terça-feira, 23 de junho de 2020

A Força Das Ideias.

As ideias têm consequências.
Friedrich Hayek


Muitos dos que  consideram os governos que temos tido no país como decepcionantes, atribuem a causa à ignorância reinante. Afinal, é um axioma o de que cada povo tem o governo que merece. Mas isto  é uma simplificação, um reducionismo. Se esta tese  fosse verdade absoluta os países teriam só estadistas ou só bandidos no governo, como a  retratar a  sociedade. Na realidade as causas da eleição dos  governantes são múltiplas e complexas. Não fossem assim, como explicar a eleição de um Hitler ou de um Trump pelos mesmos cidadãos que elegeram um Reagan e uma Merkel? Neste contexto,  a constante escolha dos piores para governar o Brasil seria a exceção  a comprovar que  somos uma sociedade de paranóicos, corruptos e criminosos. Felizmente há  muito mais além da educação para explicar o triste caso brasileiro.

Um exemplo clássico de retrocesso é a Argentina. Os argentinos   hoje tem melhor nível educacional do que tinham há um século, mas  estão política e economicamente em piores condições. A Argentina era um país de primeiro mundo. O Teatro Colón era visitado por todos os grandes espetáculos clássicos, que vinham da Europa para apresentar-se em Buenos Aires. Ao término da segunda guerra mundial o Banco Central Da Argentina tinha nos cofres, em ouro, valor idêntico ao gasto pelo Plano Marshall para recuperar a Europa. Peron ao assumir o governo declarou que o único problema que o seu governo enfrentaria seria conseguir andar no meio das barras de ouro das reservas. A melhoria da educação foi seguida da piora nas escolhas dos governantes. O que aconteceu?

O desenvolvimento argentino deveu-se a  Constituição de 1853, inspirado  nas ideias  de Jean Bautista Alberti* , que deu a base do ordenamento jurídico do país. Até que Peron, com sua política populista-estatizante, desvirtuou os valores vigentes trazendo como resultado a decadência política e econômica. O país tornou-se  um exportador de talentos.  As mentes privilegiadas  votaram com os pés , deixando no seu lugar os  descamisados da Evita. Por falta de sorte a  Argentina deixou-se corromper com as ideias peronistas. A  cultura dos descamisados se sobrepôs a da Constituição de 1853. A Argentina é uma prova, entre outras, de que não basta um bom nível de educação para a escolha de bons governantes. O que garante uma governança, boa ou má, é a força das ideias que permeia  a cultura nacional.


* Juan Bautista Alberti foi um político, diplomata, escritor e um dos mais influentes ativistas liberais argentinos de seu tempo. Autor do livro Bases y puntos de partida para la organización política de la República Argentina que serviu como uma das inspirações para a elaboração da Constituição da Argentina de 1853.  Wikipedia 


As Minhas Reflexões.
Jorge Wilson Simeira Jacob
22 de junho de 2020.


sexta-feira, 19 de junho de 2020

O Próximo Governo.


Era uma vez uma aldeia em um território muito bonito e rico - onde em se plantando tudo dá. Apesar disto a maioria da população  era pobre, vivia em favelas,  sem nenhum conforto.  Os serviços públicos essenciais  só pioravam: segurança, escolas,  higiene, transporte público, água, esgoto eram um luxo, que igualava por baixo ricos e pobres. O desemprego era uma constante, como o eram as barrigas vazias. A única coisa que  aumentava eram os impostos e, por consequência,  as carências. Era uma história  marcada por  tristezas e decepções com os políticos locais - corrupção, politicalha, demagogia, em um jogo de poder pelo poder. O presente não é diferente.  Mas a população não perde as esperanças de dias melhores. Ninguém se dá ao trabalho de questionar o por quê de  insistir em um modelo que esta dando errado: arrecadar cada vez mais para sustentar o governo.

Um  alívio vinha  de  tempos em tempos com a  troca da guarda, mas  as ilusões não demoravam a morrer. Afinal é receita infalível - acreditar em promessa de político é apostar na decepção.  Mas as esperanças resistem a morrer. Um dia faleceu um ditador que havia tiranizado, como nenhum outro, a população e prejudicado a infeliz  aldeia. Logo ele que se dizia  um deles, o salvador dos costumes e que garantia que com vontade política todos teriam a pança cheia. No dia do seu enterro, toda a comunidade saiu às ruas para festejar. A morte dele foi recebida como uma benção. Surgia como um milagre, pois só assim era possível escapar de uma  ditadura tão cruel. 

Com a esperança recuperada, todos  estavam felizes, menos uma velhinha muito sofrida, que chorava em seu canto. Um senhor ouvindo os soluços da pobrezinha, foi consolá-la:
- Não chore minha senhora!  Por acaso o falecido era seu parente?
- Não,  respondeu .- Nem o conhecia.
- Então o que a faz sentir tanto o passamento dele. Ele foi um mau governo, um bandido. A nossa vida nunca foi tão sofrida. A morte dele traz a alegria da esperança. Agora tudo vai melhorar.
- Ah, meu filho! Você é muito jovem. Eu tenho perto de cem anos. Já vi muitas trocas de governo. Cada um   que chega é pior do que o anterior. Como sou muito velha, pelo menos estas serão as minhas últimas lágrimas.Tenho pena de vocês. Espere só para ver  o próximo governo!


As Minhas Reflexões.
Jorge Wilson Simeira Jacob
18 de junho de 2020.







segunda-feira, 15 de junho de 2020


O Desenvolvimento Moral *.

Um casal consciente, decidido a criar  um filho  para ser feliz, sabe ser este  um sério desafio.   Piaget **  deu importante contribuição ao processo educativo  na formação da personalidade com o estudo do desenvolvimento da moral e da intelectualidade.  Partindo do pressuposto de que ninguém nasce feito, mas aprende  na convivência através  dos exemplos   e dos  estímulos, em um processo de assimilação e adaptação. Ele, para melhor entendimento,  dividiu  a sua análise em três fases:

  • a anomia  (crianças até 5 anos), em que a moral não se coloca, ou seja, as regras são seguidas, porém o indivíduo ainda não está mobilizado pelas relações bem x mal e sim pelo sentido de hábito, de dever. É uma fase mais confortável para os pais por ser uma relação de comando.
  • a heteronomia (crianças até 9, 10 anos de idade), em que a moral é  a autoridade, ou seja, as regras não correspondem a um acordo mútuo firmado entre os jogadores, mas sim como algo imposto pela tradição e, portanto, imutável. Uma fase menos confortável por exigir dos pais vigilância para evitar a exposição a riscos  e habilidade para enfrentar a desobediência, com o uso e abuso do prêmio e castigo.
  • autonomia, corresponde ao último estágio do desenvolvimento da moral, em que há a legitimação das regras e a criança pensa a moral pela reciprocidade, quer seja o respeito a regras que é entendido como decorrente de acordos mútuos entre os jogadores, quer sendo que cada um deles consegue conceber a si próprio como possível 'legislador' em regime de cooperação entre todos os membros do grupo. É a fase mais desafiadora da educação ( pré-puberdade ), em que a busca da autonomia questiona os  valores e resiste à disciplina imposta nas relações com a família e com instituições ( escola, governo...) . Algumas vezes com o objetivo de afirmação da pretendida libertação de vínculos com a autoridade.

O desenvolvimento da moral não contempla indistintamente a todos, alguns ficam retidos no meio do processo não amadurecendo ***. Os adultos   que superam a fase da autonomia são os de  espírito independente, que preferem assumir a  responsabilidade  pelas suas vidas, sem tutela,  para não abrir mão da liberdade individual;  os adultos que ficam nas fases anteriores ( anomia ou  heteronomia ) são os de espirito  dependentes, que   sentem-se confortáveis com o protecionismo e o paternalismo assimilados na sua formação moral. Uma  continuação da relação vivenciada com os pais. Trocam liberdade por segurança como foram habituados a fazer. Com isto  abrem mão da  liberdade de escolher e assumir com independência os caminhos da sua vida -  que é o resultado ideal do desenvolvimento moral.

*. O desenvolvimento moral do ser humano inicia-se nas relações que ele estabelece com seu meio, desde o momento em que nasce. Essas relações são permeadas por valores, princípios e regras para o convívio coletivo. Piaget.

** Jean William Fritz Piaget foi um biólogo, psicólogo e epistemólogo suíço, considerado um dos mais importantes pensadores do século XX. Wikipédia

*** A Autonomia Moral, último estágio do desenvolvimento moral ,segundo Piaget, significa a possibilidade de ser governado por si próprio, ou seja, ser autônomo moralmente perante a lei ou as normas ...Piaget afirma que essas fases se sucedem sem constituir estágios propriamente ditos. Vamos encontrar adultos em plena fase de anomia e muitos na fase da heteronomia.


As Minhas Reflexões.
Jorge Wilson Simeira Jacob
15 de junho de 2020.


sexta-feira, 12 de junho de 2020


O Governo  Mínimo .


A última inserção neste bloque,  Uma Proposta Simples, um texto provocativo,  teve repercussões acima dos padrões. Por oportuno, compartilho com os leitores três delas com as respectivas respostas:

P - Quem vai controlar as emissões da moeda? Surpreendeu-me  pela  perspicácia  esta pergunta de um garoto de 11 anos.
R - Os mesmos que controlam as emissões trilhionárias do Trump, da  União Europeia e há décadas do Japão - o mercado. Só enquanto houver compradores, as emissões serão viáveis. Atente que depois do fim do lastro ouro ao dólar, promovido por Nixon, as moedas não são nada mais  do que uma ficção, cuja aceitação depende unicamente da confiança.

P - A ideia em si é sensacional, porém utópica . Afirma uma advogada, intelectual  talentosa, com visão prática.
R - A ideia inicial  era escrever uma sátira, despretenciosa, não tão absurda quanto a  A Modest Proposal de Swift, que propunha a criação e engorda de crianças para matar a fome dos ricos. Acontece que ao finalizar o texto, ocorreu-me que a ideia poderia não ser assim tão absurda, pois os inconvenientes da emissão de moeda para pagar os custos do governo, talvez fosse um mal menor do que os ônus ( diretos e indiretos ) de um governo - que tornou a economia brasileira inviável. O que me levou a não ser enfático no traço irônico do artigo.

P - Comprei totalmente Uma Proposta Simples. Continue a escrever sobre ela e às suas consequências.Vc é o visionário numero 1 e eu o 2. Aprova um jovem industrial septuagenário.
R - o texto, propositadamente, é dúbio. Uma provocação, que deixa  ao encargo de cada leitor escolher entre ser uma proposta séria  ou uma sátira. Vc a  levou a sério.

Este jogo de perguntas e respostas, transcritas não literalmente, é uma amostra de que os textos  são interpretados de acordo com as perspectivas de cada  leitor. Vejamos:
 - Um jovem surpreende pela acuidade ao ter visão do funcionamento da economia, mas, natural nessa idade,  é estar condicionado  aos controles e quer saber - quem vai controlar?
- Uma intelectual, treinada na abstração e a ler nas entrelinhas, mas com os pés no chão, vê como utopia o desmonte de uma máquina poderosa, ainda que desejável. 
- Um visionário assumido, crente nas virtudes de um governo mínimo, não cogita de  ironia, e de peito aberto pede mais.


Estas três manifestações e todas as outras  sao receptivas à  ideia  de que o governo é a principal causa de todos os nossos males. Oxalá esta amostra de uma nova visão da organização do estado  enseje substituir o questionamento  às virtudes do  regime democrático ( hoje um tema mundial ) para o  das (des)vantagens do governo - em qualquer que seja o regime. Esta foi a intenção subliminar da mensagem - o governo mínimo é o ideal...e é possível! Utópico é tirar os parasitas das nossas costas.

Enfim - o maior inimigo do mau governo é o  governo mínimo!


As Minhas Reflexões.
Jorge Wilson Simeira Jacob
12 de junho de 2020.


quarta-feira, 10 de junho de 2020


Uma Proposta Simples.


Jonathan Swift, clérigo anglicano, foi  um escritor muito criativo, mais conhecido como autor das Viagens de   Gulliver do que do panfleto  A  Modest Proposal  * .Este ensaio satírico surpreendeu a sociedade com uma proposta simples  para eliminar a fome na Irlanda. Ela foi por muitos  considerada como absurda por outros como irônica.

A lembrança torna-se oportuna neste momento em que crescem as atenções à nossa condenável desigualdade econômica. Um mal que  nos coloca distantes  do ideal de uma sociedade mais igualitária, com liberdade e sem pobres. Vivemos como nunca  entre os  extremos de imensa riqueza e de profunda miséria. O que humanamente é inaceitável e socialmente perigoso por incentivar os  males  da inveja.

Entretanto ideais elevados não se concretizam se a realidade não a sustenta. O comunismo foi um fracasso ao estatizar os meios de produção e as propriedades, igualou por baixo causando  servidão, miséria e corrupção . A Escandinávia , com total liberdade econômica e um mínimo de burocracia, construiu  uma sociedade mais humana, mas com sinais visíveis de perda da vitalidade econômica. Preocupação válida, pois uma redução da arrecadação inviabilizaria o modelo. Por oportuno , surge  uma nova visão econômica - a Modern Monetary Theory * * , que pode fazer a diferença ao  questionar os tradicionais limites  ao endividamento público. A  emissão da moeda  sem lastro, desde Nixon, deu liberdade aos governos. Experiências do Japão, Estados Unidos, Italia...todos  com dívidas crescentes,  sem inflação, moeda valorizada e juros negativos, ensejam esta revolução nos conceitos. Este novo entendimento pode ser o  instrumento para a realização da desejada redução da miséria. O exemplo de Swift, induz-me a propor também uma  proposta simples:  - uma política  de emissão de moeda como a única fonte para os gastos  honestos e prudentes   dos governos ; - e para dar  uma renda mínima para todos.  Todos os encargos tributários, sem exceção, seriam eliminados e com eles toda  a burocracia arrecadatória e fiscal,  que tem custos elevados e emperra o desenvolvimento econômico. 

Certamente, os céticos vão olhar como absurda ou irônica esta proposta. As pessoas preferem o complicado ao simples. Complicar exige esforço, o simples, lucidez.

  • A Modest Proposal , nesta sátira, Swift sugeria que os irlandesas vendessem os filhos  para alimentar os ricos, em vez de lamentar pela pobresa. A frase Modest Proposal é usada na escrita inglesa como alusão a uma sátira dita com seriedade. 
  •  *Why I’m Not Worried About America Trillion Dollar Déficit.                                                                                        by Stephanie Kelton -  New York Times - June, 09, 2020
                                       

                                                            As Minhas Reflexões.
Jorge Wilson Simeira Jacob
10 de junho de 2020.

domingo, 7 de junho de 2020

   Uma Ideia Divina.

A crença na Bíblia judaica-cristã não tem a unanimidade das opiniões. Nem todos a respeitam como sendo a palavra divina. A Bíblia judaica-cristã tem muito da sua narrativa inspirada nas  mitologias da Índia, Pérsia, Grécia e Egito e pode ser considerada como a evolução do  Torá, como o islamismo o é do cristianismo. São adaptações à evolução do conhecimento. Há entre elas ( bíblias ) muitos fatos assemelhados ou conflitantes: Maya, a mãe de Buda,  foi fecundada em um sonho por um elefante branco, assim  como Maria, a de Jesus,  pelo Espírito Santo; uma Bíblia de 1.500 anos, descoberta na Turquia, contém o evangelho de Barnabé, acompanhante do apóstolo Paulo, em que descreve Jesus à semelhança da religião islâmica - o que assustou o Vaticano. Por estas e muitas outras * , os ateus e agnósticos  ( racionais )  leem as bíblias  como peças de literatura.

Ao recusar à Bíblia a condição de dona da verdade, os não crentes  ganham a  liberdade de enriquecer, segundo o seu entendimento e  criatividade, trechos ou capítulos da narrativa. Uma destas contribuições é a descrição, na formação do mundo , em que o diabo lança um desafio a Deus: a cada uma das Suas  criações eu ofereço outra melhor. Se eu for o perdedor, aceitarei a minha maldição, se vencedor, serei reconduzido à corte celeste. Deus deu início à partida criando o paraíso; o diabo retrucou com o  inferno - perdeu ; Deus inventou o capitalismo, o diabo o socialismo - perdeu; Deus criou o homem, o diabo aperfeiçoou a ideia e fez a mulher - venceu. Deus sentiu o golpe e decidiu usar o Seu poder -  inventou o dinheiro - foi cheque mate. O diabo ficou sem ação -  desistiu do jogo irritado. Deu-se por vencido ao sentir a força da ideia. Viu que o dinheiro simbolizava o poder, pois com ele os homens poderiam ter tudo...até comprar amor sincero. Percebeu o alcance da proposta. O dinheiro, facilitando as transações, sendo uma reserva de valor e  simples de usar, seria um valioso instrumento para o progresso da humanidade. O tempo confirmou o entendimento do diabo. O dinheiro foi uma ideia divina! 

O diabo perdeu a aposta. Esta só não foi completa  porque o diabo superou Deus ao criar a mulher.

* A Bíblia Da Humanidade - Jules Michelet 

As Minhas Reflexões 
Jorge Wilson Simeira Jacob
07 de junho de 2020.

quinta-feira, 4 de junho de 2020

Cuidado Com O Sargento.

No pátio do quartel, os conscritos ao serviço militar estavam  aguardando a chamada. Um recruta  ao ver passar  o general, comandante da unidade, o aborda pedindo fogo. Sem pestanejar,  ele atende ao pedido e o aconselha: vc é novo aqui. Vc teve sorte de pedir  para mim. Se fosse a um sargento, nestas alturas vc estaria em muitos maus lençóis.

Piada ou não, mas serve para ilustrar a  realidade. As pessoas podem ter reações imprevisíveis quando tem baixa autoestima e detém algum poder. O poder tem a capacidade de  transformar a postura dos indivíduos . Geralmente para pior, se uma  ação provoque um sentimento de inferioridade, que coloque em choque 
a imagem pretendida frente a um  tratamento  inadequado. As fardas , as armas, os títulos... mudam a  postura das pessoas. Todos nós  já  vimos vídeos de  policiais truculentos, armados até os dentes, levando um pobre ladrão de galinhas, algemado, como se fosse o personagem Hanibal, o canibal. Afinal eles estão investidos de  uma autoridade e a defendem com unhas e dentes. A verdade é que os indivíduos de baixa auto-estima, com poder, quando sentem-se  desacatados, podem passar da humildade para a  arrogância  e a prepotência . Estes elementos são perigosos. Esta deve  ser uma das razões para os ingleses não darem armas aos policiais.


George Floyd  foi assassinado com crueldade, pela polícia de Minneapolis, estando  no chão algemado, não oferecendo portanto nenhum risco. O seu sacrifício só pode ter sido motivado como exibicionismo de superioridade racial ou de autoridade - ou ambas as causas.  As fotos do policial, ajoelhado no pescoço do Floyd,  em tudo lembra a pose orgulhosa dos  caçadores posando para fotos, como troféu, ao lado de um  leão abatido. George Floyd talvez estivesse vivo se tivesse entendido o conselho do general - cuidado com o sargento!


                                                         As Minhas Reflexões 
                                                   Jorge Wilson Simeira Jacob
                                                         04 de junho de 2020


quarta-feira, 3 de junho de 2020

Os Salários Dos Ineptocratas.


Ineptocracia: um sistema de governo onde os menos capazes de liderar são eleitos pelos menos capazes de produzir, e onde os membros da sociedade com menos chance de se sustentar ou ser bem-sucedidos são recompensados com bens e serviços pagos pela riqueza confiscada de um número cada vez menor de produtores.Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada.

A Revolta De Atlas - Ayn Rand


 As ideias   tornam-se clássicas quando vencem o tempo.  As de Ayn Rand, centenárias, estão cada vez mais atuais, o que a tornou  imortal. Talvez ela se surpreendesse, que, apesar das suas advertências, a ineptocracia, acabou dominando o  mundo. Hoje os que produzem dependem cada vez mais de obter autorização para produzir de quem nada produz ( a não ser leis ). A recente pandemia deu asas  a arbitrariedade governamental.  A liberdade individual está sendo violentada em escala mundial. Algumas poucas exceções  foram as praticadas pela   Suécia e Taiwan, que mostraram existir  abordagens mais racionais, ao equacionarem a falsa dicotomia” vida  versus emprego “ , sem cair  na ditadura da ineptocracia. 

Os nossos  ineptocratas não fazem feio entre os seus pares mundiais,  neste   combate à pandemia. Adotaram a imposição na administração da crise. Método válido no combate a incêndio, em que se joga  água onde vê e estraga o que não vê. Uma ação autoritária que ignora as virtudes da persuasão e do exemplo como formas de conseguir resultados. A imposição vigente, por inflexibilidade,  ignorou particularidades  locais ou setoriais. Alguns exemplos de fracassos desta prática : o fechamento dos restaurantes nas estradas, que inviabilizaram o transporte rodoviário; o rodízio dias pares ou ímpares, revogados pelos péssimos resultados; a proibição do comércio, que está  sendo desrespeitado nas periferias   por questões de sobrevivência. Tudo   dando razão a outra advertência da Ayn Rand: o governo existe para combater o crime, na falta deste, cria leis para ter mais criminosos para combater ( ou corromper),

Porém, a conta está por vir -  a perspectiva   de uma década perdida em uma economia sem gordura para queimar. Mas a ineptocracia, no alto da sua arrogância e ignorância, lambuzando-se no  seu estoque de invenciones ,  anuncia a flexibilização inteligente - que será mais do mesmo. Assim, sem debelar o mal e sem condições de suportar a pressão social, consequente do desemprego,  ameaça de  depressão econômica  e   queda da arrecadação, chegaremos  (oxalá ) ao capítulo final que será  deixar de  pagar os salários dos ineptocratas.
As Minhas Reflexões.
Jorge Wilson Simeira Jacob
03 de junho de 2020.