sábado, 8 de fevereiro de 2025

 Uma Odisseia no espaço.


É do ser humano a sensação de frustração quando olha o passado e reconhece os seus erros e as suas falhas de julgamento. Quanto mais idosa é uma pessoa maiores elas são. O sentimento sempre é de que, se tivéssemos a experiência de hoje e soubéssemos a evolução da história, teríamos feito tudo de forma muito diferente. Sofremos no viver,  muitas das vezes, inutilmente. Com frequência fomos eficientes, mas não eficazes.


Em retrospectiva,  constataremos as oportunidades perdidas e as decisões das quais nos arrependemos. Lamentavelmente o feito está feito e não há como repará-lo. Muito apropriado é o dito popular de que “ a vida é vivida só uma vez, sem ter tido ensaio”. 


Entretanto, se não podemos corrigir o passado, e temos determinação de minimizar no futuro os nossos erros, podemos juntar a experiência adquirida e tentar “adivinhar” o futuro. O fundamental é saber o que queremos dele.


Não há como ignorar que por mais experiências que tenhamos vivido não as vivenciamos todas. Situações inusitadas continuarão a nos surpreender. Este é o ponto de partida. A seguir teremos que tentar decifrar o futuro . Com  a certeza de ser este indecifrável, mas, quando muito,   podemos especular sobre dois ou três cenários possíveis para nos posicionar. É o que vamos tentar fazer.


Como será o mundo no futuro próximo?


Como o espectro é muito amplo, portanto, impossível de ser totalmente avaliado, vamos  eleger para a nossa especulação duas ou três macro-correntes externas a nós , que sejam fortes e prováveis . Elas seriam: a mudança climática , a inteligência artificial e o decréscimo populacional. Acredito que elas  influenciarão  sobremaneira o nosso futuro. 


Evidentemente cada um fará a sua aposta. Uns acreditarão que a natureza entrará em exaustão, por inépcia da humanidade , ou que agiremos para restabelecer o equilíbrio climático. Podendo mesmo contar com a hipótese de que, como na histórica tem acontecido, a natureza por si só encontrará o seu equilíbrio. Os atuais fenômenos ( chuvas, calor, seca…) nada mais seriam  do que ciclos naturais, como outros já vivenciados pela humanidade.


Outra corrente, a inteligência artificial de todos os fatos colocados à nossa frente, é a causa   que mais dificuldade se nos apresenta para avaliar os os seus efeitos. É ainda uma incógnita. Poderá ser a redenção do trabalho não só o rotineiro mas como o criativo. Talvez seja uma benção a contrabalançar a prevista redução populacional, suprindo mão de obra e inteligência. Como também poderá decretar o fim da humanidade se se rebelar contra os criadores, como fez o computador Hall 9000,  no   filme Odisseia  no Espaço. Hall  desandou e colocou-se contra a tripulação da nave espacial Discovery.


Já o  decréscimo populacional, previsto a partir das próximas  décadas, terá como efeito a perda do chamado “bônus demográfico” — onde uma geração predominantemente jovem arca com o sustento da aposentadoria de um número crescente de idosos. Estes que estão vivendo cada vez mais,  onerarão a sociedade com cuidados e custos. Se todos tendem a envelhecer, quem cuidará da nossa velhice?



O que seremos nós no futuro?


A par dessas possíveis causas citadas, há que se acrescer na nossa especulação a evolução para pior dos valores éticos e morais. Para os conservadores a ética e a moralidade estão em acelerada decadência. Foi a degradação dos costumes.  que levou à derrocada o Império Romano.


Outras  causas a serem  consideradas estão  a obsolescência profissional e funcional. Os conhecimentos atuais  não serão valorizados com a revolução tecnológica. As profissões vão desaparecer assim como   saíram do mercado  carruagens,  telégrafo,  datilografas … Outras crescerão como personal trainer, influencer e seus servidores…


Como as inovações vão lidar com a decadência ética e moral já em andamento? Como a família será afetada? Como a nossa vida será vivida se os governos forem totalitários?Como essas,  muitas outras perguntas sobre a evolução cultural pedem explicações para parametrizar a nossa vida.


A verdade verdadeira é que prospectar   o futuro gera  mais perguntas do que respostas. Quanto mais respostas acertarmos menor serão os nossos erros e frustrações. No citado filme, A Odisseia no espaço, o projeto da nave espacial tinha um objetivo definido, mas o resultado foi o imprevisto. A nossa  vida futura não será diferente.


 A nossa Odisseia é uma viagem imprevisível. Terminaremos como começamos : arrependido dos erros e frustrados com os resultados.


São Paulo, 28 de agosto de 2024.

Jorge Wilson Simeira Jacob



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