sábado, 12 de outubro de 2024

 A lei da oferta e da procura


           Nova York tem uma lei contra extorsão, segundo a qual as empresas estão proibidas de cobrar “preços exorbitantes inescrupulosos" durante distúrbios anormais de mercado. Depois de um embate, houve um acordo pra que a Uber limitasse o preço dinâmico. Além disso, a empresa se ofereceu pra doar 20% de suas rendas adicionais durante esses períodos para a Cruz Vermelha Americana – claramente tentando limpar sua barra. 


             Luciana Seabra, Cartas Sem Amarras




Quem lê o período acima,  aprovando a ideia , desconhece a função do preço na economia de mercado , não tem conhecimento  e por isto deve considerar adequada e mesmo racional essa lei nova-iorquina. No entanto, ainda que bem intencionada,  ela presta um desserviço ao mercado — aos consumidores e fornecedores. Ao interferir na liberdade de determinação de preços, o governo impede o equilíbrio entre procura e oferta, tirando o dinamismo do mercado.


A empresa Uber ou qualquer outra ao ajustar os seus preços à demanda força o  ajuste entre oferta e procura. Quando os preços estão mais baixos,  devido à pouca demanda, mais consumidores tendem a usar o serviço não deixando ociosa a frota de veículos. Ao contrário, quando os preços estão mais altos os usuários tendem a se adaptar buscando outros meios de transporte ou outro horário mais econômico.


A economia funciona melhor em ponto de equilíbrio. Se as empresas não conseguem melhorar o seu ganho nos momentos de pico, não poderão, sem risco de quebrar,  operar preços mais baixos em momentos de pouca demanda.O resultado da média é o ideal.



Milton Friedman, no seu livro  A liberdade de Escolher, foi muito didático ao explicar a função do preço na economia. Mostrou que mais do que simplesmente estabelecer   o valor de um  bem ou serviço, o preço é o único sinalizador capaz de com simplicidade transmitir a infinidade de informações do mercado para orientar os produtores e consumidores .  Nenhuma mente humana é capaz de dominar todas as variáveis de itens que compõem o preço de um produto. 


A economia , como a natureza, se deixadas sem interferência externas ao mercado, sempre tendem ao equilíbrio entre a oferta e a procura, fazendo que nem faltem bens e serviços e nem sobrem . O ideal para todos é que não faltem os produtos que deseja e nem sobrem nos estoques dos produtores. O que gera em uns  frustração e nos outros prejuízos.


Sob um ponto de vista “ estático ” , que olha o fato como uma fotografia, nada mais natural do que censurar o oportunismo dos fornecedores de bens e serviços ao aumentar os preços em momentos de aumento da demanda.  Ainda que nenhum destes críticos pagaria os mesmos preços em momentos de baixa demanda quando sobram ofertas. Acreditam eles ser justo não pagar mais quando há escassez, mas não pagariam mais em situações  de crise de mercado.


Já olhando com uma visão “dinâmica” , como assistindo a  um filme, é  do interesse da economia que os   agentes econômicos ajustem  os preços de acordo com a demanda. Preços mais baixos, quando a demanda cai, estimulam o consumo e alertam os produtores a reduzir a oferta — reequilibrando o mercado. Tanto o excesso de produção sem consumo, como a procura sem a devida oferta são desperdícios econômicos.


Quando os preços sobem, os consumidores, por racionalidade,  mudam de comportamento substituindo o produto ou racionando o seu uso. E os fornecedores, diante de melhor remuneração, aumentam a oferta. Muitas vezes tornando viável o uso de insumos antes considerados elevados diante do valor final do produto acabado. 


A lei contra extorsão nova-iorquina é um tiro no pé. Prejudica o dinamismo do mercado. Equivale à pretendida lei de um  genial deputado que, inconformado com a inflação de preços,  propôs aos seus pares  uma lei  revogando a  lei da oferta e da procura.


 Haja ignorância!


São Paulo, 03 de julho de 2024.

Jorge Wilson Simeira Jacob


domingo, 6 de outubro de 2024

 Democracia, o Deus que falhou.


A democracia  como regime político existiu na Grécia antiga, mas como uma aristocracia. A república  democrática , com voto universal, foi adotada há dois séculos, com a Constituição americana após o fim da colonização inglesa. Até a primeira guerra mundial de 1914 existiam apenas três repúblicas na Europa: França, Suíça e Portugal. Até então predominavam as monarquias.



Até 1914, Ao término da primeira guerra mundial, vencida com a importante participação dos Estados Unidos da América, este o único país a não sair falido na guerra, as monarquias cederam lugar a democracias. Foi o fim do Império Otomano , Austro-húngaro e da queda da monarquia russa. Portanto, exceptuado o histórica da experiência democrática popular nos Estados Unidos, este regime foi exercitado tão somente há um século. O que, como experiência histórica,  é uma vida curta, ainda  que o comunismo tivesse conseguido  comprovar a sua inviabilidade em apenas setenta anos. Isto devido ao fato de que uma experiência que violenta a natureza humana precipita os resultados.


A democracia veio como alternativa à monarquia. O governo, nos primórdios da experiência democrática, custa à nação cinco por cento do produto interno bruto ( PIB)— sendo dois e meio por cento para as despesas com a defesa nacional e o restante para sustentar a máquina governamental. Hoje, o governo dos  Estados Unidos apodera-se de quarenta por cento do PIB. Sem isto significar que os princípios da Constituição do país — vida, propriedade e liberdade. estejam melhor assegurados.


Ninguém mata mais americanos do que as suas guerras de conquista; ninguém saqueia mais o direito de propriedade do que os seus impostos e tributos; ninguém restringe mais a liberdade do cidadão americano do que as milhões de leis e regras impostas pelo governo. A democracia , aqui tomada como exemplo por sua temporalidade e importância, está se encaminhando para a obsolescência. Esta é o leit motife do texto do livro : Democracia, o Deus que falhou.


Este livro  explica que  “a democracia é uma máquina de destruição de riqueza, de desperdício econômico e de empobrecimento; e ele a identifica como uma causa sistemática de corrupção moral e degeneração. Em suma: a democracia é mostrada como

uma forma “branda” – e especialmente insidiosa – de comunismo”.


 Ao mesmo tempo, este livro apresenta “uma rigorosa defesa da instituição da propriedade privada, demonstrando que ela é uma condição necessária para a paz e a prosperidade duradoura”.


Hans-Hermann Hoppe, autor do Democracia: o Deus que falhou, texto que está disponível a ser baixado gratuitamente no site do Instituto rothbard ( https://rothbardbrasil.com ) ou na Amazon, $67,90, 372 pág. é uma bem fundamentada crítica ao regime democrático. O texto, muito erudito, faz repensar as nossas verdades. Estamos tão impregnados pelas louvações a este regime que perdemos o senso crítico. E o autor, ainda que não se concorde com ele, deve ser ouvido por todos os que aceitam repensar as suas verdades. 


Ele tem o que dizer e o faz com competência. Á abandonada monarquia, Hoppe, atribui o mérito de ser um regime em que o monarca absolutista , administra como proprietário privada o seu território, cuidando  da sua melhoria e expansão . Já a democracia é administrada como uma propriedade pública, pois os governos são transitórios,  só cuidando do imediato desconsiderando a importância das ações de longo prazo.


Deve ser entendido não ser este livro uma defesa da monarquia. Na verdade, é uma defesa ao esvaziamento dos estados – tanto os monárquicos quanto os democráticos – e a

sua sucessiva substituição por uma sociedade de leis privadas, por uma“ordem natural”. 


São Paulo, 11 de agosto de 2024.

Jorge Wilson Simeira Jacob