A jornada da humanidade.
A humanidade vem prosperando desde o seu surgimento na África há milhares de anos, mas muito lentamente. Só há duzentos anos atrás abandonamos o estado de estagnação econômica. Seguia-se, até então , a prescrição malthusiana de que à cada evolução da produção de alimentos seguia-se um crescimento populacional que inviabiliza o ganho per capita da população. O que Malthus classificou como a armadilha da pobreza.
À cada revolução tecnológica que melhorava a produtividade se seguia um aumento populacional que anulava este ganho. Só durante a Revolução Industrial com a liberação da mão de obra infantil para o estudo e o decréscimo da fecundidade houve o enriquecimento da população, mas mantendo desigualdade entre pessoas e regiões.
Foi há duzentos anos com a Revolução Industrial que a ideia da especialização no trabalho de Adam Smith dá início a um enriquecimento de algumas regiões do mundo. O porquê do progresso e a razão de umas regiões beneficiaram-se mais do que as outras é motivo do livro de Oded Galor ( Ed. Intrinsica, Amazon $39,25 , 339 pág) A jornada da humanidade.
Oded Galor é um economista israelense-americano nascido em 1953. Professor de economia na Brown University. Recebeu o título de Doutor Honório Causa da UC Louvain e da Poznán University of Economics & Business, entre outras participações. É considerado o criador da teoria unificada do crescimento econômico. Também é co-diretor do National Bureau of Economic Research sobre Distribuição de Renda e Macroeconomia. Escreve no Journal of Economic Growth e no Journal of Population Economics e Macroeconomic Dinamics. Não lhe faltando títulos para recomendar ser lido no seu livro A jornada da humanidade, aqui resenhado.
O texto, sem as sofisticações do economês, corre em uma leitura muito acessível. Vai desde o início da humanidade até os dias atuais. A exposição é bastante didática e lógica. A humanidade superou nos últimos duzentos anos a estagnação quando melhorou a produtividade permitindo transferir trabalhadores das atividades da agricultura e do trabalho braçal repetitivo para outras nas cidades que propiciavam salários mais elevados.
Odeb, o autor, não é simplista na sua formulação de uma explicação para o desenvolvimento. Ele atenta para diversos fatores que determinam o desenvolvimento : a educação, a religião , as condições geográficas e o conúbio entre a diversidade cultural e a coerção social. É categórico em acentuar serem de grande peso no processo o fator cultural. Principalmente o fator institucional . Bons fundamentos institucionais são bases para o desenvolvimento e a distribuição de renda.
A desigualdade é motivo de especulação do texto. As sociedades que tem na cultura uma visão de futuro conseguem investir no longo prazo e distanciar-se do subdesenvolvimento. Assim como as mais abertas são as mais favorecidas pelas inovações, que liberam as proles para o estudo e consequentemente outro patamar de renda. Entretanto, como as revoluções tecnológicas podem surgir com possível rapidez o mesmo não acontece com a cultura, que muda lentamente e pode inviabilizar o desenvolvimento.
As populações mais numerosas propiciam maiores oportunidades para o surgimento de novas ideias. Elas não só tem mais cabeças pensando como oferecem tamanho de mercado ( massa crítica ) para remunerar as inovações. Vale a pena sublinhar a indicação do autor da importância de enfrentar o conflito entre a diversidade cultural e a coesão social — desafio não resolvido no Brasil.
Esta é uma leitura oportuna para quem não quer ficar na superficialidade ao analisar as causas do nosso subdesenvolvimento e má distribuição de renda. Boa leitura.
São Paulo, 14 de junho de 2024.
Jorge Wilson Simeira Jacob
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