor da educação no desenvolvimento do que o sacrifício pessoal de uma  multidão de estudantes, que trabalham de dia e estudam de noite. Este é um heroísmo que só se justifica pela importante contribuição dela para  forjar o futuro.


Entretanto, a educação por si só não é garantia de resultados. Basta olhar ao redor e ver exemplos de homens, em todas as profissões, com elevado nível educacional e  rica vivência, que não exibem sucesso econômico; e países, como o Brasil, que investiram em educação, mas  perderam a pujança. Nas últimas décadas, o país  passou a fazer companhia à Argentina, que é mais educada hoje, mas menos próspera do que antigamente. Ambos os países copiaram modelos educacionais  incompletos para satisfazer o   esnobismo  dos novos ricos, dos imigrantes pobres, de dar um  título de doutor para os filhos, em busca da ascensão social. Ao contrário da Alemanha, que a par dos cursos de excelência para uma elite, generalizou  cursos profissionalizantes para uma mão de obra com vocação ao trabalho. Esta deu ensejo a uma próspera  economia de pequenas empresas, melhorando a distribuição de renda e sendo o sustentáculo do poderio desenvolvimentista alemão. Na Alemanha, a erudição caminhou, passo a passo, com o  conhecimento prático. Nela, os seus usos e costumes privilegiam uma cultura que gera o progresso. No Brasil o ensino profissionalizante não está generalizado, limita-se ao Sesc,  Senai e ao treinamento nas empresas. 


Se a educação é importante para o desenvolvimento, a cultura é fundamental. Cultura no sentido de usos e costumes, de valores éticos e morais. Sem uma ordem de valores que privilegie o trabalho, a poupança e o investimento; sem  uma ética de respeito ao mérito; e sem o respeito à moralidade, nem o indivíduo e nem a  nação prosperam. A confiança nas leis e na ordem é elemento fundamental para o desenvolvimento de um país.


O Brasil era predominantemente uma economia agrícola até o fim da Segunda Guerra

 Mundial.  O café representava setenta por cento das nossas exportações . As nossas importações iam desde de trigo, arroz,  frutas argentinas a produtos básicos industrializados. A nossa agricultura e indústria era minimamente diversificadas. Durante a guerra havia racionamento de sal, açúcar, trigo… Após, o  governo Dutra deu uma abertura na economia, a que se seguiu um “porre” de importações, devido a um câmbio artificialmente baixo, mas deu início à industrialização. Com esta,  as cidades cresceram explosivamente, esvaziando os campos. O crescimento demográfico e a explosão da migração do campo para as cidade constituem-se em caso único no mundo. O Brasil fez a proeza de acolher nas zonas urbanas 158 milhões de habitantes* em poucos anos. Um fenômeno migratório inédito no mundo, cujo ônus foram as favelas e a  deterioração dos serviços públicos. Esta transição ocorreu sob a cultura de uma ética capitalista, onde imperou a meritocracia. O Brasil  prosperou!  Depois, na sequência, transitando para a ética do populismo-estatizante de inspiração  peronista, do reino da mediocracia, do assistencialismo social, o Brasil estagnou. Com o governo inchado, esterilizando algo como metade do PIB, agravou-se a qualidade de vida. Não foi, porém, um brasileiro menos educado o responsável pela perda do dinamismo da nossa economia, mas a cultura socialista. O Brasil melhorou com o cultivo da  meritocracia e está decadente com a cultura da mediocracia**. 



  • Segundo o Censo, em 1940 a população brasileira era de 40 milhões, sendo 31% nas cidades. Em 2020, estima-se um total de 212 milhões, sendo 41 milhões no campo e 170 milhões nas cidades. Entre 1940 e 2020 as cidades absorveram aproximadamente 158 milhões de habitantes. População maior do que a Rússia e o México em 2020.


    Ano                   população           urbana                           rural.                ( todos números arredondados )

    1940.                40 milhões.         12 milhões  ( 31% )        28 milhões 

    2020                213 milhões.       170 milhões ( 80%)         40 milhões 

    Acréscimos.    173 milhões.       158 milhões.                    12 milhoes


Fontes: Embrapa,  IBGE e Intercultural. O 


** Mediocracia , de medíocres. Governo dos medíocres. 


São Paulo, 02 de outubro de 2021. Milhões 

Jorge Wilson Simeira Jacob 

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