terça-feira, 27 de dezembro de 2022

                           O BEIJO DA MORTE.


Se meus braços nada mais querem abraçar,

As minhas pernas não mais querem caminhar,

A  minha alma não pode mais querer amar,

As ilusões não querem mais  me enganar,

A glória não mais me faz sonhar,

A vaidade não mais me vai influenciar,

A esperança acaba de me abandonar,

Se falta-me vontade do mundo desbravar,

Estou caminhando  para a morte beijar.



Se  somos  como gotas d’água a rolar, 

Descendo, crescendo,  até molhar

As margens do rio que  puder  alagar; 

Abraçando ilhas que puder criar, 

Ampliando os seus braços sem parar,

Ambicionando o mundo inundar, 

Para ser engolido no final pelo  mar,

Fica sem sentido pela vida lutar,

Pois terminamos pela morte beijar.


Se quando nada mais me restar,

A não ser o corpo a doer e cansar,

A mente a não mais querer pensar,

A forte vontade se  abrandar,

A doce ilusão me abandonar

E a última esperança acabar

Sem ter um futuro a visualizar ,

Posso começar a me preparar —

A minha  missão na Terra vai terminar,

Sentirei  o beijo da morte a me beijar.


São Paulo, 23 de dezembro de 2022.

Jorge Wilson Simeira Jacob

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