O BEIJO DA MORTE.
Se meus braços nada mais querem abraçar,
As minhas pernas não mais querem caminhar,
A minha alma não pode mais querer amar,
As ilusões não querem mais me enganar,
A glória não mais me faz sonhar,
A vaidade não mais me vai influenciar,
A esperança acaba de me abandonar,
Se falta-me vontade do mundo desbravar,
Estou caminhando para a morte beijar.
Se somos como gotas d’água a rolar,
Descendo, crescendo, até molhar
As margens do rio que puder alagar;
Abraçando ilhas que puder criar,
Ampliando os seus braços sem parar,
Ambicionando o mundo inundar,
Para ser engolido no final pelo mar,
Fica sem sentido pela vida lutar,
Pois terminamos pela morte beijar.
Se quando nada mais me restar,
A não ser o corpo a doer e cansar,
A mente a não mais querer pensar,
A forte vontade se abrandar,
A doce ilusão me abandonar
E a última esperança acabar
Sem ter um futuro a visualizar ,
Posso começar a me preparar —
A minha missão na Terra vai terminar,
Sentirei o beijo da morte a me beijar.
São Paulo, 23 de dezembro de 2022.
Jorge Wilson Simeira Jacob
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