sexta-feira, 14 de outubro de 2022

 A SEDUÇÃO.



Reconhecidamente a Natureza é sábia. Não por menos ela tem como primeira  prioridade  a espécie e não o individuo. Para assegurar  sobrevivência  da espécie, ela  dota os indivíduos de uma série de mecanismos. Um desses recursos é a propensão natural do macho de distribuir os seus espermas  em tantas oportunidades quanto possíveis, sem escrúpulos moralistas. 


Em uma divisão de tarefas, cabe ao macho a preservação da espécie e  às fêmeas, a sobrevivência do indivíduo.Ele cuida da floresta e ela das suas árvores . A monogamia é uma prática socialmente construída, que só começou a ser praticada com o avanço da civilização. Os  selvagens, no estado primitivo, mantêm a “família” formada de um macho e diversas fêmeas.


Mas não para por aí a ação da Natureza. Ela dota todos os indivíduos  com talentos e habilidades para assegurar a sobrevivência da espécie. Destas característica a primeira a despontar, já na primeira idade,  é a capacidade de seduzir. Um recém nascido exerce esse poder ao sorrir, acariciar e mesmo chorar para conquistar as atenções. 


Todos nascemos tendentes a sermos sedutores para atingir os nossos objetivos. Entretanto, nem todos têm o mesmo poder sedutor. Em alguns isto é expontâneo, natural. Em outros, os menos dotados, é complementado com uma ação forçada, artificial.


Há os  que seduzem sem fazer o menor esforço. Nascem, eles e elas, conquistadores. Tem os gestos, as posições e as palavras adequadas a cada momento e a cada circundante. Não perdem uma ocasião de conquista e não usam nem uma palavra ou nenhum gesto inoportuno. Eles têm um “ termômetro “ que mede a empatia que lhes dá a  medida da oportunidade.


Os resultados positivos reforçam o impulso sedutor natural. Resultando daí no desenvolvimento de uma sensibilidade para apreender a psicologia dos seus interlocutores e a forma de melhor conquista-los. Essa prática acaba se incorporando na sua maneira de ser e é tão constante que se torna um reflexo condicionado. Seduzir torna-se uma segunda natureza. Seduzem por seduzir, mesmo quando não tenham nenhum interesse à vista. 





Já nos menos dotados de talento a tendência é aumentar os artificialismos. Tornam-se sedutores baratos. Aqueles que, por macaquice ou por interesse, forçam situações para obter atenção. Este é um truque que não resiste ao uso. É uma espada  que perde o fio. Um elogio insincero , desonesto, quando percebido, provoca a ira nas pessoas. A bajulação é um tiro que sai pela culatra! 


Não é, pois,  inteligente a falsidade, por ser desonesta, de alto risco e desnecessária. Desnecessário por terem todas  as pessoas, sem exceção, algo a ser elogiado. Umas tem olhos bonitos, uma pele de bebê, as mãos delicadas, uma inteligência brilhante …ou gestos cativantes. Não é necessário para a sedução fugir daquelas condições que os elogiados reconhecem. 


Não há, portanto, razão para o risco de um comentário descomprometido com a realidade. Risco desnecessário corre o presunçoso que desconsidera a oportunidade e, intrometido, esbanja sem mais essa ou aquela “cantadas “ gratuitas - fora da  hora e vez.


Nenhuma tentativa de sedução pode prescindir da quebra do formalismo dos primeiros encontros.  O “ quebra-gelo “ é o primeiro passo para a sedução. Nisto alguns são exímios. Instintivamente nunca iniciam uma negociação ou uma tentativa de conquista amorosa sem um preâmbulo descompromissado. Ou é o futebol ou o clima…ou o que quer que seja que permita tomar o pulso do interlocutor. Só depois, quando certa intimidade foi conseguida, é que chega o momento de avançar. E avançam cautelosamente.


Evidentemente, as pessoas espirituosas, que são capazes de observações de bom humor, capazes de fazer rir, têm uma vantagem enorme no mundo da sedução. Algumas pessoas têm sempre na ponta da língua uma piada ou uma notícia de última hora para o “ quebra-gelo”. Este é o momento de olhar no fundo dos olhos e tentar entender as idiossincrasias do parceiro. Entrar em uma conquista, sem ter um  mínimo de conhecimento do “adversário “ é como andar no escuro. O “ quebra-gelo “ é um facho de luz a guiar na escuridão.


Um caso muito conhecido de fracasso, por falta de conhecer no íntimo o objeto de uma conquista,  é o  de um bilionário americano, celibatário. Recusava todas as pretendentes. Nunca interessou-se por vincular-se a nenhuma das candidatas. E as havia bonitas, jovens, cultas e cobiçadas. Mas ele mantinha a sua condição de solteiro. Até que casou-se com uma viúva, sem nenhuma atração física ou intelectual - também milionária. 


As más línguas diziam que era um casamento, não de almas e corpos, mas de fortunas. As candidatas  rejeitadas questionavam a razão de terem sido preteridas, sendo algumas, além de mais jovens, herdeiras de milhões, perguntavam:- Seria a viúva uma sedutora sexual? Sabiam que não.  Elas tinham usado destes recursos, sem resultado. A resposta foi dada por um íntimo do dito cujo, que disse: - o êxito dessa sedução foi o fato da viúva ser um mulher sem interesse sexual e ele também. Assim a sedução aconteceu por juntar “um sem fome com uma sem vontade de comer”.


São Paulo, 02 de agosto de 2022.

Jorge Wilson Simeira Jacob











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