Saudades Da Dilma?
Devagar com o andor... . Mesmo vivendo hoje com igual nível de desemprego, com o consumo retraído, com instabilidade política, com as reformas administrativa e tributária proteladas e sobretudo sufocados por uma burocracia castradora, ainda assim não dá para ter saudades da presidenta Dilma. Ela é hour concours! Ainda mais por ter tido o mérito de enriquecer o anedotário nacional, que, ao mesmo tempo , era razão de piada e de vergonha. Porém, é preciso andar com cuidado, pois o santo é de barro e pode quebrar. Mas tem que avançar, pois se a procissão demorar para mostrar resultados,a turma dela poderá ser chamada de volta, como aconteceu na Argentina. Isto independentemente das valiosas conquistas dos seus sucessores - Temer e Bolsonaro, com: a redução da corrupção, uma inflação civilizada, a reforma da previdência e a luta pelo equilíbrio orçamentário. Acontece que estas são águas passadas e o eleitor mata a sede na fonte do futuro. E no presente persistem muitos dos fatores que alimentaram os movimentos de ruas: a perda da massa salarial, o desemprego, a deterioração dos serviços públicos e o enfraquecimento da atividade econômica, que terminaram no impeachment.
Nesta procissão é preciso cuidar para não por toda a fé no tema corrupção, ainda que importante, tanto moral como economicamente, por si só não é suficiente para contentar as massas. Elas, o povo, sintetizam em uma bandeira - corrupção, desigualdade, ticket do transporte .... - o conjunto das suas insatisfações, mas as reações diferem na proporção do seu bem estar. As massas não são moralistas, são pragmáticas. E quando falta pão todo mundo grita, ninguém tem razão. Assim diz o ditado. E também a realidade! Como a falta de pão está generalizada, gritam: o Congresso que quer verbas para aliciar o seu eleitorado; o executivo que quer resultados para mostrar; os empresários que querem aumento da massa salarial para terem mercado; os desempregados que querem salário para viver; e os miseráveis, Bolsa Família. Estas reivindicações não são novas. Estavam na base do descontentamento que elegeu o atual Presidente. Acalmou-se com as promessas na campanha eleitoral de melhoria já no primeiro ano de governo, mas o tempo de espera já passou. Das reformas, só a da Previdência aconteceu. Os ânimos, depois de 14 meses deste governo, estão se aquecendo. E, com as próximas eleições em outubro a temperatura será elevada com os discursos críticos da oposição. Eleição é momento de atrito, de promessas e de prestação de contas. Veremos!
Não só a sociedade está decepcionada com os resultados deste ano passado, cujos resultados do último trimestre jogaram um balde de água fria na esperança de dias melhores, mas também o Presidente dá sinais de impaciência com uma retomada forte da economia, pela necessidade de criar uma base eleitoral forte, para disputar as próximas eleições. Até uma data ele marcou: se até julho não surgirem resultados, ameaça interferir na política econômica, enfraquecendo ou substituindo o super Guedes. O que sairá daí?
Como é improvável uma virada dos dados econômicos , em prazo tão curto, o provável será a troca do atual ministro da economia, seguida de alguma turbulência. Se o sucessor não for capaz de recuperar a esperança, novas manifestações de rua irão cobrar as promessas de campanha não realizadas e tudo poderá acontecer, desde a emasculação do legislativo e do judiciário...até um impeachment.Serão dias de muita tensão! Dias de angústias iguais aos da nada saudosa Dilma.
As Minhas Reflexões.
Jorge Wilson Simeira Jacob
20 de fevereiro de 2020.
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