sexta-feira, 4 de outubro de 2019

AS MINHAS  REFLEXÕES .


Ao longo da vida, escrevi textos que colecionei sob o título de As Minhas Reflexões, os quais eram tentativas de equacionar os elementos de  fatos, opiniões, ideias de terceiros  e mesmo  dúvidas pessoais. Esta coleção, como entendia, seria o registro de temas que me fizeram parar para pensar. Em muitas   das trocas de ideias, principalmente  nas que foram aceitas, ao final restava em mim uma sensação de vazio, da  falta  de  algo - uma insatisfação com a minha  retórica.

Nada de surpreendente nesta frustração. A boa comunicação é uma arte para poucos, e ressinto-me desta fraqueza.  As palavras, o seu principal  instrumento, são traiçoeiras, mudam de significado dependendo do momento, da posição , dos ânimos ... de  quando e como  são usadas.  Além de terem significados e pesos diferentes, o entendimento é dificultado pelo fato de nossas  trocas de opiniões ocorrerem  desordenadamente, impossibilitando  o desenvolvimento completo do raciocínio. As exposições, de ambas as partes,  são interrompidas, truncadas,  nunca voltam ao mesmo ponto e nem sempre ao mesmo argumento. Elas saltam nas conversas, de um  aspecto para outro, como cabritos festivos  soltos no campo. Não se consegue andar em linha reta, vai-se  como bêbado,  tropeçando nos contra-argumentos, confusos  pelo calor do debate , para cair vítimas de desinformação e de falácias.

Segundo o Gênesis , a causa desta dificuldade  se deve ao fato dos homens, desafiando o Criador, estarem construindo  a  Torre de Babel para alcançar o céu. Ele ,  insatisfeito, liquidou  está pretenção, pura e simplesmente poluindo as suas linguagens.  Os homens, sem o  poder de  comunicar-se, perderam a condição de convivência e a Torre ruiu.  Se é verdade ou mito não importa, o que se acredita é que a partir daí  nunca mais a comunicação facilitou o entendimento humano. Depois de Babel,   os diálogos viraram  conversas de surdos, todos falam, ninguém ouve! E quando escutam , não apreendem. 





Não foram  necessários muitos fracassos  para descobrir que, diante da dificuldade,  os debates  improvisados devem   ser evitados. Preparar-se é uma postura de prudência pessoal e de respeito aos interlocutores. Ir aos   por quês é a base da sabedoria! Entrar no embate , de bate pronto, tomando  partido só com base em nossas convicções e  intuições, é suicídio. Coloca em risco não convencer o interlocutor e não ser convincente, tendo como  resultado    a sensação de ter sido atropelado pelo próprio despreparo. Um  enfrentamento deve evitar a exposição desordenada das razões, mas, ao contrário, deve ter   começo, meio e fim - sem tergiversar. Uma razão a  ser transmitida , ainda que sólida , exige domínio completo sobre  ela.  Para  saber basta entender, mas para convencer se exige muito mais. 


 Com a  consciência dessas dificuldades, procurando  otimizar a minha argumentação , desenvolvi como  método,  o hábito de  escrever sobre os assuntos que se apresentavam, quer sejam os provocados por terceiros ou  fruto de uma  tendência natural, alinhando as ideias, tendo em vista a tese, antítese e  a síntese .Colocar sistematicamente um tema no papel,  obriga a racionalidade e a coerência.Escrever, que tem sido meu método de ordenar ideias e memorizar textos,  tem a  virtude de  poder  submete-lo  à críticas para  validação das premissas,  das conclusões e  da clareza da exposição. Mesmo depois de  correções,   nunca um texto agrada a  gregos e troianos. A boa interpretação da leitura é influenciada por fatores diversos: percepção da outra parte do  ponto de gravidade da tese; da capacidade de avaliação das ações e reações apresentadas; do estado de animo do leitor no momento, as sua idiossincrasias e os seus  possíveis interesses. Um leitor, como regra, está preso às suas crenças, ideias  e paixões, e por emoção resiste a  ter empatia com ideias contrarias. Só as mentes muito abertas, treinadas a serem  expostas ao contraditório, não adeptas à verdades dogmáticas, podem assimilar  diferentes significados. O que dá força à crença  popular de que “ ninguém convence ninguém, podemos mudar a sua   perspectiva“ .

As reflexões foram escritas   como treino ao desafio  de transmitir minhas razões, se possível, convincentemente. Foram elaboradas   tendo  como foco  mostrar fatos da vida por um outro ângulo, de uma outra perspectiva, quando for o caso, talvez com isto ajudando  o leitor a pensar o mundo out of the box e a evitar o efeito manada. 

 Se conseguir,  valeu a pena publicar as minhas reflexões.

Jorge Wilson Simeira 

Reflexões - outubro 2019.







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