sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Saudades Da Dilma?


Devagar com o andor... . Mesmo vivendo hoje com igual nível de desemprego,  com o consumo retraído, com instabilidade política, com as reformas administrativa e tributária proteladas e sobretudo sufocados por uma burocracia castradora, ainda assim não dá para ter saudades da presidenta Dilma. Ela é hour concours!  Ainda mais por ter  tido o mérito de enriquecer o  anedotário nacional, que, ao mesmo tempo , era razão de piada e de vergonha. Porém, é preciso andar com  cuidado, pois  o santo é de barro e pode quebrar. Mas tem que avançar, pois se a procissão demorar para mostrar resultados,a turma dela  poderá ser chamada de volta, como aconteceu na Argentina. Isto independentemente das  valiosas conquistas dos seus sucessores - Temer e Bolsonaro, com: a redução da corrupção, uma inflação civilizada, a reforma da previdência e a luta pelo equilíbrio orçamentário. Acontece que estas  são águas passadas e o eleitor mata a sede na fonte  do futuro. E no  presente   persistem muitos dos fatores que alimentaram os movimentos de ruas: a perda da massa salarial, o desemprego, a deterioração dos serviços públicos e o enfraquecimento da atividade econômica, que terminaram no impeachment.

Nesta procissão é preciso cuidar para não por toda a fé no tema corrupção, ainda que importante, tanto moral como economicamente, por si só não é suficiente para contentar as massas. Elas, o povo,  sintetizam em uma bandeira - corrupção, desigualdade, ticket do transporte .... - o conjunto das suas insatisfações, mas as  reações diferem  na proporção do seu bem estar. As massas não são moralistas, são pragmáticas. E quando  falta pão  todo  mundo grita, ninguém tem razão. Assim diz o ditado. E também a realidade! Como a  falta de pão está generalizada, gritam: o Congresso que quer verbas para aliciar o seu eleitorado;  o executivo que  quer resultados para mostrar; os empresários que querem aumento da massa salarial para terem mercado; os desempregados que querem salário para viver; e os miseráveis, Bolsa Família. Estas  reivindicações não são novas. Estavam na base do descontentamento que elegeu o atual Presidente. Acalmou-se com as promessas na campanha eleitoral  de melhoria já no primeiro ano de governo, mas o tempo de espera já passou. Das reformas, só a da Previdência aconteceu. Os ânimos, depois de 14 meses deste governo, estão se aquecendo. E, com as próximas eleições em outubro a temperatura será elevada com os  discursos críticos da oposição. Eleição é momento de atrito, de promessas e de prestação de contas. Veremos!

Não só a sociedade está  decepcionada com os resultados deste ano passado, cujos resultados  do último trimestre jogaram  um  balde de água fria na esperança de dias melhores, mas também o Presidente dá sinais de impaciência com uma retomada forte da economia, pela necessidade de criar uma base eleitoral forte,  para disputar as próximas eleições. Até uma data ele marcou: se até julho não surgirem resultados, ameaça   interferir na política econômica, enfraquecendo ou substituindo o  super Guedes.  O que sairá daí?

Como  é improvável uma virada dos dados econômicos , em prazo tão curto,  o provável será a troca  do atual  ministro da economia, seguida de alguma  turbulência. Se   o sucessor  não for capaz de recuperar  a esperança, novas  manifestações de rua  irão cobrar as promessas de campanha não realizadas e tudo poderá acontecer, desde a emasculação do legislativo  e do judiciário...até um impeachment.Serão dias de muita tensão! Dias de angústias iguais aos da nada saudosa Dilma.


As Minhas Reflexões.
Jorge Wilson Simeira Jacob

20 de fevereiro de 2020.

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