sábado, 23 de novembro de 2024

A Velhice




A velhice é tratada como lixo que se esconde embaixo do tapete. Gostamos de discutir a infância e a juventude, mas tentamos ignorar o envelhecimento . No entanto ele existe e estará cada vez mais fazendo parte das nossas vidas. Basta atentar para as cadentes taxas de natalidade e o aumento médio de vida que estamos assistindo. O mundo será de velhos no futuro.


Os velhos são um peso morto. Não produzem e consomem muito da renda familiar. Como a maioria dos velhos é pobre e não tem uma aposentadoria suficiente para lhes garantir uma independência, eles dependem dos familiares para sobreviver. Mas nem só de pão carece o idoso. Eles precisam de atenção e carinho. 


Ao longo da história, não foram poucas as sociedades que matavam os velhos. Outras tantas os empurram para asilos que são como depósitos de coisas inúteis. Poucos idosos nestas instituições tinham o privilégio de receber visitas de familiares e amigos. Os velhos não tem futuro, ao contrário das crianças. Deles não existe a perspectiva de retorno. Só se cuida dos velhos por caridade. É um ônus cujo único bônus é o amor.



Simone De Beauvoir, nada menos do que a famosa companheira do filósofo Jean Paul Sartre, dedicou-se a estudar a velhice. Resultou deste interesse o livro A Velhice ( Amazon, Editora Nova Fronteira, 608 pg, $129,90 ). Ainda que escrito há cinco décadas passadas, o tema não perdeu atualidade, ao contrário ganha importância diante das perspectivas da humanidade.


O texto aborda com amplitude os desafios dos idosos: a situação econômica, a decadência física e mental, a solidão, a perda de apetite. Sim, o envelhecimento é um processo de perda dos interesses. Poucas são as atividades que os entusiasmam. Não só o ânimo se abate como as perdas de condições físicas e mentais tolhem o seu interesse. Poucos são aqueles, que acima dos oitenta anos estão inteiros,  uma idade que tende a ser atingida por muitos. E raros são os que terão o privilégio do amparo familiar. 


Geralmente o velho é um estorvo. Os descendentes casados geralmente não encontram nos seus parceiros a empatia com os seus progenitores. Colocá-los em asilos e casas de velhos, um mal menor  do que o puro abandono, é uma solução conveniente. E muitos idosos, por solidão e/ou amor próprio,  conforme o  texto, suicidam-se. Tal é a sua pouca importância que este final trágico, expressivo segundo as estatísticas, não merece a devida divulgação.


O livro merece ser lido. Trata-se de um texto sério e muito bem fundamentado. E o tema é atual. Merece atenção, pois o adulto de hoje será idoso amanhã. É bom saber o que os espera. Preparar-se para o novo mundo, que está sendo criado com a revolução tecnológica é sensato. Com  a Inteligência Artificial,  que ameaça ser a maior de todas as revoluções enfrentadas pela humanidade,  estamos diante de um fato  desconhecido, ao qual o velho não se adaptará.


Estamos caminhando para uma nova era. A nova  tecnologia, da qual não temos a real dimensão dos seus efeitos, promete revolucionar as nossas vidas. A esperança é de   que , como as anteriores, traga melhoria  nas condições de vida do ser humano. Nem os experts tem noção dos desdobramentos que virão. Há até os que temem a máquina sair do controle e por fim à humanidade. Outros apostam  que na média ela faça a vida mais humana, menos animal. O preocupante, porém,  é a situação dos que ficarão abaixo da média... e entre estes certamente a maioria será de  idosos. 


Só os que estão dormindo ou perderam  o juízo podem esperar que o amanhã será como ontem. É prudente estar preparado, pois poderá até ser melhor.


São Paulo, 17 de julho de 2024.

Jorge Wilson Simeira Jacob










sábado, 16 de novembro de 2024

 



Uma oportunidade perdida.


O general Paulo Chagas, ex candidato a governador de Brasília, um patriota acima de qualquer suspeita, como bom cidadão assiste com apreensão o avanço das ideias socialistas neste país. 


O texto dele, que reproduzo abaixo por considerar uma oportuna crítica à reforma tributária, é impecável. 


Realmente os burocratas que elaboraram a proposta da reforma, diante da encomenda de desenhar um cavalo, de tanto complicar, pintaram um camelo. Disse bem o general Paulo: a emenda saiu pior do que o soneto. Aquilo que reconhecidamente é ruim, vai ficar pior.


Roberto Campos, a maior inteligência e cultura de toda a história do Brasil, entre as suas sábias sentenças, dizia com a sua conhecida verve de que  “ o Brasil não perde uma única oportunidade de perder uma oportunidade” .  E esta reforma tributária é uma delas.


Diante do unânime consenso do desastre que é o atual  sistema tributário e da necessidade de uma nova formatação; diante do clima político e social favorável à mudança, com o “camelo” que vamos adotar estamos  desperdiçando uma grande oportunidade.



Essa preocupação está bem exposta no feliz  texto do General Paulo Chagas, a seguir. Ao qual nada há a acrescentar: 




“A REFORMA TRIBUTÁRIA DO GOVERNO LULA


Sobre a proposta de REFORMA TRIBUTÁRIA DO GOVERNO LULA, em rápida consulta a quem sabe, aprendi que é uma "emenda pior do que o soneto". 


Partindo do princípio de que para complicar, basta esforço e que, para simplificar, é necessário lucidez, algo ausente no DNA dos burocratas, a implantação dessa reforma é uma loucura capaz de "transformar cavalo em camelo". 


Aprendi que aprová-la é um erro grave, pois concentra mais poder em Brasília, tem alto custo fiscal e propõe uma alíquota de valor agregado superior a 27,5%. Além das incertezas inerentes às circunstâncias, é mais um passo em direção ao completo controle do país, tornando estados e municípios dependentes da União, que centraliza a arrecadação, sepultando de vez o princípio da subsidiariedade. 


Independente de ser uma proposta visceralmente socialista, o que por si só já é motivo de desconfiança, não é bom que seja aprovada. É anti-liberal, concentradora e um convite ao perfil corrupto dos que se alimentam e enriquecem nas tetas da nação. 


É o que basta para que não seja aprovada de afogadilho ou na calada da noite, como sói acontecer”.


São Paulo,31 de outubro de 2024.

Jorge Wilson Simeira Jacob