quinta-feira, 21 de outubro de 2021

 A Cognição.


A cognição é a capacidade do cérebro perceber, raciocinar e armazenar as informações captadas pelos sentidos.

Dicionário Oxford Languages


Um dos maiores desafios da humanidade é a transmissão do conhecimento. A cognição é um processo lento, sujeito a interpretações e a enorme resistência. Uma parte da humanidade, uma elite, tem a compreensão dos fatos significativos da vida, outra,  os medianos, tem o entendimento, e uma grande massa vive alienada. A elite tem a clareza das causas mais profundas. Ela vai à raiz dos fatos, domina  os conceitos. Os outros entendem as causas primeiras, superficiais, mas não apreendem os conceitos básicos. Já a grande massa  é motivada pelas emoções, sobrevivendo na ignorância.

Desconhecem as razões por não terem sido educadas, mas  condicionadas. Agem intuitivamente por mimetismo ou reflexo. Estas são constatações e não discriminação, pois limitam-se a identificar as diversas reações frente às provocações cognitivas.


Por necessidade de  obter resultados, os responsáveis pelo ensino, pais, mestres, líderes, simplificam a transmissão do conhecimento. Não se ensina a pensar, a refletir e a  questionar. Em casa e nas escolas  ensina-se a obediência, a disciplina e a memorização. Em vez de estimular a compreensão,  limitam-se a fazer entender ou apelam para os sentimentos. É mais fácil fazer sentir o calor de uma chama do que que explicar os efeitos do calor. Demanda esforço, tempo e talento desenvolver o gosto pelo domínio dos conceitos para compreender o entendido. Frente a uma frase em grego, um néscio nada sente, os medianos entendem, mas é  a elite, que  ao dominar o idioma, apreende a mensagem e os seus desdobramentos.


Como desde o nascimento estamos todos em processo de aprendizado, somente avançam intelectualmente, sobressaindo da grande massa, os atentos às causas dos efeitos.  Newton, dizem, não se limitou a ver a maçã cair, viu a causa da queda e deduziu a lei da gravidade.  A ele e a muitos outros, a humanidade deve a sua  sobrevivência na face da terra, por não terem se  limitado a sentir a maçã na cabeça, a entender o fato, mas ao ter dominado a causa da queda.


A natureza foi pródiga com os humanos ao nos dotar, além da razão e do sistema nervoso, de cinco sentidos ( seis se considerarmos a intuição).  Se não tivéssemos estes recursos,  não teríamos sobrevivido como espécie. De todos os instrumentos de transmissão do conhecimento, sao as sensações os mais eficazes, principalmente as que nos causam gosto, desgosto, prazer, tristeza, euforia ou dor. As massas entendem mais por estas  emoções do que pela razão. Ainda que as emoções não levem à compreensão. Uma foto diz mais que mil palavras; um exemplo influencia do mais do que uma aula; e uma derrota ensina mais do que um treinamento. Está assim exemplificado um processo cognitivo.



Se a natureza nos propiciou elementos para a nossa sobrevivência, coube às sociedades criar   instrumentos para transmissão das nossas descobertas.  O uso da razão, incentivando a observação, análise e conclusão, é um recurso limitado a uma elite intelectual. A necessidade de motivar  as camadas não pensantes nos levaram a desenvolver uma arte de comunicação. Surge assim o teatro , a literatura, a pintura, o discurso político… A arte complementou a razão. Todos nós somos influenciados por algum tipo de arte. É maior a  probabilidade de uma ideia ser transmitida por um artista , um líder carismático, do que por um gênio intelectual. Este, ao tentar transmitir um conceito básico, uma teoria, não atinge o emocional … e se o homem comum não se emociona,  ele não se motiva. As grandes ideias necessitam de ser   traduzidas em forma que sensibilizem as massas - só assim caminha a humanidade. E é aproveitando disto que vivem  os demagogos e os demais artistas!


São Paulo, 20 de outubro de 2021.

Jorge Wilson Simeira Jacob




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