segunda-feira, 16 de novembro de 2020

 






                                                  

 O Milagre Do Zé Ninguém.


Nos seus quase 120 anos nenhum brasileiro foi à Suécia receber um Prêmio Nobel. Já os Estados Unidos lideram disparados o ranking com 369 agraciados. Porém, considerando o quociente de realização ( população versus premiados ) o destaque vai para os judeus. O Brasil com uma maiores populações do mundo ( ⅔ dos Estados Unidos ) , uma expressiva e próspera comunidade judaica, perde  até para os minúsculos Portugal e Chile, com dois premiados cada um. O Prêmio Nobel tem um significado simbólico, é um parâmetro do nível de desenvolvimento intelectual de uma sociedade. Nós não vencemos nem ao menos o Nobel da Paz. E nem o reconhecido talento judeu destacou-se no meio da nossa cultura. Há algo estranho por aqui!


As razões não são fáceis de serem explicadas. Mas algumas especulações podem  colocar um pouco de luz nas causas deste fraco desempenho. A primeira delas é o nível de escolaridade americana(1), que culmina com as suas 2.618 universidades, muitas delas  entre as melhores do mundo. As suas bolsas de estudos atraem uma elite internacional de estudantes, que formam um celeiro de talento para todas as atividades intelectuais e empresariais. Outro aspecto é a cultura da competição e da responsabilidade. Não só os alunos e os professores competem, mas as próprias universidades. Estas procuram ter os melhores esportistas, artistas, professores para angariar prestígio e com isto os melhores alunos - um círculo virtuoso, que premia o mérito. Importante - o bom curriculum é condição básica de êxito na vida e poder de pagar o ensino, se financiado (2).O ensino superior gratuito não arde no bolso da família e acaba não sendo valorizado. Pode ser elogiável, mas compromete os resultados.



Nem tudo porém é negativo. Não somos inferiores, o que nos aniquila desde a base  é o complexo de vira-latas (3) ,fruto de um protecionista que limita à competição e a responsabilidade. Os nossos homens públicos insistem em incutir no cidadão comum um sentimento de inferioridade. Há um excesso de soberba ao pretender tutelar a sociedade e até a dar aulas de finanças ao cidadão comum - o que nos humilha e apequena a nossa  autoestima. Se, ao contrário, eles trocassem a arrogância por uma dose de modéstia, mostrando respeito pela competência dos que sobrevivem com um salário mínimo (4) e aprendessem com eles como se administra o dinheiro, poderíamos  dar ao Brasil o Nobel de Economia com a tese - O Milagre do Zé Ninguém.



(1) O brasileiro lê, em média, 2 livros completos por ano. Os Argentinos e uruguaios leem 4 livros por ano. Chilenos e Norte americanos estão na casa dos 5 livros, em média, por ano.

(2)  As universidades americanas financiam os estudantes e oferecem gratuitamente bolsas de estudos para os talentosos. A disputa é tão intensa que chegam a enviar convites aos bem dotados  para visitar a escola com todas as despesas pagas - inclusive transporte aéreo. Este foi o caso de uma neta que ganhou uma bolsa da Universidade de Los Angeles, que escolheu depois de ter sido abordada pelas concorrentes. 

(3) - Por "complexo de vira-lata" entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. O brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem. Eis a verdade: não encontramos pretextos pessoais ou históricos para a autoestima.

Nelson Rodrigues 

(4) - Os que tratam o Zés Ninguém como incapazes  teriam legitimidade se conseguissem viver com o salário deles. Eles sim tem o que ensinar.



As Minhas Reflexões 

Jorge Wilson Simeira Jacob

11 novembro de 2020




Nenhum comentário:

Postar um comentário