Mudanças.
Na carroceria do caminhão, estão,
Em mudança para um novo casebre,
Todas as tralhas de uma casa pobre.
Só falta um vira-latas, um magro cão,
Aquele que, no meio do caminho, caiu
E agora vaga sem destino e sem alento,
Andando de lá pra cá, sem se achar,
Grunhindo de tristeza e desalento
Sem saber que destino tomar.
Dos anos de felicidade e festanças
Guarda saudades de doces lembranças :
Das tristezas da casa que morou,
Das alegrias que participou,
Da dor por cada um que partiu
Da grande alegria por quem retornou,
Dos anos de guarda e de fidelidade.
Agora, como cão perdido, sem dono,
Sem destino, vaga de beco em beco.
Enfrentando a triste e dura realidade,
No descaminho do lar perdido.
Na carroceria do caminhão da vida,
Faltam outros cães, caídos das mudanças,
Desorientados, perdidos sem rumo.
Como vira-latas vagam sem alento,
Andando de lá pra cá, sem se achar,
Grunhindo de tristeza e desalento
Sem saber que destino tomar.
Dos anos de felicidade e festanças,
Guardam saudades de doces lembranças:
Dos desafios das causas que lutaram,
Da dor por cada um dos que partiram,
Da grande alegria pelos que retornaram,
Dos anos de guarda e de fidelidade.
Agora, como cães perdidos, sem dono,
Que, no descaminho do fim de vida,
uma aposentadoria relegou à inutilidade.
Tendo n’alma um imenso vazio,
Sem destino, vão, de beco em beco, a vagar
Enfrentando a triste e dura realidade,
Olhando o céu, esperando o tempo passar.
São Paulo, 14 de setembro de 2021.
Jorge Wilson Simeira Jacob
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