segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020


Saint Thomas Morus



Nesta semana o jornal The Telegraph, de Londres, publicou, na coluna  
Royal Picture Of The Week , uma foto do Príncipe de Wales Charles  e da Duquesa de Cornwell  Camila, na cela onde em 1535 esteve preso Thomas Morus. A visita ocorreu para comemorar os 535 anos da existência dos Beefearts - guardiões cerimoniais da Torre de Londres.

Thomas Morus, amigo pessoal ,confidente e Chanceler do reino de  Henri Vlll, foi canonizado pela Igreja Católica como exemplo de fidelidade ao Papa e defensor da doutrina, mais do que por virtudes religiosas. Escritor , criou o termo Utopia para dar nome a uma ilha imaginaria, que seria a sociedade ideal - sem propriedade e intolerância religiosa. Foi condenado à morte por se recusar a defender junto à Santa Sé a anulação do  casamento de Henri Vlll - o barba azul - com Catarina de Aragão para casar-se com Ana Bolena. A sua intransigente defesa do Sacramento do Matrimônio, considerado pela Igreja como  indissolúvel, contrariava à vontade do Rei, que para subjugá-lo manda prendê-lo na Torre de Londres. Interessado na mudança da sua opinião e pela amizade que os unia, Henri Vlll, com a posição irredutível de Morus,  incentiva a família, filhas e esposa,  a visitá-lo na prisão e convencê-lo a mudar de ideia. Tudo em vão! Na sequência, como medida extrema,  o rei o condena à morte por insubordinação. A família vai à prisão e implora a Morus que salve a sua vida. Sem êxito, como último recurso, pedem que, já que não dá valor à própria vida, que o faça como prova de amor a eles. Segue-se então a resposta de Morus, o que o fez primus inter pares:

Morus : minha filha, a maioria dos homens vive de acordo com as conveniências; raros são os que o faz na defesa das suas convicções. Seu pai quer ser um destes!

Morus foi decapitado. O Papa Clemente Vlll  o canonizou como Santo da Igreja pelo testemunho de obediência e demonstração de fé ;  o seu livro A Utopia se tornou sinônimo de idealismo; e  a sua  intransigente fidelidade às próprias  convicções o elegeu como o maior exemplo da valorização  da dignidade humana. Morus perdeu a vida para ganhar um lugar na história. Um modelo, ainda que exaltado,  raramente seguido, pois  não foi fonte de inspiração suficiente para evitar que  a maioria  continue vendendo  as sua convicções pelas conveniências do momento. Thomas Morus é santo  padroeiro de raros devotos.



As Minhas Reflexões.
Jorge Wilson Simeira Jacob
24 de fevereiro de 2020


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