domingo, 14 de julho de 2024

 




God save the dollar!!!


Os Estados Unidos estão cozinhando o dólar em água morna, como na conhecida história do sapo. No  começo do mês de junho de 2024, o Tesouro dos EUA anunciou que vai endividar-se mais ainda, e o valor será maior do que os especialistas imaginavam.


Há não muito tempo atrás, Jamie Dimon , nada menos do que ser presidente do maior e mais prestigioso banco mundo, alertava para o risco do endividamento americano, que estava sendo financiado com emissões de títulos da dívida pública. Ver artigo O céu não é o limite, nesta coluna, no dia 03.03.2024.


Agora, não muito  depois, é a vez do mais bem sucedido empresário do mundo vir a público com um alerta assustador. Declarou Elon Musk que : “o dólar pode ir a zero caso os EUA não pare de emitir dívida”. Desse modo, em uma troca de mensagens na plataforma em que é dono, o X, Elon Musk revelou sua crescente preocupação com o dólar e os EUA.Elon Musk afirma que dólar vai para ZERO caso EUA continue gerando dívida.


Nenhum deles mencionou o término do  acordo do petrodólar, que assegurava a conversibilidade do dólar como moeda de referência para pagamento do petróleo. — o que aumenta o risco da moeda. 


A Arábia Saudita não vai renovar o acordo de petrodólar com os Estados Unidos. O anúncio feito pelo príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman (MBS), no último domingo, 9 de junho de 2024, é um divisor de águas na economia global e na geopolítica. 


Mais um elemento que sinaliza a construção de um novo mundo multipolar.O acordo entre o país árabe e a maior economia do mundo perdurou por 50 anos e estabelecia que o petróleo saudita seria vendido exclusivamente em dólares estadunidenses, consolidando o dólar como a moeda dominante no comércio global de petróleo. Em troca, a Arábia Saudita receberia proteção militar e apoio econômico dos EUA.



Esse acordo deixou de existir. Na prática, parte do petróleo já vem sendo pago  com moeda russa e chinesa. O yuan chinês, pretendente a disputar com o dólar uma posição relevante como moeda de troca e reserva de valor, já é hoje a terceira força monetária.


Nem sempre os profetas são ouvidos. Muitas racionalizações são construídas para provar que a capacidade de endividamento dos Estados Unidos está longe do seu limite. 


Entre essas é a de que um concorrente ao dólar deve necessariamente estar escorado em instituições sólidas, que proporcionem segurança; em ampla conversibilidade, que propicie liquidez; e tradição, que dê confiança. E o yuan chinês não atende a

 todos estes requisitos, por enquanto.


O euro, a segunda moeda de curso internacional, não cumpriu também essas exigências e não decolou como moeda corrente em transações internacionais. Faltou ao euro a pujança da economia americana, uma estável instituição política ( Brexit foi uma ruptura ) , e não tem uma longa vida.


São essas considerações que alimentam os otimistas da resiliência do dólar, que permitem cozinhar o sapo em água morna. 


Realmente, mesmo os pessimistas, não ignoram que desbancar o dólar não será obra fácil. Tudo indica que o tesouro americano ainda vai ter vida longa. 


Mas a história é farta de fatos imprevisíveis que precipitaram verdadeiras catástrofes. Napoleão, excelente planejador e admirado guerreiro, subestimou o “general inverno” para colher os amargos frutos de uma Moscou esvaziada. O que levou de volta à França derrotado.


Certamente aqueles que negociam com o dólar, diante de alertas do maior  banqueiro e do empresário mais rico do mundo, estão hoje nas pontas dos pés. Entretanto as alternativas de defesa contra uma desvalorização do dólar não estão disponíveis. A China está apostando no ouro para proteção das suas reservas, fugindo do dólar.


Porém, não é de calote que se trata , mas do  tesouro não conseguir mais tomadores para a dívida medida em trilhões de dólares, e ser forçado à medidas anti inflacionárias que levarão a uma recessão mundial sem precedentes.


God save the dollar!!!


São Paulo, 24 de junho de 2024

Jorge Wilson Simeira Jacob






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