Esses Moços, Pobre Moços...
Esses moços, pobres moços
Ah! Se soubessem o que eu sei
Não amavam, não passavam
Aquilo que já passei.
Lupicínio Rodrigues
A vida é um jogo de ganhos e perdas, que ao seu final mostra ser ora enriquecida com as aventuras, bem ou mal sucedidas, ora empobrecida, pela perda dos amigos, das ilusões e pela redução da visão de futuro. Infelizmente os amigos não voltam mais, as desilusões ficam e o horizonte dos sonhos é limitado. Obrigatoriamente tornarmo-nos imediatistas. O mediato não nos pertence mais. O bom senso nos coloca na posição de só plantar se contarmos com alguém, não nós, para colher.
Com este condicionamento, em um país sem rumo, chegamos no limiar da existência com o sentir de ser difícil manter o sonho no país do futuro. E de não ser nada fácil aos jovens enfrentarem o duplo desafio: um mundo, que perdeu as referências; e um país escravo das ideias retrógradas de um populismo-estatizante-burocratico . Principalmente por estarmos saindo de cena, por vencimento do prazo de validade, e, por isto, poupados dos tempos desafiadores à sobrevivência que virão, tenho pena desses moços que vão passar tudo o que já passei e muito mais. Se o desafio da nossa juventude era crescer junto com o desenvolvimento da nação, hoje é não afundar junto à decadência dos valores morais, da degradação da qualidade de vida e com uma economia inviabilizada.Os próximos tempos serão de decepções e frustrações, e eles irão descobrir que o desenvolvimento de uma nação não é uma fatalidade, é uma exceção. Há continentes inteiros estagnados há milênios. E nós há mais de uma década, por estarmos presos na armadilha de um sistema de governo baseado nas virtudes de pessoas (?) e não de instituições confiáveis. Isto exige a reforma profunda do estado, mas como conseguir se os que detém o poder têm interesse no status quo? Só um milagre ou uma revolução fará com que as raposas devolvam as chaves dos galinheiros.
Lupicinio Rodrigues, compositor de sambas imortais, que encantaram a minha mocidade, como o Moços, Pobre Moços , cujos versos tocava-nos profundamente por falar no amor em uma idade em que o libido estava fervendo. Naquela época, ao som da canção , víamos como absurda a ideia de deixar de amar. Hoje, pensando naqueles versos, temos como absurdo se pôr fé no futuro que espera os jovens deste país - futuro que está sendo liquidado pelos poderosos de plantão . O que nos remete a ter pena desses moços, pobres moços, que estão sendo desafiados a sobreviver, sem matar os seus sonhos, em um país que insisti em assassinar todas as esperanças .
As Minha Reflexões.
Jorge Wilson Simeira Jacob
31 de maio de 2020.
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