sexta-feira, 25 de novembro de 2022

 A DISLEXIA.


A Dislexia era um verbete quase desconhecido há poucas décadas. Só tomei conhecimento da existência desta deficiência quando fui confrontado com o diagnóstico de um filho. Até então as crianças que tinham dificuldades de aprendizado escolar eram classificadas como preguiçosas ou deficientes intelectuais — “burras”. Poucos eram os que conheciam uma  condição que levava as crianças a sofrer de um “ distúrbio de aprendizagem”.


Os sintomas mais comuns da dislexia ( em grego aversão à leitura ou discalculia, aos números ) é  a dificuldade de manter a atenção em um texto, trocar palavras, escrever espelhado, não memorizar o significado das palavras… e outras mais. Não há um padrão comportamental entre os disléxicos. Geralmente surge mais entre os meninos — até 17% da população — e bem menos nas meninas — 6 %, segundo estatísticas dos Estados Unidos. Admite-se que as proporções sejam iguais no Brasil.


Desafiado pelo problema de meu filho, sem ter a quem recorrer no Brasil, soube da existência da British Dyslexia Association. Fiz contato e me tornei associado para ter acesso aos seus conhecimentos. Desta convivência ocorreu-me fundar no Brasil uma entidade filantrópica com os mesmos objetivos da Britânica : “ ajudar os disléxicos por todas as formas possíveis “.  Assim surgiu a ABD - Associação Brasileira de Dislexia.


Desde então a dislexia passou a fazer parte da minha vida. Ao defrontar-me com o problema senti enorme empatia pelos  pais e “adotei” os disléxicos como filhos. Fui feliz por ter tido pessoas que me sucederam na presidência da entidade e que a tornaram uma referência no mercado. Os seus diagnósticos são hoje aceitos até nos Estados Unidos, onde uma neta recebe ensino universitário diferenciado por ter sido atestada pela ABD como disléxica.


Sabe-se, hoje, que a dislexia não tem cura, pois não é uma doença. Ela é uma dificuldade causada por uma construção cerebral diferente, que pode ser superada com um  processo diferenciado de ensino. Os disléxicos são geralmente muito inteligentes. Levando o vulgo à simplificar dizendo: “ se é burro…não é disléxico”.Esta condição dá aos disléxicos vantagens em áreas como a criatividade, raciocínios originais, que se mostraram na fama de respeitáveis disléxicos: Thomás Édson, Einstein, Walt Disney …



Tudo mostrava a oportunidade de criar uma entidade para se ombrear com as existentes nos países mais adiantados nas técnicas de educação. E a  ABD não só mostrou-se uma decisão feliz como superou as mais otimistas expectativas dos seus iniciadores. Não só é conhecida e profissionalmente respeitada no Brasil,  como é convidada especial a participar de todos os eventos internacionais da International Dyslexia Association — da qual é associada.


Na sua ação internacional, neste   mês de novembro p.p. , a ABD  realizou o II Congresso Luso Brasileiro de Dislexia, com a presença surpreendente de 950 profissionais de quase todo o Brasil e de Portugal . Entre os participantes estavam presentes representantes do Acre, Pernambuco, Brasília, Mato Grosso…



Na ocasião, falando como fundador da ABD, pedi permissão ao público, pois,  às vésperas dos meus noventa anos, sentia-me com a liberdade de aconselhar os mais jovens — a totalidade da plateia. Disse: “ a vida só faz sentido se é uma caminhada em que se lança sementes de bondade. Não importa quantas, nem onde , nem para quem, nem se vão frutificar. Lancem prodigamente sementes,  segundo sugeria a Bíblia — dando com uma mão mesmo que a outra não saiba. Isto é generosidade! Lancem tanta sementes de bondade quantas possam, só quem planta bondade pode colher felicidade”.


A história da ABD foi uma dessas semeaduras . Sementes foram  lançadas por muitos pais e profissionais com a mão direita sem que a esquerda soubesse. Foram  quarenta anos de gestos de generosidade, que ajudaram muitos disléxicos, seus pais e seus mestres por todos os meios possíveis, que tornaram os disléxicos em filhos adotivos da ABD. 


Esse Congresso deu-me  a oportunidade de agradecer aos profissionais dedicados à dislexia por terem ajudado os meus filhos e netos a superar os  “transtornos de aprendizado”. Tenho orgulho deles, como também dos que tornaram  a  ABD em uma referência internacional e fizeram conhecido o desafio dos disléxicos neste mundo competitivo. 


A ABD cumpriu  a sua missão de fazê-los   compreendidos pelos seus pais, professores e pela sociedade. Antes da ABD eles sentiam-se “ burros, depois dela eles são disléxicos “ — o que fez muito para a sua autoestima. A sociedade precisava  saber que os disléxicos também são filhos de Deus!


São Paulo, 25 de novembro de 2022.

Jorge Wilson Simeira Jacob


 A DISLEXIA.


A Dislexia era um verbete quase desconhecido há poucas décadas. Só tomei conhecimento da existência desta deficiência educacional quando fui confrontado com o diagnóstico de um filho. Até então as crianças que tinham dificuldades de aprendizado escolar eram classificadas como preguiçosas ou deficientes intelectuais — “burras”. Poucos eram os que conheciam uma  condição que levava as crianças a sofrer de um “ distúrbio de aprendizagem”.


Os sintomas mais comuns da dislexia ( em grego aversão à leitura ou discalculia, aos números ) é  a dificuldade de manter a atenção em um texto, trocar palavras, escrever espelhado, não memorizar o significado das palavras… e outras mais. Não há um padrão comportamental entre os disléxicos. Geralmente surge mais entre os meninos — até 17% da população — e bem menos nas meninas — 6 %, segundo estatísticas dos Estados Unidos. Admite-se que as proporções sejam iguais no Brasil.


Desafiado pelo problema de meu filho, sem ter a quem recorrer no Brasil, soube da existência da British Dislexia Association. Fiz contato e tornei-me  associado para ter acesso aos seus conhecimentos. Desta convivência ocorreu-me fundar no Brasil uma entidade filantrópica com os mesmos objetivos da Britânica : “ ajudar os disléxicos por todas as formas possíveis “.  Assim surgiu a ABD - Associação Brasileira de Dislexia.


Desde então a dislexia passou a fazer parte da minha vida. Ao defrontar-me com o problema senti enorme empatia pelos  pais e “adotei” os disléxicos como filhos. Fui feliz por ter tido pessoas que me sucederam na presidência da entidade e que a fizeram uma referência no mercado. Os seus diagnósticos são hoje aceitos até nos Estados Unidos, onde uma neta,  recebe ensino universitário diferenciado por ter sido atestada pela ABD como disléxica.


Sabe-se, hoje, que a dislexia não tem cura, pois não é uma doença. Ela é uma dificuldade acusada por uma construção cerebral diferente, que pode ser superada com um  processo diferenciado de ensino. Os disléxicos são geralmente muito inteligentes. Levando o vulgo à simplificar dizendo: “ se é burro…não é disléxico”.Esta condição dá aos disléxicos vantagens em áreas como a criatividade, raciocínios originais, que se mostraram na fama de respeitáveis disléxicos: Thomás Édson, Einstein, Walt Disney …



Tudo mostrava a oportunidade de criar uma entidade que se ombreasse com as existentes nos países mais adiantados nas técnicas de educação. E a  ABD não só mostrou-se uma decisão feliz como superou as mais otimistas expectativas dos seus iniciadores. Não só é conhecida e profissionalmente respeitado no Brasil,  como é convidada especial a participar de todos os eventos internacionais da American Dislexia Association — da qual é associada.


Na sua ação internacional, neste   mês de novembro p.p. , a ABD  realizou o ll Congresso Luso Brasileiro de Dislexia, com a presença surpreendente de 950 profissionais de quase todo o Brasil e de Portugal . Entre os participantes estavam presentes representantes do Acre, Pernambuco, Brasília, Mato Grosso… 



Na ocasião, falando como fundador da ABD, pedi permissão ao público, pois,  às vésperas dos meus noventa anos, sentia-me com a liberdade de aconselhar os mais jovens — a totalidade da plateia. Disse: “ a vida só faz sentido se é uma caminhada em que se lança sementes de bondade. Não importa quantas, nem onde , nem para quem, nem se vão frutificar. Lancem prodigamente sementes,  segundo sugeria a Bíblia — dando com uma mão mesmo que a outra não saiba. Isto é generosidade! Lancem tanta sementes de bondade quantas possam, só quem planta bondade pode colher felicidade”.


A história da ABD foi uma dessas semeaduras . Sementes foram  lançadas por muitos pais e profissionais com a mão direita sem que a esquerda soubesse. Foram  quarenta anos de gestos de generosidade, que ajudaram muitos disléxicos, seus pais e seus mestres por todos os meios possíveis, que tornaram os disléxicos em filhos adotivos da ABD. 


Esse Congresso deu-me  a oportunidade de agradecer aos profissionais dedicados à dislexia por terem ajudado os meus filhos e netos a superar os  “transtornos de aprendizado”. Tenho orgulho deles, como também tenho dos que tornaram a ABD em uma referência internacional e fizeram conhecido o desafio dos disléxicos neste mundo competitivo. 


A ABD, cumpriu  a sua missão de fazê-los   compreendidos pelos seus pais, professores e pela sociedade. Antes da ABD eles sentiam-se “ burros, depois dela eles são disléxicos “ — o que fez muito para a sua autoestima. A sociedade precisava  saber que os disléxicos também são filhos de Deus!


São Paulo, 25 de novembro de 2022.

Jorge Wilson Simeira Jacob



sexta-feira, 18 de novembro de 2022

 THE SECOND BEST.


Entre a teoria e a prática cabe o universo. A teoria trata do modelo ideal ( the best ). A prática, do possível. Em tratando-se da distribuição de rendas de uma economia , no  primeiro caso, em teoria todos deveriam ter uma parcela dos bens produzidos suficientes a atender ao menos às suas necessidades básicas. Na prática isto não acontece. Uns abocanham demais e muitos de menos. Aqueles regurgitam o excesso ingerido, estes sofrem as dores da fome. A sociedade vai do consumo extremado, conspícuo, à completa escassez, miséria.

 


É compreensível a racionalidade das  teorias econômicas que organizam a distribuição dos bens, como a economia de comando ( comunismo ) ou a de mercado ( livre iniciativa ). Já não o são os resultados práticos. Há muita miséria no mundo. Só um ser destituído do mínimo de humanidade pode ficar emocionalmente indiferente à má  sorte de qualquer membro da sociedade.


Na prática,  a economia de comando, onde o governo “ comanda” as forças produtivas , mais do que um fracasso, foi um desastre. Igualou quase todos  na pobreza, sendo o  “establishment” uma horrorosa exceção. Diferentemente são os resultados da livre iniciativa, que escreveu uma história de  sucesso.  Criou um núcleo de ricos e uma expressiva classe média. Mas, como tem na sua essência a competição, deixa,  nos estágios iniciais, na base da pirâmide um contingente à aguardo da oportunidade de ascensão econômica.


O desafio está em propiciar condições competitivas aos da base  da pirâmide, que não tiveram as mesmas oportunidades de partida. As deficiências de educação, alimentação, saúde e também a cultura do seu ambiente social , são entraves ( handicaps ) que devem merecer a atenção do poder público. Em uma sociedade que pretende viver em harmonia ninguém deve ser deixado para trás. O problema é de tempo.


Infelizmente é real o adágio popular “ de boas intenções está cheio o inferno”.  Muitas propostas governamentais ,com aparência de boas intenções,  sem se esquecer das más ( intenções) , tomam o caminho errado. Enchem o inferno. Elas, geralmente, não saem de enganosas  boas intenções. Poucas são as que não descuidam do básico que são os serviços públicos , que beneficiam a todos igualmente. Pois, todos dividimos os serviços públicos igualmente — o que provoca uma redução das taxas desigualdades.




 Uma  política saudável de redução da miséria, além da qualidade dos serviços públicos, deve  vir acompanhada da redução do custo do governo. A redução dos impostos revertem diretamente no bolso dos mais pobres. O imposto alto reduz a cesta básica dos miseráveis e ( talvez) reduz o tamanho da joia da madame. Impostos menores diretos e indiretos )  são benefícios  reais que não ofendem a dignidade individual como  os famosos programas de auxílio à pobreza.


Como a teoria está muito distante da prática, e o apelo eleiçoreiro é maior, os políticos optam pelos programas assistencialistas . Eles rendem votos. O Auxílio Brasil, evolução de programas anteriores,  é um deles. Coloca nas mãos dos beneficiados um valor a ser usado a seu critério - o que é a sua virtude, não é intervencionista. Respeita o direito do receptor de usar discricionariamente do seu dinheiro. Mas tem o inconveniente de afetar a autoestima e  desincentivar  a busca do mérito. Muitos tem vergonha de viver de mesada do governo. Ainda que muitos não acreditem, existe dignidade mesmo entre os miseráveis.


Como  entre a teoria e a prática existe um grande espaço, o “the best” parece um ideal irrealizável, que seria a redução do custo do governo e a melhoraria da  qualidade dos serviços públicos . Não sendo possível ,  nos resta  lutar pela  opção do “the second best ” — como um prêmio de consolação. O que seria  uma  proposta de transferir gastos da máquina governamental — onde sobram desperdícios e mordomias — e dar um Auxílio Brasil decente à classe inferiorizada. 


Um economista “ iluminado ” poderia sugerir, inspirado pelo “Espírito Santo”,  um “Novo Auxílio Brasil”. Seria a ampliação do atual programa de míseros 600 reais para o equivalente a um salário mínimo. Teriam direitos todos os assalariados e os desempregados. A origem dos recursos para custear o programa viria de cortes de valor equivalente nas verbas dos ministérios - inclusive com a eliminação dos ministérios de fantasia — a maioria.


Criterio importante, nesse Novo Auxílio Brasil seriam proibidos: 


  • Aumento de qualquer imposto ou taxas ;
  • Estourar o teto dos gastos públicos do orçamento ;
  • Aumentar a dívida pública.


A economia deverá reagir positivamente, pois haverá :

 - maior poder de consumo no mercado;

 - melhoria da produtividade, pois os assalariados do mínimo terão melhores ganhos, sem onerar o empregador ;

 - e corte  dos desperdícios pela burocracia , que terá o incentivo para poder pleitear aumentos dos seus salários e das contratações .


Como não existe milagre  na Economia ( no free lunch ) as contas seriam pagas  — não mais pelos que produzem e investem — mas pelo establishment,  os privilegiados da nação. Não resta dúvidas de que este não é o programa ideal, mas seria um  razoável  “second best” para aliviar a miséria .


São Paulo, 29 de setembro de 2.022.






sexta-feira, 11 de novembro de 2022

 UMA LIÇÃO DE HISTÓRIA.


A história não só atende à nossa curiosidade, mas  sobretudo nos dá elementos para o entendimento do enredo  que vivemos. Ela joga luz sobre os nossos desafios. Edmund Burke foi muito feliz ao sintetizar a importância do conhecimento da história, pois, como disse ele: - “ quem não a conhece está fadado a repetí-la”. Uma destas que não queremos ver repetida é  a Guerra de Secessão dos Estados Unidos da América. 



Durante a década de 1850, os Estados Unidos possuíam uma clara divisão entre os estados do Sul e do Norte com relação às suas características distintas, assim como interesses econômicos e políticos divergentes. É importante considerar que havia ainda similaridades entre os dois lados, mas, naquele momento, as diferenças existentes pesavam mais do que as semelhanças.


O Norte dos Estados Unidos era caracterizado pelo seu desenvolvimento manufatureiro, com a existência de pequenas propriedades agrícolas, nas quais havia predominância do trabalho livre assalariado — uma cultura capitalista. O Sul, por outro lado, caracterizava-se pelo sistema de plantation, ou seja, a grande propriedade com a monocultura baseada no trabalho escravo africano — uma cultura socialista.


A divergência existente entre os dois lados, nesse momento, envolvia a questão da expansão do trabalho escravo para regiões que estavam sendo conquistadas pelos Estados Unidos. O Norte defendia que nos novos territórios deveria ser decretada a proibição do uso da escravidão, enquanto que o Sul defendia a extensão da escravidão para os novos territórios.


Entre as identidades entre as regiões estava o uso de uma  mesma língua, a colonização predominantemente europeia , a religião cristã e o culto da liberdade individual. Essas condições, porém, não foram suficientes para sufocar as ameaças de uma transição política. A eleição de Abraham Lincoln, um republicano do norte, foi vista como uma ameaça aos interesses do sul. O país foi dividido, no Norte uma mentalidade capitalista e ao Sul, escravagista. Os resultados dessa eleição criou grande descontentamento no Sul, que se rebelou.


Liderados pela Carolina do Norte, sete estados sulistas, declararam a secessão da União, o que levou à uma guerra civil. O resultado foram seiscentos mil mortos e quatrocentos mil feridos até a rendição final das tropas dos Confederados. A guerra  terminou com a rendição do General Lee, na famosa batalha de Gettysburg.


Este capítulo trágico,  da história dos Estados Unidos da América,  deve ser rememorada em  momento semelhante ao que vivenciamos no Brasil. Em que, como lá, saímos de uma eleição com o país dividido, radicalmente , entre o Norte/Nordeste e o Sul/ Sudeste. Como lá temos semelhanças a nos identificar. Também fomos colônia europeia, falamos uma única língua, somos um país cristão e temos a nossa história. Mas também temos o choque de uma cultura capitalista, no Sul/Sudeste , e  com uma socialista no Norte/Nordeste e uma eleição que dividiu as famílias, amigos e a sociedade.


O clima estaria perfeito para um movimento separatista Norte e Sul, a exemplo dos EUA. Só não deverá acontecer devido à unidade das Forças Armadas — que não era o caso dos EUA. A unidade das nossas FFAA e a unanimidade do respeito que merecem da opinião pública,  é o fator tranquilizador . A nossa FFAA  é a única autoridade respeitada de Norte a Sul.


 É dessa autoridade que dependemos para preservar pacificamente a unidade da pátria. Enquanto as FFAA estiverem coesas e submissas à Constituição, e não tivermos como na Venezuela e Cuba um poder paralelo — as Guardas Nacionais — não corremos o risco de uma guerra civil. Enquanto as FFAA não forem corrompidas e/ou enfraquecidas como nos países socialistas, as nossas divergências serão  resolvidas  pelas  eleições e não pelas armas. 


São Paulo, 08 de novembro de 2022.

Jorge Wilson Simeira Jacob


sábado, 5 de novembro de 2022

 A MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES.



 Lavoisier , na física, decantou a lei de  que “neste mundo nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Por simplificação , influenciados por esta lei, muitos  acreditam poder adaptar esta ideia  à economia, onde  nada se criaria , mas tudo se dividiria. O que induz à falácia de que  se alguém  apropria-se  de uma fatia maior de um bolo o faz em prejuízo de outro. 


Seria o resultado de um jogo de  soma zero. Sendo, pois, a pobreza resultado de  uma distribuição injusta. Os ricos estariam sendo privilegiados , segundo essa visão,  por  conseguirem as  maiores fatias. Sendo assim deveriam ser  condenáveis sob o aspecto moral. Estariam apropriando-se  ilegitimamente de parte do que deveria ser  dos desprivilegiados.


A verdade, porém, é outra. A atividade econômica cria valores. Uma tela e um pincel nas mãos do Picasso fazem o produto final valer mais do que a soma das partes. Uma  semente plantada e cuidada  resulta em mais valia na colheita. Consequentemente mais  valor a ser distribuído. Como também destrói valores. Uma invasão do MST, que depreda fazendas reduz o valor do patrimônio nacional.


A  desigualdade das condições econômicas dos cidadãos deve-se aos critérios de distribuição. No regime capitalista as  porções são distribuídas em relação à criação de valores — os que geram riqueza apropriam-se dos resultados. É um estímulo à criação e investimento. O que resulta em  enriquecimento pessoal e do todo.



No socialismo, em tese, as colheitas seriam distribuídas em quantidades iguais. Se as colheitas forem abundantes, todos terão uma parcela satisfatória da colheita. Se não forem, todos serão apenados. A igualdade de resultados  independe da contribuição pessoal, o que  desestimula  a criação de riqueza. Empobrece o indivíduo e, pela somatória,  o todo. O que  se comprovou desastroso na prática.


A pobreza sob todos os aspectos é inconveniente: socialmente é perigosa por gerar conflitos e moralmente, por ser desumana.  Devemos, portanto, combatê-la. Temos duas variáveis para enfrentar o desafio: aumentar o todo e melhorar a qualidade da sua distribuição. 

Como não há como melhorar as fatias de um bolo insuficiente para satisfazer o todo, temos que aumentar o seu tamanho.  Por maior que sejam as fatias de um o bolo  pequeno, não atenderá a todos. Distribuir pobreza não gera riqueza.


No Brasil,  o PIB per capita  está estagnado há décadas.  Mas a pobreza cresce. Ela cresce na exata proporção que aumenta o   custo da máquina governamental. Como esta  abocanha cada vez mais do PIB bruto,  diminui o  PIB líquido  ( PIB per capita bruto menos o custo per capita do custeio do governo ) ,  consequência é o aumento da pobreza .


 Portanto as propostas de redução da  pobreza só com base na redistribuição é uma miragem. Só por milagre, os socialistas conseguiriam reduzir a pobreza sem melhorar o PIB líquido per capita. A distribuição da riqueza tem o seu limite no seu tamanho. Há, pois, que incentivar a criação de riqueza líquida per capita, aumentando a produtividade e reduzindo os gastos do governo.


No Sermão da Montanha, segundo a Bíblia, Jesus multiplicou os pães e os peixes para alimentar a multidão que o ouvia. Moisés, no deserto, fazia chover o Maná para dar de comer aos que o seguiam. Foram ações socialistas bem sucedidas, não com base na realidade, mas no milagre. Os que tiverem fé em  novos profetas, que apostem no fim da miséria pelos  milagres da multiplicação dos pães e das chuvas de Manás.



São Paulo, 02 de novembro de 2022.

Jorge Wilson Simeira Jacob.