sábado, 31 de maio de 2025

 O Brasil acima de tudo


TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO: BENGALAS OFERECIDAS AOS FRACASSADOS. 


Para os derrotados é mais fácil - e reconfortante - acreditar que uma força invisível, um complô secreto ou uma elite onipotente foi - ou é - a responsável por tudo de ruim que acontece. 


Ao pintar um quadro em que "tá tudo dominado", elas semeiam a desistência através de uma mensagem clara: "Não adianta lutar, o sistema já decidiu tudo. Qualquer tentativa de resistência é inútil." 


Assim, elas castram o ímpeto de mudança e reforçam a apatia. E quem as repete não se sente enganado, sente-se esclarecido. 


O conspiracionismo é, paradoxalmente, um instrumento de paralisação e de preservação de tudo o que ele denuncia. 


Ao pintar o sistema como invencível e corrompido em todas as esferas, essas teorias minam a ação política real, deslegitimam qualquer tentativa de mudança e desmobilizam quem acredita em reformas. 


Em vez de encorajar o enfrentamento dos problemas, elas promovem o fatalismo, a apatia e a vitimização. 


As teorias da conspiração servem como uma narrativa conveniente de que o inimigo é onipotente e o fracasso é inevitável - logo, é melhor desistir. 


Elas são as bengalas dos fracassados, dos covardes que trocam a luta por lamentos, a razão por delírio, e a esperança por cinismo.



O Brasil acima de tudo



O texto acima de autoria do meu amigo General Paulo Chagas merece reflexão por sua importância. Não só pela pertinência do seu alerta, como pela sua posição sócio-política, como por sua conhecida militância.


Ele foi candidato a governador de Brasilia, nas últimas eleições e é assíduo analista no X ( ex Twitter ) da politica nacional.


Como estrategista militar, o Gal.Paulo teve a acuidade de identificar a estratégia dos atuais donos do governo de castrar as vontades das oposições, além de um discurso eloquente e de redação elegante.


Subliminarmente, maquiavelicamente falando, os políticos da situação incutem nos eleitores a crença de ser impossível a alternância no poder, como mostra o texto acima.


As argumentações  comuns são: o Lula é invencível; se perder nas urnas, ganhará no “tapetão” ou roubando na contagem dos votos ou por manipulação no judiciário."Não adianta lutar, o sistema já decidiu tudo. Qualquer tentativa de resistência é inútil." 




Diante dessas razões, tentam quebrar as resistências por não haver por que lutar. Seria um esforço inglório. Nada pior para enfrentar um desafio do que o desanimo, do que a descrença.


Pessimismo que contagia os brasileiros, hoje, mas que oportunamente é combatido nesse texto introdutório.


Entretanto, há de se ter presente que nem todos, como crítica o autor, usam “ as bengalas dos fracassados, dos covardes que trocam a luta por lamentos, a razão por delírio, e a esperança por cinismo”.


 Ao contrario, há uma  parcela do eleitorado, uma maioria silenciosa, que sente-se órfã de uma liderança que lhes mostre o caminho a seguir, como faz o Gal.Paulo, nesse seu texto e no seu ativismo.


A nossa história mostrou, em eleições passadas e nas demonstrações de ruas, que somos altivos e desejosos de ter uma pátria da qual orgulhar-se.


Infelizmente não temos sido correspondidos em nossas tentativas de sair das influências  dos populistas que infelicitam a nação. 


Eles, nos períodos eleiçoeiros,  prometem o futuro, mas só entregam, no presente, pão e circo com que compram os desesperados.


Repercutir a preocupação, inserida nesse texto, é despertar a consciência de que as mudanças são possíveis, cabendo  a cada um de nós combater o derrotismo implantado maliciosamente nas nossas mentes.


A democracia, que devemos preservar, tem como  virtude permitir nos livrar dos piores pelo voto. E isto estará ao nossos alcance em breve.


Que surja um líder à altura das nossas aspirações e mostraremos que não aceitamos “as bengalas dos fracassados, dos covardes que trocam a luta por lamentos, a razão por delírio, e a esperança por cinismo”.


Se as circunstâncias forem propícias, não seremos pobres de espírito  colocando os nossos interesses menores acima do orgulho nacional.


O Brasil está acima de tudo!


São Paulo, 15 de maio de 2025.

Jorge Wilson Simeira Jacob


sábado, 24 de maio de 2025

 Fora de foco



O muçulmano está em harmonia com a sua religião. O evangélico também.*

O católico não está.

J.R.Guzzo



Na edição do Jornal O Estado de São Paulo, deste domingo, 11.05.25, o jornalista J.R. Guzzo inseriu a melhor análise do desempenho da Igreja Católica entre tanto textos que, ao ensejo dá eleição do Papa Leão XIV, foram publicados. O jornalista colocou o dedo na ferida ao mostrar ter  a Igreja Católica perdido o foco. 


Com o título, Perda de Foco, Guzzo aponta ter  igreja se desviado da sua missão que deve ser a de cuidar do lado espiritual dos fiéis. Ele argumenta, respeitando a importância da eleição do Papa, mas  critica as análises por falta de  objetividade. Ele mostra a  razão ao dizer: “ o que interessa, mesmo, não é bem o que vai acontecer no Vaticano, e, sim, o que está acontecendo com os católicos”.


O que está acontecendo com os católicos?


A Igreja Católica, desde a Rerum Novarum, de Leão XIII,  vem em busca da preferência das  classes menos favorecidas, mudando a sua ação de orientadora espiritual para uma mundana — a disputa política. O resultado tem sido a perda de fiéis, pois “O muçulmano está em harmonia com a sua religião. O evangélico também. O católico não está”.


A Igreja Católica, apesar e talvez por suas  diversões como A Teoria da Libertação e o populismo do falecido Papa Francisco, vem perdendo importância no mundo. Os católicos estão caindo de participação no universo religioso para os muçulmanos, evangélicos no mundo desenvolvido. O catolicismo  só cresce nas áreas pobres do mundo, a  África e a Ásia. O que a torna dependente da pobreza para sobreviver.


A recente troca de comando da Igreja, diante dos resultados, em vez de insistir na ação política, deveria ensejar uma volta aos princípios primeiros do catolicismo — a orientação espiritual. A Igreja , como uma ordem religiosa, deveria deixar a política aos políticos  e dedicar-se à sua missão original de divulgar as palavras de Cristo.


Cristo respondendo aos fariseus, no versículo do evangelho, ao ser inquirido se era legítimo pagar impostos ao imperador,  sacou uma moeda mostrando as suas duas faces  e disse: “ dá à Deus o que é de Deus e a César o que de César”.


Dar o que é de Deus, na orientação da Igreja Católica, é ter como foco  a  orientação espiritual, deixando aos políticos a política.


A sobrevivência milenar da Igreja Católica.


Com um histórico de mais de 2000 anos, a Igreja Católica mostrou-se de uma resiliência impar. Não há outro caso  tão eivado de erros, a desafiar  a sobrevivência, como o  dos católicos.  


Sofreu da incredulidade dos judeus no seu início; foi perseguida e teve martirizados os seus adeptos; conviveu por séculos com Papas corruptos; fez guerras de conquista para assegurar a sua influência e poder territorial; foi responsável por duzentos anos pelas atrocidades da Santa Inquisição; explorou escravos no Novo Mundo; ignorou o genocídio nazista  dos judeus;  dá cobertura à equivocada Teoria da Libertação — sem deixar em branco os escândalos de pedofilia.


É surpreendente  que uma instituição humana, com uma história lamentável sob o aspecto humano, resista à prova do tempo. Nem as feministas ousaram enfrentar o machismo de uma instituição que as trata como uma segunda classe. A elas, que são a base da transmissão do catolicismo aos filhos, não é reconhecido o direito da igualdade com os homens nos ofícios religiosos.


Não é menos surpreendente o fato da Igreja pregar a caridade e criticar o regime capitalista, quando é ela a primeira a não fazer caridade com o seu patrimônio, mesmo possuindo a maior riqueza entre todas as empresas do mundo e ser a mais capitalista de todas as suas congêneres. O que é uma hipocrisia.


O que esperar do novo Papa?


A nomeação do papa, Leão XIV, remete à questão principal:  irá voltar a Igreja à sua missão original de ser a guia espiritual dos homens ou manter-se-a  voltada para o materialismo? Ele irá harmonizar os católicos com a sua religião ou manterá a linha politica?


São Paulo, 12 de maio de 2025.

Jorge Wilson Simeira Jacob


Nota - por questão ética, devo esclarecer ser agnóstico, um  descrente de todas as religiões. Fui  educado na religião católica, tendo inclusive cumprido  o voto Agostiniano, o que me assegurou o direito ao Céu. 
















sábado, 17 de maio de 2025


Da felicidade


Para muitas pessoas a felicidade é semelhante a uma bola; querem-na de todo jeito e, quando a possuem, dão-lhe um chute.

Pe.  Mário Glaab



A palavra felicidade é,  desde que o homem existe, a síntese dos nossos melhores desejos. Não por menos os sábios gregos filosofaram sobre ela. Não só os pensadores antigos, mas todos os que se preocuparam com este sentimento.


Os antigos gregos aprofundaram-se no seu entendimento procurando  definí-la, descobrí-la e  aumentá-la. Eles a dividiram para poder entender em dois grupos: eudemonismo, que pode ser visto como sendo ter significado e propósito na vida; e  o hedonismo, que é o desejo do prazer e de evitar o sofrimento.


De certa forma as duas posições nem sempre coincidem, mas quase  sempre uma prevalece sobre a outra determinando o grau da  nossa felicidade


Definindo a felicidade.


Em uma visão prosaica, a nossa natureza nos faz oscilar entre as duas definições da felicidade. O nosso emocional influencia o nosso sentir. Muitas situações que sabidamente são passageiras, dão-nos a falsa sensação de felicidade ou infelicidade. São momentos transitórios. 


O hedonismo é a condição de “estar” feliz, que  pode ser  alimentado por um bem estar físico, uma paz de espírito ou uma conquista amorosa, que  afetam o nosso julgamento. É uma fração de felicidade.


O eudemonismo  tem um carácter mais abrangente e duradouro. É um sentimento de permanência, é “ser” feliz, propiciado por se ter um  significado e  propósito de vida, que promete um estado mais puro da felicidade.


 Nesse sentido, Aristóteles  identifica como fonte  da felicidade, um conceito central no eudemonismo, a realização do potencial humano. Pois, somente o  conhecer a dimensão das nossas potencialidades nos dá a medida do que somos, da nossa felicidade.


Descobrindo a felicidade


Schopenhauer entendia que os homens só valorizam o que não têm, poucos, o que têm. O que faz pensar de ser da nossa natureza humana uma permanente insatisfação, pois sempre estamos atrás de  algo que não temos. O que faz ser a felicidade um estado de espírito.


Um estado de espírito que nos faz sentir a felicidade ou a infelicidade. Os infelizes  sentem-se   vítimas de tudo e de todos. Não assumem a responsabilidade por suas vidas. Já os felizes acreditam ser fruto dos seus méritos. 


Esse estado de espírito   torna a vida dos negativos amarga  por colocá-los  quase sempre na expectativa do pior. Sentem-se tendo uma espada sobre a cabeça. Não fazem distinção  entre um programa e um espetáculo. 


O primeiro atenta para o todo e o outro por uma parte. Por exemplo:  em um jogo de futebol o espetáculo é o desempenho dos jogadores;  e o programa abrange o todo — companhia, torcida, ar livre… Um saiu para assistir ao jogo, o outro para ser feliz.



Aumentar a felicidade


Inquestionável ser a existência simultânea dos dois sentimentos, hedonismo e o eudemonismo, se possível, o ideal da felicidade. Mas o mundo ideal só existe em nossa imaginação. O mundo acessível é o possível dentro das nossas circunstâncias. Ser feliz é equilibrar as possibilidades e satisfazer-se com elas.


Um estado de espírito positivo faz com que se dê pesos iguais ao que é favorável e o desfavorável. Não se deixa influenciar pelo que não tem, nem pela inveja dos que tem mais, mas encontram  a felicidade no tem.



Ter sempre presente o que são  fatos transitórios (hedonismo ) dos que são  permanentes ( eudemonismo ) para poder administrar a nossa vida com racionalidade. Os fatos que podem ser mudados não devem abalar a nossa felicidade.


 O tempo, na administração da felicidade,  é um aliado que não deve ser desprezado. Deixemos o tempo trabalhar em nosso favor. Os que não o usam, geralmente são severamente castigados por ele. Não por outra razão os sábios são pacientes. Ajudar o tempo é parte do uso dele  em nosso favor.



Aplicar bem o tempo é direcioná-lo para o que tem significado e propósito na  vida ( eudemonismo).  Neste sentido, nada  supera em significado e a nossa dedicação àqueles  que amamos e que retribuem o nosso amor.


 Sem exceção, no final da nossa vida, o maior arrependimento que temos  é o  das  oportunidades não aproveitadas no cultivo  do amor às   pessoas queridas.


Conclusão 


A felicidade está ao nosso alcance. Só existindo uma razão para um ser humano sentir-se infeliz — a morte de um filho. O resto depende só do nosso estado de espírito para  não chutar  a felicidade quando ela estiver ao  nosso alcance.


São Paulo, 04 de maio de 2025

Jorge Wilson Simeira Jacob





O prazer de dar prazer


Vem com  teus lábios quentes 

Que quero loucamente  beijar,

Vem pros meus braços ardentes,

Quero amorosamente te abraçar.


Não demore, estou ansioso

Para no meu peito apertar 

Esse teu corpo gostoso

Pra minh’alma acalmar.


Não consigo mais esperar, 

Tremo de  emoção e dor

Tanto quanto posso desejar

Sentir dos teus lábios o calor.


A demora é um tormento,

Que trás um eterno sofrer,

Um medo de quase morrer,

Diante de tanto sofrimento.


Vem, de tudo despida,

Sem nada a temer,

Para o melhor da vida:

O prazer de dar prazer.


São Paulo, 4 de maio de 2025

Jorge Wilson Simeira Jacob