O Cavalo Do Inglês
Era uma vez um inglês que decidiu treinar o seu cavalo a não mais comer. As vantagens eram evidenciadas na economia com os alimentos, a redução do trabalho e a eliminação do estrume. O desafio era desacostumar o semovente do mau hábito. Começou diminuindo as porções , como não percebeu diferença no comportamento do animal, alternou a alimentação a dia sim, dia não. Os resultados mostravam que a sua experiência estava no caminho certo. Depois de seguidas reduções, com visível sucesso, limitou de vez o trato a somente água, até que uma manhã encontrou o cavalo morto. Surpreso, lamentou: Pena que ele morreu antes de adaptar-se ao jejum absoluto. Estava indo tão bem!
Era uma vez, a nossa , um grupo de governantes que decidiu combater um coronavírus forçando a mudança de hábitos da população para evitar contágios. Proibir as pessoas de trabalhar, do convívio social e de circular, eram vantagens indiscutíveis, pois estariam diluindo no tempo a contaminação - desde que não existia cura e nem vacina disponível para o vírus. Ao contrário do caso do cavalo, que iludiu o inglês, esta experiência foi só desilusão. A adesão ao projeto foi decepcionante. Os sacrifícios eram injustos, discriminatórios: o isolamento só existia na prática para as camadas privilegiadas ( uma minoria ), que tem a dispensa abastecida e a casa quase vazia. As empresas viam-se caindo no abismo de braços amarrados, sem horizonte a não ser demitir e fechar as portas, deixando espaço para concentração no setor ao sacrificar as pequenas e as médias. Ademais o bicho humano, um ser gregário, necessita de contato social, de carinho e de vida amorosa. Certamente uma desvantagem à docilidade do equino à castração.
Esta tentativa de castrar a sociedade gerou reações:
- primeira , o questionamento à imposição ditatorial dos políticos, que tratam a sociedade como a de seres incapazes. Apoiando-se no parecer de ditos cientistas, sem unanimidade e nem comprovação matemática, com achismos, como se infalíveis eles fossem. Vale lembrar que a ciência, a exemplo de Ptolomeu, Copérnico e Galileu, defendeu inúmeras falácias e colocou-se no lado errado em alguns capítulos cruciais na história da humanidade;
- segunda, os resultados não foram convincentes, vis a vis com experiência não ditatorial de outros países, cujos resultados não diferem * da quarentena ou não;
- terceira ,a percepção de uma crise em que os políticos estão desacreditados, pois visivelmente exibem-se ao público com vistas às próximas eleições;
- quarta, como explicar que a única solução para enfrentar a pandemia seja a receita da época da peste, arguia Selma Santa Cruz **. E, para completar, o próprio governo batiza a sequência do confinamento como “inteligente”, reconhecendo que o anterior não o foi.
A reação manifesta-se na desobediência civil em curso, com o risco de uma crise social indesejável, encontrando razões nas ameaças da fome, do tédio , da servidão e para não ser sacrificado pelo confinamento, como o cavalo do inglês, que morreu antes de adaptar-se ao jejum absoluto, na experiência que estava indo tão bem!
As Minhas Reflexões
Jorge Wilson Simeira Jacob
28 de maio de 2020
- www.dailymail.co.uk/news/article-8347635/amp/Lockdowns-failed-alter-course-pandemic-JP-Morgan- study-claims.htmi
** Revista Oeste, edição de 22.05.2020, Uma Quarentena Sem Fim, de Selma Santa Cruz.
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